Contra o
Despejo!
Todo apoio
à Comunidade Zilah Spósito Helena Greco
Belo
Horizonte, 14 de março de 2012
A
Comunidade Zilah Spósito Helena Greco constitui referência de
luta e combatividade para a cidade de Belo Horizonte. Cerca de
130 famílias ocuparam terreno abandonado da Prefeitura? que não
cumpria definitivamente sua função social? no início de 2011. A
ocupação se apresentou como única alternativa para a conquista
da moradia, uma vez que o projeto Minha casa minha vida não
contempla aqueles que ganham de um a três salários mínimos.
Estas
famílias ergueram aí, com as próprias mãos e os próprios
recursos, suas casas. Transformaram um local deserto em uma
comunidade viva onde as moradoras e os moradores preservam a
natureza, constroem suas vidas e seus sonhos.
Desde
então, esta comunidade tem sido alvo da política criminosa da
Prefeitura de Belo Horizonte na sua ofensiva de aprofundar o
projeto de privatização, higienização e militarização da cidade.
Em outubro de 2011, houve a primeira tentativa de despejo:
fiscais, gerentes e guardas municipais, juntamente com a Polícia
Militar de Minas Gerais, invadiram a ocupação, sem mandado
judicial, com forte aparato bélico. Usaram spray de pimenta e
terrorismo psicológico contra idosos, mulheres e crianças.
Destruíram 27 casas de alvenaria, além de barracos de lona e
moradias em início de construção. A resistência da comunidade
garantiu a sua permanência no local.
Hoje, a
situação é ainda mais grave: o mandado de reintegração de posse
foi expedido, o que torna iminente o despejo destas 129
famílias, além de 300 outras circunvizinhas, algumas residentes
no local há mais de 10 anos? são, portanto, 429 famílias
atingidas, numa área de 31 mil metros quadrados! Estas pessoas
não têm para onde ir. O objetivo do prefeito Márcio Lacerda é
jogá-las nas ruas para entregar o terreno à sanha da especulação
imobiliária.
Sabemos que
os moradores vão resistir? trata-se, afinal, de suas vidas e
seus sonhos! Sabemos também que a prática do governo municipal
de Belo Horizonte em relação aos trabalhadores e aos movimentos
populares é a da violência explícita: a Polícia Militar é
acionada para agir como um exército em campo de batalha cujo
objetivo é exterminar o inimigo? tudo em nome da propriedade e
do capital. O juiz Alyrio Ramos, da 3ª Vara da Fazenda
Municipal, que decidiu a questão contra a Comunidade Zilah
Spósito Helena Greco autorizou, inclusive, a demolição sumária
das casas, o que envolve também a destruição dos pertences de
seus moradores.
Temos,
portanto, que unir forças com a Comunidade Zilah Spósito Helena
Greco para evitar todas estas arbitrariedades e garantir o
direito básico de morar e viver dignamente. Temos que impedir um
banho de sangue articulado pela prefeitura de BH, pelo governo
do estado e pelo poder judiciário, que sempre dá ganho de causa
para os poderosos.
A guerra
generalizada contra os pobres? resultado do conluio entre o
executivo, o legislativo e o judiciário tornou-se, aqui no
Brasil, política de Estado. Este é o país dos massacres
periódicos, que têm adquirido sistematicidade assustadoramente
regular nas últimas décadas. Em janeiro deste ano, no
Pinheirinho (São José dos Campos, SP), uma das maiores ocupações
urbanas da América Latina, cerca de 9 mil trabalhadoras e
trabalhadores foram despejados numa verdadeira operação bélica,
tiveram suas casas destruídas e foram massacrados? houve mortos,
feridos e casos de estupro executados pela Polícia Militar de
São Paulo.
Em Belo
Horizonte, consolida-se a criminalização dos pobres e dos
movimentos sociais. Além da Comunidade Zilah Sposito Helena
Greco, estão na mira da prefeitura, do governo do estado e da
especulação imobiliária as Comunidades Camilo Torres, Irmã
Dorothy e Dandara. Sobre elas também pesa o mandado de
reintegração de posse; ainda não foram despejas porque estão
organizadas e têm resistido bravamente.
A única
maneira de reverter este quadro é a nossa resistência e a
continuidade da luta. Não podemos permitir que se repita a
política genocida que levou a massacres como o dos Ianomâmis, de
Eldorado de Carajás, de Corumbiara, de Acari, da Candelária, de
Vigário Geral, do Taquaril, de Maio de 2006 em São Paulo, de
Pinheirinho e dos Guarani-kaiová.
Fazemos
nosso o lema das Comunidades Zilah Spósito Helena Greco, Camilo
Torres, Irmã Dorothy e Dandara:
Ocupar,
resistir, construir!
Todo apoio
à Comunidade Zilah Spósito Helena Greco!
Mexeu com a
Comunidade Zilah Spósito Helena Greco, mexeu com a gente!
Abaixo a
repressão!
Abaixo o
prefeito Márcio Lacerda, o governador Anastasia, o juiz Alyrio
Ramos e sua política criminosa contra a classe trabalhadora e os
movimentos sociais!