Com mais de duas horas de atraso, Mendonça não traz nada de novo à
mesa dos SPF
Embora a mesa de
negociação entre o Fórum das Entidades dos Servidores Públicos
Federais (SPF) e o Ministério do Planejamento (MP) estivesse agendada
para as 10h desta terça-feira (24), ao meio-dia a cadeira do
Secretário de Relações do Trabalho (SRT/MP), representante do governo
à mesa, continuava vazia.
Nem a paralisação
geral dos SPF, confirmada para esta quarta (25), nem a possibilidade
de construção de uma greve geral da categoria ainda nesse semestre,
parecem ser instrumentos de pressão suficientes para quebrar a
intransigência do governo, que deixou nesta manhã os representantes de
mais de 20 entidades e três centrais sindicais esperando por duas
horas e quinze minutos.
Quando finalmente
foi dado início à reunião, Sérgio Mendonça, Secretário da SRT/MP, deu
a entender que não havia sentido ficar agendando reuniões, uma vez que
todos os itens da pauta já tinham sido apresentados e discutidos e
nenhum avanço foi registrado. “Essencialmente, as respostas que tinham
que ser dadas, já foram dadas”, disse Mendonça, de acordo com relato
dos diretores do ANDES-SN presentes na reunião.
A postura de
Mendonça causou revolta entre os presentes, que cobraram mais respeito
do governo. “Não dá para cada governo de plantão vir aqui e dizer que
não vai ter reajuste e humilhar as entidades, como se estivéssemos com
um pires na mão”, disse Josemilton, da Condsef.
As entidades
cobraram da SRT/MP a responsabilidade quanto à tramitação e aprovação
do PL 2203/2011, uma vez que o mesmo é de iniciativa do próprio
Executivo.
Pressionado pelos
representantes dos SPF, Mendonça reafirmou que a postura do governo
continuava a mesma para 2013: reajuste zero, sem discussão de política
salarial e data-base. Enfatizou que o governo já vem tratando de
diversos pontos nas reuniões específicas com cada categoria e assim
pretende continuar fazendo.
O secretário da
SRT/MP ressaltou ainda que dificilmente o atual governo irá ampliar o
custo da folha de pagamento dos servidores em relação ao Produto
Interno Bruto (PIB), o que foi imediatamente contestado, uma vez que
esta relação tem sido decrescente mesmo com a criação de novos cargos.
“Isso significa que o poder real de compra dos salários dos servidores
vem caindo nos últimos dois anos”, disse Luiz Henrique Schuch, 1º
vice-presidente do ANDES-SN.
Paulo Barela, da
CSP-Conlutas, destacou que não faz sentido o governo “criar clima” de
que é impossível repor as perdas salariais dos servidores públicos, ao
mesmo tempo em que economiza as custas desses servidores, com a
criação da Funpresp, faz a renúncia fiscal em mais de R$ 100 bilhões
para setores empresariais e destina bilhões de reais para pagar o
crescente custo da dívida pública.
Foi denunciado
ainda na mesa que, o que o governo tem chamado de correção de
distorção, na verdade, em muitos casos, tem aprofundado as diferenças,
levando à “proletarização” de algumas categorias, as quais chegam a
ter vencimento base abaixo do salário mínimo.
Na avaliação dos
dirigentes presentes à reunião, o governo buscou tirar o foco da
função daquela mesa e evitar dar respostas efetivas, ao destacar o
tratamento que vem dando às pautas específicas.
“Algumas das
pautas específicas já vem sendo discutidas há mais de cinco anos. E
agora são apresentadas como um problema novo, para emperrar as
negociações, e não como uma solução. O governo se utiliza das mesas
específicas para desviar o foco da negociação. Não havendo reposição
de perdas, nem política salarial, o governo faz de conta que está
corrigindo distorções com parte do dinheiro retirado dos próprios
servidores pela corrosão inflacionária. Em médio prazo, todos perdem”,
analisou Schuch.
Apesar da
manifestação de Mendonça de que a mesa geral não registraria mais
avanços, os dirigentes não aceitaram o esgotamento da mesa. “Não
cairemos no engodo do ano passado. Essa mesa não vai ser desmontada,
por que, senão vocês estão de brincadeira com os servidores. Se for
assim, o governo vai ter que assumir publicamente que vai arbitrar
unilateralmente, como fez com a questão da
insalubridade/periculosidade”, disse Josemilton.
Os representantes
dos SPF exigiram então que o Ministério do Planejamento abra uma nova
agenda para o início de maio, quando devem apresentar uma readaptação
da pauta unificada dos servidores, de forma que fiquem claras as
parcelas destinadas à correção inflacionária e correção das
distorções.
Uma nova reunião
do Fórum Nacional de Entidades dos SPF está marcada no dia 2 de maio,
para avaliar a mobilização nas bases e definir a resposta dos
servidores diante deste contexto.
Fonte: ANDES-SN,
24/4/12.