ANDES-SN denuncia precarização do trabalho docente em audiência no
Senado
Em audiência
pública realizada na manhã desta quinta-feira (6) na Comissão de
Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, o 1º
vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch, denunciou a
precarização do trabalho docente nos últimos anos e a atitude
antisindical do governo na atual campanha salarial, quando interrompeu
as negociações com a categoria em 1º de agosto, firmando um simulacro
de acordo com uma entidade sem representatividade entre os professores
em greve.
O diretor do
ANDES-SN, representando o Comando Nacional de Greve, foi um dos
palestrantes de uma audiência para debater o trabalho precarizado no
Brasil. Schuch usou a oportunidade para denunciar dois exemplos atuais
de terceirização inconcebível nas instituições federais de ensino, que
são a contratação dos professores temporários e a admissão de
profissionais de saúde via Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares).
“Só neste ano
foram contratados 6,8 mil professores para trabalhar como temporários,
em situação que não permite a estruturação de um trabalho acadêmico,
para ministrar aulas em disciplinas criadas no processo de expansão
das federais, e ainda assim ficaram várias disciplinas a descoberto”,
criticou Schuch. Já a Ebserh pretende burlar a prática do concurso
público, terceirizando, praticamente, todos os cargos dos hospitais
universitários, que são milhares.
Além disso, ele
criticou o projeto de lei 4368/12, enviado pelo executivo ao Congresso
Nacional em 31 de agosto, que intensifica a desestruturação da
carreira e retira direitos sociais dos docentes. A audiência foi
acompanhada por vários professores, que estão em Brasília participando
do Comando Nacional de Greve.
Simples
trabalhista
A audiência
realizada nesta quinta-feira no Senado tinha o objetivo de discutir
iniciativas legislativas que visam, com o argumento de “flexibilizar”,
reduzir ainda mais os direitos trabalhistas, por meio de
terceirizações. Um exemplo é o projeto de lei 4330/04, que cria o
chamado Simples Trabalhista. O projeto, de autoria do deputado Sandro
Mabel (PL/GO), está sendo analisado na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. O relator do PL 4330/04,
Arthur Oliveira Maia (PMDB/BA) adiantou que vai manter a autorização,
prevista no projeto, para que as empresas terceirizem todo o seu
serviço, incluindo atividades-fim.
De acordo com
Schuch, todos os palestrantes da audiência foram unânimes em afirmar
que as experiências neoliberais dos anos 1990 de terceirizações e
quarteirizações atendiam a lógica lucrativa das empresas e atentavam
contra os direitos dos trabalhadores. Quando as terceirizações ocorrem
no setor público, a situação é ainda pior.
Segundo os
palestrantes, os profissionais terceirizados sofrem com baixos
salários, ausência de direitos trabalhistas e grande rotatividade nos
postos de trabalho. Os terceirizados ganham 27,1% menos do que os
diretamente contratados, trabalham três horas semanais a mais, têm
menos benefícios e estão mais sujeitos a acidentes de trabalho e
morte.
Os palestrantes
também criticaram mudanças na legislação que flexibilizem as condições
de negociação entre patrões e empregados. “Foi unânime a posição de
que a negociação é para ampliar direitos e não para restringir”,
informou Schuch.
Fonte: ANDES-SN,
6/9/12.