Completando 100 dias de greve, docentes entregam contraproposta à
Presidência
Nesta
sexta-feira (24), data que marca os 100 dias de greve nas
Instituições Federais de Ensino, o Comando Nacional de Greve do
ANDES-SN protocolou na Presidência da República a contraproposta
elaborada pelos docentes e referendada nas assembleias.
O documento
foi entregue ao chefe de gabinete da Secretaria Geral da
República, Manoel Messias de Souza Ribeiro, que se comprometeu em
buscar canal de interlocução junto ao Secretário de Relações do
Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, no
intuito de obter uma resposta ao movimento grevista em relação à
contraproposta.
“Até o
momento, o MEC e o Planejamento não se dispuseram a nos receber
para conversar sobre a contraproposta. Tudo o que temos ouvido do
governo é através da imprensa. Além de intransigente, é uma
atitude desrespeitosa com os professores federais deste país”,
disse Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN. |
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Mais que a busca
por melhores salários, os docentes lutam pela reestruturação da
carreira docente, além da melhoria nas condições de trabalho e ensino.
Entre os problemas de infraestrutura enfrentados pelos professores
estão a falta de estrutura física, como laboratórios, bibliotecas,
salas de aulas e até mesmo material básico de higiene, além de obras
abandonadas, algumas há mais de dois anos. Além disso, houve um
aumento considerável no número de alunos sem a contrapartida da
realização de concurso público para a contratação de docentes e
técnicos.
O descaso do
governo federal com a Educação Superior já pode ser notado na demora
em iniciar as negociações com os docentes. A primeira reunião de
negociação só ocorreu quando a greve estava prestes a completar dois
meses.
“A extensão
da nossa greve é responsabilidade única do governo, que vem
‘empurrando com a barriga’ a reestruturação da carreira desde o
ano passado e descumpriu todos os prazos por ele mesmo
estabelecido. Deflagramos greve em 17 de maio, após várias
tentativas de interlocução junto ao MEC e Planejamento, e só fomos
chamados para negociação em meados de julho”, denuncia Marinalva.
Alardeada
como um grande reajuste de até 45% no salário dos professores, a
proposta apresentada no dia 13 de julho é revestida de armadilhas,
que intensificam a desestruturação da carreira e, descontada a
inflação do período, acarretam perdas salariais para a maioria da
categoria docente.
Por esses
motivos, Assembleias Gerais realizadas por todo o Brasil votaram
pela rejeição da proposta dos ministérios do Planejamento e da
Educação (MEC). Frente ao forte “não” unânime, o governo
apresentou uma segunda proposta, que nada mais é do que um
“remendo” da primeira, mas anunciada pelo MEC como uma “ampliação
do reajuste”, o que também foi rechaçado pelos docentes. |
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Numa atitude
autoritária e antissindical, o governo escolheu então por assinar
acordo com uma entidade que não tem representatividade junto à
categoria e, no dia 1 de agosto, suspendeu as negociações.
Desde então, o
Comando Nacional de Greve do ANDES-SN vem cobrando a reabertura de
negociações e nesta semana apresentou uma contraproposta ao governo,
reafirmando a sua disponibilidade de negociação.
“Essa é mais uma
demonstração de que seguimos dispostos a negociar e estamos inclusive
abrindo mão de reajustes salariais em nome da reestruturação da nossa
carreira com base em conceitos definidos”, explica Marinalva.
A modificação
reduz os valores da malha salarial, aceitando o piso e teto propostos
pelo governo, e também reduz os degraus entre níveis remuneratórios de
5% para 4%, preservando a natureza do trabalho acadêmico, conforme a
proposta de carreira docente do ANDES-SN. As assembleias de base
aprovaram também a implantação escalonada da contraproposta.
Fonte: ANDES-SN,
24/8/12.