Bolsas de pós: defasagem do valor pago chega a 55%
Não é apenas o
salário de professores e servidores na área de educação que sofre o
efeito corrosivo da inflação com o passar dos anos. As bolsas de
pós-graduação também não são prioridade dos governos. Conforme o
jornal O Estado de São Paulo, um pesquisador brasileiro de mestrado e
doutorado recebe hoje uma bolsa que não chega nem à metade, em valores
corrigidos, dos montantes pagos em 1994 – ano em que o Plano Real foi
lançado.
Em valores nominais, os benefícios dos pesquisadores até que tiveram
aumento, mas a diferença vem à tona quando a inflação do período é
descontada. A defasagem chega a cerca de 55%, conforme cálculo
realizado pela Associação de Pós-Graduandos de Engenharia Elétrica da
Universidade de Campinas (Unicamp), a Apogeu.
Segundo os gráficos elaborados pela associação, as bolsas de doutorado
em 1994, por exemplo, tinham um valor equivalente a R$ 4.400. No
mestrado, esse valor seria de R$ 2.900. Hoje, as bolsas de mestrado e
doutorado dos órgãos federais de fomento estão fixadas bem abaixo
disso: em R$ 1.350 e R$ 2.000, respectivamente, o que retrata uma
diferença de aproximadamente 55%.
Para que as bolsas não sofressem os efeitos da inflação, seria
necessário que os reajustes ao longo do período fossem cerca de 60%
maiores do que tiveram. O reajuste dessas bolsas nunca foi
sistemático. Entre 1994 e 2003, os valores ficaram estagnados.
Aumentos foram registrados em 2004, 2006 e 2008. Após quatro anos de
congelamento, as bolsas receberam um novo reajuste neste meio de ano.
O Brasil formou 47 mil mestres e doutores em 2009, totalizando 176 mil
titulados no País. Isso corresponde a 0,07% da população brasileira.
Para alcançar as proporções dos países desenvolvidos seria necessário,
no mínimo, multiplicar esse número por cinco, segundo a própria
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Caravana
a Brasília
A Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) realiza, de 28 a 30 de
agosto, uma Caravana a Brasília. O objetivo da mobilização é
reivindicar uma bandeira histórica do segmento: o estabelecimento de
uma política permanente de valorização e isonomia das bolsas de
pesquisa.
A programação da
caravana prevê atividades no congresso nacional, com uma blitz na
câmara dos deputados e no senado federal, buscando agregar apoiadores
à campanha dos pesquisadores. O Ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, garantiu à ANPG que receberá os líderes estudantis. A
reunião com o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, está confirmada para
esta terça-feira.
Fonte:
Estadão, UOL e ANPG
Edição: Fritz
R. Nunes (SEDUFSM)