ANDES-SN participa de audiência no Senado para debater direito de
greve
O Comando Nacional de Greve do ANDES-SN, junto com várias
entidades representativas dos servidores públicos federais,
participou nesta segunda-feira (03) de uma audiência pública para
debater o direito de greve no Brasil, na Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal.
A audiência foi convocada pelo senador Paulo Paim (PT-RS),
presidente da CDH para discutir o PLS 710/11, de autoria do
senador Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que corre o risco de ser
pautado na Comissão de Cidadania e Justiça no próximo esforço
concentrado, na semana de 10 a 14 de setembro. O projeto, na
opinião do Sindicato Nacional e das demais entidades, é uma
afronta ao direito de greve e foi classificado como “um retrocesso
social” pelo 1º vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch,
que representou a entidade na mesa. |
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Todos os participantes na mesa da audiência repudiaram o PLS 710/11 e
ressaltaram a necessidade em se discutir o direito de greve com
tranquilidade e não sob a influência da comoção gerada pela grande
greve realizada pelos servidores federais, numa tentativa de coibir o
direito dos trabalhadores.
Os participantes destacaram a importância em se regulamentar de uma
política salarial para os servidores públicos, com possibilidade de
negociação coletiva, fixação de data-base e celebração de acordo
coletivo, à luz da convenção 151 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), já ratificada pelo Brasil.
Paulo Barela, coordenador CSP-Conlutas, apontou que o projeto do
senador do PSDB é praticamente a proibição do direito de greve, uma
vez que traz restrições severas e impões uma série de regras à ao
movimento paredista no serviço público. Ele ressaltou que em toda a
história de greve dos servidores, sempre foi respeitada a ética de
manutenção da prestação de serviços considerados essenciais.
Barela culpou os gestores do governo pela deflagração e extensão das
greves, uma vez que estes demoram a negociar efetivamente com os SPF.
“Os gestores públicos deixaram as greves se alastrarem por mais de um
mês antes de apresentar uma proposta e abrir negociação. A greve
tentou ser evitada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos SPF, quando
protocolou já em fevereiro deste ano a pauta de reivindicações
unificadas do funcionalismo federal. “Foram nove reuniões sem que os
representantes do governo dessem qualquer sinalização proposta”,
disse.
Para Luiz Henrique Schuch, do ANDES-SN, o PLS 710/11 é uma reação da
classe dominante contra o forte movimento grevista empreendido pelos
servidores neste ano. Movimento este que atuou a favor dos interesses
socias pois em luta por políticas públicas de qualidade para
atendimento às necessidades da população. Ele destacou a mobilização
dos docentes federais, em greve há 110 dias, que desde 2010 vêm
buscando negociar a reestruturação da carreira.
Segundo o diretor do Sindicato Nacional, os professores enfrentaram a
intransigência e a atitude antissindical do governo federal, que
firmou um simulacro de acordo com apenas uma das quatro entidades à
mesa, e apresentaram uma contraproposta, na qual abrem mão de
reivindicações salariais em nome dos conceitos reestruturantes da
carreira.
A projeção nacional junto à opinião pública da greve dos docentes
articulada com os demais setores do funcionalismo público provocou
esta reação dos setores dominantes da sociedade de tentar aprovar,
segundo ele, de forma oportunista, uma lei antigreve.
"Estamos diante de um retrocesso social. Se enganam aqueles que pensam
que vão amainar os conflitos com essa a atitude criminalizadora e
repressiva. Essa é uma clara atitude de opressão de classe, em defesa
do capital. O movimento social já deu várias demosntrações de que não
se deixou e nem deixará amordaçar”, afirmou Schuch.
A necessidade de se regulamentar a convenção 151 da OIT foi reiterada
pelo representante do Ministério do Trabalho e Emprego, Manoel
Messias. Ele concordou também se imprudente discutir o direito de
greve sem antes se instituir a negociação coletiva para os
trabalhadores do serviço público.
“Não devemos fazer essa discussão no calor da greve, mas também não
podemos perder o tempo do debate. A regulamentação do direito de greve
deve ser feita, mas concomitante à instituição de negociação
coletiva", ressaltou o secretário de Relações do Trabalho do MTE.
O presidente da CDH, senador Paulo Paim, reforçou a necessidade em se
fundamentar a convenção coletiva para o serviço público e se discutir
o direito de greve, respeitando o tempo do movimento dos
trabalhadores.
"Em 20 anos não houve a discussão dessa questão Agora, após a
realização de uma greve legítima e que repercutiu nacionalmente vem
aquele mesmo setor já conhecido querer destruir o direito de greve”,
ressaltou.
O senador petista encerrou a audiência com os encaminhamentos
colocados pelas entidades como a celebração de convenção coletiva e
data base para o serviço público à luz da Convenção 151 da OIT. Foi
solicitada também a intervenção do senador Paim junto ao autor do PLS
710/11, para que o mesmo seja retirado do Senado. Caso isso não
ocorra, tanto o senador petista quanto as entidades dos SPF
trabalharão pela rejeição do mesmo.
Atendendo ainda ao pedido das entidades, o presidente da CDH
encaminhará solicitação da comissão aos representantes do governo pela
retomada da negociação com as categorias ainda em greve.
Uma nova audiência foi convocada, ainda sem data definida, para dar
continuidade ao debate sobre o direito de greve. Participaram da
audiência desta terça (03) representantes da Anfip, Sinasefe, Fasubra,
Sindilegis, Assibge, Asfoc, Sinagências entre outras entidades dos
servidores federais.
Fonte: ANDES-SN
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