Presidente da Bolívia reestatiza divisão de companhia elétrica
espanhola
Militares e
policiais já tomaram posse dos escritórios da TDE
Horas após
anunciar que o governo da Bolívia iria retomar o controle acionário da
TDE, empresa boliviana de distribuição de energia, militares,
policiais e partidários do presidente Evo Morales ocuparam os
escritórios de sua proprietária, a companhia espanhola REE (Rede
Elétrica Espanhola).
O anúncio foi
feito na manhã desta terça-feira (01/05) durante um ato em homenagem
ao Dia do Trabalho. Na ocasião, disse que a reestatização era uma
“justa homenagem aos trabalhadores e ao povo boliviano, que lutou pela
recuperação dos recursos naturais e dos serviços básicos”.
Horas depois,
Morales iria se encontrar com o presidente da companhia petrolífera
espanhola Repsol, Antonio Brufau, para a solenidade de inauguração da
segunda unidade processadora de gás de Campo Margarita, no sul da
Bolívia. Até essa semana, a Repsol detinha o controle majoritário da
YPF, petrolífera argentina reestatizada esta semana pelo governo de
Cristina Kirchner.
O decreto
assinado hoje estabelece a "nacionalização" da "totalidade das ações
que formam o pacote acionário da sociedade Rede Elétrica
Internacional-SAU", filial da REE. O documento também instrui seu
registro em nome da estatal ALI, Empresa Nacional de Eletricidade.
Morales
justificou a desapropriação afirmando que considerou baixo o
investimento previsto para a empresa espanhola: em 16 anos, apenas 81
milhões de dólares. Após ler o decreto, o presidente boliviano pediu
ao comandante das Forças Armadas, general Tito Gandarillas, para
"assumir o controle das instâncias de administração e operação da
TDE". "É obrigação das Forças Armadas recuperar a eletricidade para o
povo boliviano", acrescentou.
A empresa
elétrica espanhola adquiriu 99,94% das ações da TDE em 2002, e o
restante ficou nas mãos dos trabalhadores da firma boliviana. A
companhia é proprietária e operadora do Sistema Interconectado
Nacional boliviano de eletricidade, que atende 85% do mercado nacional
e possui 73% das linhas de transmissão na Bolívia.
Morales
expropriou em 2010 as ações de quatro empresas geradoras de
eletricidade, incluindo duas filiais da francesa GDF Suez e da
britânica Rurelec, o que levou a Bolívia à Corte de Haia. Além das
companhias elétricas, o governante nacionalizou várias outras empresas
de petróleo, gás e mineração desde que chegou ao poder, em 2006.
Desde que assumiu
a Presidência em 2006, nacionalizou 20 empresas de hidrocarbonetos e
minérios que atuavam na Bolívia. Em Madri, fontes do Governo
explicaram que "estão estudando" a decisão de Morales e que o governo
de Mariano Rajoy está "perfeitamente informado" sobre o fato.
Fonte: Brasil de
Fato, [Opera Mundi], 2/5/12.