CNG encaminha pela suspensão unificada da greve
Em comunicado
divulgado nesse domingo (16) (leia aqui), o Comando Nacional de Greve
(CNG) do ANDES-SN encaminhou a suspensão unificada da greve nacional
dos docentes das Instituições Federais de Ensino. A suspensão deve
ocorrer esta semana, de 17 a 21 de setembro. “De 17 de maio até agora
construímos uma greve forte, que unificou a categoria em torno da
reestruturação do plano de carreira e valorização e melhoria das
condições de trabalho. Apesar da força da greve, não conseguimos
inverter a correlação da forças, nem superar a dureza do governo no
que diz respeito aos dois pontos de nossa pauta, daí porque entendemos
que devemos partir para um novo patamar de luta”, avalia a presidente
do ANDES-SN, Marinalva Oliveira.
Para o
CNG/ANDES-SN, a greve realizada este ano, marcada pela intensa
mobilização interna e por ações unitárias com estudantes e
técnico-administrativos, mostrou para a sociedade a disputa por
projetos distintos de educação. Também foi uma greve que contou com
uma grande participação da base, “aproximando um número significativo
de novos docentes da luta e do sindicato”, além de ter desencadeado o
ciclo de greve de outros segmentos da educação, bem como a greve do
conjunto dos servidores públicos federais.
Destaca-se, nessa
greve, “o levante dos companheiros dos locais onde a direção das
entidades estava vinculada ao Proifes, e que autonomamente se
inseriram no movimento, assumindo a pauta do ANDES-SN à revelia dos
desmandos dessas direções, que não conseguiram sufocar a mobilização e
a força dos professores”, aponta o comunicado do CNG/ANDES-SN.
Durante todo o
período, o governo fez ataques ao movimento grevista, com ameaças do
corte de ponto e de judicialização da greve. Em relação aos docentes,
as ofensivas maiores foram a assinatura do simulacro do acordo, em 3
de agosto, com ente que não representava a categoria em greve, e o
envio do projeto de lei 4368/12, em 31 de agosto. “Mesmo assim, os
professores não esmoreceram”, afirma o comunicado do CNG. Mantiveram a
greve, que já é a maior dos últimos 20 anos do ANDES-SN, já que a
greve mais longa tinha sido em 2005, com 112 dias.
Pontos da pauta
Durante todo o
processo negocial, o governo não dialogou com a pauta apresentada
pelos docentes, baseada em dois pontos: reestruturação da carreira e
valorização e melhorias da condição de trabalho. “Intransigente,
recusou-se a dialogar com nossa proposta de carreira, mesmo diante de
todas as tentativas por parte do movimento docente para reabrir as
negociações e apresentação de uma contraproposta, fazendo prevalecer
seu objetivo estratégico de adequar nosso trabalho às determinações de
um modelo, que desorganiza a educação federal”, argumenta o CNG, no
comunicado.
Além disso, não
se dispôs a tratar do tema condições de trabalho, “pois isso seria, na
prática, admitir que o quadro de precarização e ausência de
infraestrutura nas IFE não é uma abstração, conforme dito pelo
ministro Aloizio Mercadante no início da greve”.
Como forma de
enfraquecer o movimento docente, o governo formalizou uma comissão,
composta pela UNE, Andifes e Ministério da Educação, incumbida de
acompanhar as ações do MEC em relação ao processo de expansão das
universidades federais. Não participarão dessa comissão as entidades
que efetivamente dirigiram a greve e legitimamente representam os
docentes das IFE: ANDES-SN e Sinasefe.
E com o intuito
de encerrar a greve, o Palácio do Planalto enviou ao Congresso
Nacional, no final de agosto, o PL 4368/12, “com conteúdo de lógica
amplamente rejeitada pela categoria nas assembleias de base, uma vez
que desestrutura ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de
trabalho de dedicação exclusiva, fere a autonomia universitária e
contém a retirada de direitos, na medida em que não aplica as
disposições do decreto 94.664/87 (PUCRCE)”.
Além dessas duas
estratégias, o governo buscou fragmentar as greves, praticamente
coagindo as demais entidades de servidores a assinarem acordos. Caso
não assinassem até o dia 31 de agosto, os servidores ficariam sem
reajustes no próximo ano.
Nesse contexto, a
maioria das assembleias gerais apontou para uma suspensão unificada do
movimento grevista, indicando a necessidade de revigorar as
estratégias da luta que continua, agora num outro patamar. Nesse
processo, a categoria deve articular a luta pelas condições de
trabalho, negociar as pautas locais, intervir a respeito da
reestruturação da carreira, mantendo e ampliando o saldo organizativo
conquistado na greve.
Agenda
Entre os
encaminhamentos tirados pela CNG, além da suspensão unificada, estão a
recomendação para que seja potencializada a estrutura sindical, a
indicação de que seja realizada uma reunião do Setor das Ifes, nos
dias 29 e 30 de setembro, a convocação de comissões nacionais de
mobilização nas próximas semanas e a manutenção das mobilizações em
defesa das pautas locais.
Também foi
aprovado que deve ser encaminhado para o Congresso Nacional e para a
imprensa análises políticas, técnicas e jurídicas do PL 4368/12,
“indicando, essencialmente, o quanto ele desestrutura a carreira
docente, fere a autonomia e a isonomia, ataca os direitos
trabalhistas, desconstitui o PUCRCE, ao contrário do que o movimento
reivindica”.
O CNG também
deliberou no dia 3 de outubro a categoria docente deve participar, nos
estados, do Dia Nacional de Luta Contra a Privatização dos HU.
Fonte: ANDES-SN,
17/9/12.