Depois de anos, servidores de vários segmentos confluem para a greve
Servidores de
todo o país marcharão nesta terça-feira (5) na Esplanada dos
Ministérios para protestar contra o descaso do governo em relação à
pauta unificada apresentada pelo Fórum das Entidades Nacionais em
Luta, que representa 32 entidades. Depois da Marcha haverá uma
plenária ampliada dos servidores para votar a greve geral dos
servidores a partir de 11 de junho. “Será a primeira vez, depois de
muito tempo, que há a perspectiva de realização de uma greve conjunta
dos servidores”, atestou a presidente do ANDFES-SN, Marina Barbosa, em
entrevista concedida na tarde desta segunda-feira (4) à imprensa.
“Pela primeira
vez, desde 2003, está se desenhando a realização de uma greve
unificada e por tempo indeterminados dos servidores públicos
federais”, confirmou o dirigente da CSP-Coluntas na entrevista, Paulo
Barela.
Na conversa com a
imprensa, Marina explicou que desde a posse do presidente Lula o
governo tem feito a estratégia de dividir os servidores, concedendo
reajustes diferenciados para as categorias. Desrespeitando, assim, o
princípio constitucional de concessão de reajustes salariais anuais.
Criando, com isso, divisões internas e distorções no conjunto das
carreiras.
Esta estratégia
governista tem sido boa para os cofres da União, já que os gastos do
governo com servidores, proporcionalmente ao PIB (Produto Interno
Bruto) e ao volume de recursos arrecadados, estão sendo menores nos
governos petistas do que àqueles realizados pelo governo FHC.
“Um exemplo claro
é o que aconteceu entre 2010 e 2011. A estratégia foi conceder
“abonos” para algumas categorias específicas, o que representou um
impacto inferior a R$ 2 bilhões no orçamento, muitas vezes inferior ao
valor que deveria aplicar apenas para repor as perdas inflacionárias
de todos, isto é, retira salário real do bolso dos servidores em
grande monte e ainda faz discurso de que negociou correções,”,
explicou, na entrevista, o 1º vice-presidente do ANDES-SN, Luiz
Henrique Schuch.
Reivindicações
A pauta de
reivindicação inclui sete eixos, entre os quais o reajuste de 22,08%
(referente à inflação e variação do PIB desde 2010), em conjunto com
uma política salarial permanente, com reposição inflacionária,
valorização do salário-base e incorporação das gratificações. Os
servidores também pedem a implementação de negociação coletiva no
setor público, com definição de data-base e o cumprimento, por parte
do governo, dos acordos firmados e não cumpridos.
Além disso, os
servidores vêm enfrentando a precarização das condições de trabalho e
ataques aos direitos básicos, como a recente privatização da
previdência, com a criação da Funpresp.
Como o governo
insiste na concessão de reajustes diferenciados, o Fórum de entidades
propôs uma nova composição do índice de reposição. Defendem, agora,
que o percentual referente à inflação seja para todos os servidores,
deixando a variação do PIB para as negociações sobre as distorções
salariais. Na reunião realizada com o Fórum das Entidades na última
sexta-feira (1º), o secretário de secretário de Relações do Trabalho,
Sérgio Mendonça, informou que ainda não tinha resposta para a pauta
apresentada pelos servidores.
Todo esse descaso
do governo tem aumentado a indignação entre os servidores. A
expectativa é de que cerca de 15 a 20 mil pessoas participem nesta
terça-feira (5) da Marcha na Esplanada dos Ministérios. Também são
muitas as categorias que já deliberaram por entrar em greve em junho,
como os técnicos-administrativos das universidades federais e os
auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil. Os docentes federais
estão parados desde o dia 17 de maio, já sendo 48 instituições em
greve.
Saiba mais:
Fonte: ANDES-SN,
4/6/12.