Crise e greve nas Federais pautam Plenária de Análise de Conjuntura do
57º Conad
No primeiro dia
de debates, greve nas IFE recebe destaque
A primeira
plenária do 57º Conad, realizada na tarde da última quinta-feira, 21,
trouxe como eixo central “Movimento Docente e Conjuntura: avaliação da
atuação do ANDES-SN frente às ações estabelecidas no 31º Congresso”.
Dada sua relevância e força, a greve nas Instituições Federais de
Ensino (IFE) foi tema predominante no debate. Com de mais um mês da
deflagração, o movimento conta com a adesão de 57 instituições.
O processo de
discussão nas assembleias de base, a construção da greve e a postura
frente a um governo sem disposição para negociar foram alguns dos
pontos abordados na plenária, juntamente com uma avaliação do período
de crise mundial e quais as perspectivas dos trabalhadores nesse
cenário.
Para dar início
ao debate, a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, leu o texto
“Movimento Docente e Conjuntura”, onde são apresentadas algumas
reflexões sobre a situação econômica mundial e o crescente número de
mobilizações trabalhistas ao redor do mundo.
Nesse cenário, o
texto ressalta a greve como uma das mais recorrentes ferramentas de
mobilização desde o início da crise, citando casos das mobilizações
realizadas na Grécia e na Espanha.
Ainda sobre as
greves, o texto aponta as paralisações como importantes indicadores da
indignação e da revolta dos trabalhadores com as contradições do
sistema do capital. Em relação ao Brasil, a análise se debruça sobre a
falsa perspectiva de crescimento econômico e a chegada ao grupo das
seis maiores potências mundiais. Nesse contexto, o documento questiona
o poderio brasileiro, tendo em vista a manutenção do cenário de
desvalorização dos trabalhadores e de desigualdade social.
A greve nas IFE
Embora a análise
de conjuntura aponte para uma avaliação do cenário de crise a partir
de uma perspectiva global, a atuação do movimento docente nas IFE não
é visto de maneira separada desse processo. Conforme diversas
intervenções ressaltaram, o ataque à educação pública, em detrimento
de outras políticas de governo com o objetivo de remendar o sistema
econômico, é um reflexo do processo que ocorre em nível mundial. Além
disso, a crise desloca a educação para uma outra direção, conveniente
ao cenário econômico, subvertendo a lógica do ensino, da pesquisa e da
extensão.
Para o professor
da Universidade de São Paulo (USP), Osvaldo Coggiola, esse período
pode apresentar um processo de transição, no qual a organização dos
trabalhadores é fundamental para disputar um novo modelo de sociedade.
Nesse contexto, apontando para uma nova perspectiva para a educação
pública, a greve das IFE apresenta-se como um processo extremamente
importante. “Nesse cenário (de crise) coloca-se um momento de
transição, mas essa transição não está escrita nas estrelas, ela
depende da nossa atuação e nesse contexto essa greve é histórica”,
afirma Coggiola, que também é 2º vice-presidente da Regional São Paulo
do ANDES-SN.
O ANDES-SN como
referência na greve
Nesse processo de
greve, muitas foram as intervenções que ressaltaram o importante papel
desempenhado pelo ANDES-SN. O trabalho da entidade, mobilizando a
categoria durante o período de negociações (que, inclusive, antecede a
deflagração da greve) tornou o sindicato uma referência política para
o movimento, indo além dos filiados na entidade. Conforme ressaltou a
1ª secretária do ANDES-SN, Marina Barbosa, muitas são as entidades
que, mesmo não filiadas ao ANDES-SN, depositam no sindicato a
responsabilidade nas negociações com o governo.
Além disso,
muitas dessas seções têm colaborado com o financiamento da greve,
enviando também representantes ao Comando Nacional de Greve, em
Brasília. Segundo Marina, que presidiu o ANDES-SN nos últimos dois
anos, essa confiança é fruto do trabalho de base do sindicato, ouvindo
a categoria, visitando as seções e discutindo pessoalmente o exercício
docente e o modelo de universidade.
Para o professor
Hélvio Mariano, da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná
(Unicentro), essa deve ser considerada uma das grandes vitórias do
movimento. “O ANDES-SN pode não ser a representação nacional de alguns
sindicatos locais. Mas enquanto direção do movimento, enquanto direção
da greve, pra decidir sobre a carreira, a confiança política é do
ANDES Sindicato Nacional. Eu acho que essa é a grande vitória que nós
tiramos. Podemos não dirigir as seções sindicais de determinados
locais, mas dirigimos politicamente o movimento docente do Brasil”,
aponta Mariano.
Por Rafael
Balbueno - Sedufsm Seção Sindical
Edição: Renata
Maffezoli/ANDES-SN
Fonte:
ANDES-SN/Sedufsm, 22/6/12.