Camila Vallejo denuncia governo Piñera por criminalização das marchas
estudantis
A alta
representante da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay e o diretor
geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia,
receberam na sede da ONU, em Genebra, Suíça, Camila Vallejo, a
carismática dirigente estudantil hoje vice-presidenta da Federação de
Estudantes da Universidade do Chile (Fech), Karol Cariola, secretária
geral das Juventudes Comunistas do Chile e Jorge Murúa, dirigente do
Sindicato de Trabalhadores Metalúrgicos.
Santiago
- Líderes
sindicais e estudantis chilenos denunciaram em diferentes instâncias
da ONU a “criminalização” que viveu no ano passado, por parte das
autoridades, o movimento de protesto social encabeçado pelos
estudantes e que convocou também os trabalhadores, os ambientalistas,
a comunidade homossexual, os povos originários e os milhares de
anônimos cansados de um governo de direita que não os representa.
A alta
representante da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay e o diretor
geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia,
receberam na sede da ONU, em Genebra, Suíça, Camila Vallejo, a
carismática dirigente estudantil hoje vice-presidenta da Federação de
Estudantes da Universidade do Chile (Fech), Karol Cariola, secretária
geral das Juventudes Comunistas do Chile e Jorge Murúa, dirigente do
Sindicato de Trabalhadores Metalúrgicos. Ao grupo se uniram também os
relatores especiais das Nações Unidas para a Educação e a Pobreza
Extrema.
Nesse cenário, os
três dirigentes denunciaram a vontade do governo de Sebastián Piñera
de “criminalizar” os protestos cidadãos através de um projeto de lei
do Ministério do Interior, conhecido também como “Lei Hinzpeter”, em
alusão ao titular dessa pasta.
Segundo contaram,
esta iniciativa legal penaliza com três anos de prisão toda forma de
protesto social similar aos que se desenvolveram em 2011, como
ocupações de serviços públicos, cortes de trânsito e outras formas de
ocupação pacífica. “As penas não são apenas para os que cometem estes
atos, mas aos que os convocam”, sustentou Vallejo.
“A repressão não
passa só pelo amedrontamento político e ameaças constantes, mas também
pela repressão física e detenções ilegais que hoje aumentam dentro de
um marco ilegal”, agregou a líder universitária.
Vallejo disse
ainda que “parece que não há conhecimento pleno na ONU do que acontece
no Chile. Também mostrou confiança de que os contatos mantidos em
Genebra, onde tem sua sede os organismos da ONU especializados em
direitos humanos, sirvam para mostrar o que acontece no país
sul-americano. Espera, ainda, que os relatores da ONU sobre Educação,
Liberdade de Expressão, Tortura e Detenções Extrajudiciais, visitem o
Chile, pois a seu ver, “estas são temáticas muito sensíveis no nosso
país”.
“Somos um país
cada vez mais desigual apesar do crescimento do produto interno
bruto”, sentenciou.
Por sua parte,
Cariola explicou que o projeto político que Piñera defende é adaptado
a nossa realidade política e cultural, que é diferente das de outras
partes do mundo”.
“Nós não queremos
que todos sejam comunistas nem somos donos do movimento, somos
instrumentos do povo chileno”, disse.
Consultada sobre
a queda do modelo comunista no passado, assegurou sobre os jovens:
“Aprendemos do passado, das experiências vividas em outros lugares
para construir um novo futuro”.
Murúa, por sua
vez, disse que dentro do movimento social chileno existe o
convencimento de que “a repressão e a perseguição estão asseguradas”
para este ano.
Como
representante dos trabalhadores, mencionou que explicará ao diretor da
OIT “as violações das leis trabalhistas e das convenções coletivas no
Chile, que transgridem as regulamentações internacionais em matéria de
trabalho”.
Com sua visita a
Suíça, os dirigentes concluem uma agenda de pouco mais de duas semanas
pela Europa, na que participaram de diversos fóruns juvenis e
sindicais na Alemanha e Suécia, convidados pela Fundação Rosa
Luxemburgo -ligada ao partido alemão Die Linke (A Esquerda)- para
expor a experiência do movimento estudantil chileno em 2011.
“No Chile, teus
direitos dependem de tua capacidade econômica, onde se não tens
dinheiro tens que endividar-te (para ter saúde ou educação)”,
sustentou a dirigente antes de partir para a Europa com a idéia de
conhecer o desenvolvimento do movimento social nesse continente.
Com respeito ao
futuro político do país, com eleições municipais em outubro e
presidenciais em dezembro de 2013, a líder estudantil opinou que ainda
não estão dadas as condições para unificar a esquerda.
No entanto,
sustentou que um grande desafio para este ano é ver como se
institucionaliza o movimento social e como é capaz de construir
propostas de governo.
“O movimento
social não pode ficar à margem. Necessitamos disputar espaços
institucionais”, sublinhou ao mesmo tempo em que prenunciou que é
difícil que neste ano se repitam os protestos do ano passado. “Já
demonstramos a força do movimento estudantil, agora as formas de
mobilização vão ser diferentes”, concluiu.
Fonte: Ag. Carta
Maior, Christian Palma, 12/2/12.