Com 95% da população sem emprego, comércio de rua vira única saída no Haiti   
 

Senhoras negras arregaçam suas longas saias na altura dos joelhos. Sentadas no chão ou em pequenos caixotes nas calçadas de Porto Príncipe, passam o dia entre sacos cheios de grãos e cestos de palhas com frutas, legumes, peixe salgado, celulares, livros e até tabletes de remédio, sem caixa ou bula. Algumas caminham quilômetros com bacias equilibradas na cabeça até chegar ao ponto de venda.

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Tanto nas regiões mais miseráveis, como em Pétion-Ville, bairro abastado da capital haitiana, cada grade ou muro são aproveitados para pendurar as roupas, carregadores de celular e outros objetos à venda. Poucas transações comerciais são feita em lojas, cujas entradas geralmente são bloqueadas pela presença de vendedores ambulantes que ocupam cada espaço de calçada.

É com este tipo de comércio que se movimenta a agonizante economia do Haiti, onde somente 200 mil das 4,2 milhões de pessoas em idade economicamente ativa têm um emprego formal. A diversidade inusitada de produtos vendidos na rua chama atenção: até mesmo aparelhos de som e televisores são expostos sob o sol. Galinhas vivas amontoadas no chão e amarradas umas nas outras esperam ser seguradas pelas patas, de ponta cabeça, e levadas a alguma cozinha da cidade.

Alguns poucos gourdes, a moeda local, servem para levar comida para casa e no dia seguinte, embaixo do sol escaldante, tentar novamente a sobrevivência. “A vida aqui no Haiti é difícil, não dá pra conseguir emprego, é complicado. Precisamos de emprego e não conseguimos, porque não tem nada”, diz Stanley Schiveger, um jovem de 26 anos que perdeu a casa no terremoto que devastou a capital do país há exatos dois anos.

 

 

 

 

Fonte: OperaMundi, Aldo Jofre Osorio, 12/1/12.

 

 


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