“Só protestar simbolicamente não é suficiente”, afirma Tariq Ali
O escritor
analisa as movimentações políticas que sacodem a conjuntura
internacional
Com uma fala
tranquila, tão simples quanto ampla, o paquistanês Tariq Ali domina
como poucos os processos políticos, em escala planetária, que colocam
a ordem contra a parede. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato,
seu olhar analítico percorreu a Primavera Árabe, dividiu as
mobilizações nos países desenvolvidos – EUA e Europa – entre
simbólicas e massivas, valorou a América do Sul como o processo mais
radical até agora – dentro do capitalismo – e ponderou as
possibilidades de transição sistêmica no continente, além de buscar
conexões da luta global contra o capitalismo. Confira a entrevista.
Brasil de Fato
– Em uma entrevista recente, o senhor disse que, diferentemente da
resistência na América do Sul durante o final do século 20 e começo do
21, os países da chamada “Primavera Árabe” não produziram organizações
políticas. Então, quais são as forças políticas que devem emergir
nesses países com a queda dos governos? Há semelhanças entre elas?
Tariq Ali
– Aqui na América do Sul tivemos movimentos sociais conectando-se,
criando novos movimentos políticos, organizações políticas, disputando
eleições e chegando ao poder – isso é o importante e completamente
novo: tomar o poder a partir do sistema democrático eleitoral. No
mundo árabe tivemos grandes levantamentos, mas não produziram uma nova
formação política. Na Tunísia e no Egito ocorreu que as organizações
políticas que haviam sido reprimidas voltaram a aparecer,
principalmente, as islamistas. Então, os novos personagens, os jovens
que criaram os movimentos agora, ficaram sem voz política. A escala
dos movimentos foi imensa, mas não produziram nada e, por isso, o
exército no Egito pode tomar o poder novamente.
Na Tunísia os
islamistas ganharam as eleições. Agora, existe um grande equívoco
sobre esses partidos. As pessoas automaticamente pensam em
terroristas, extremistas, fundamentalistas, mas esses partidos
islamistas são religiosos, socialmente conservadores, como os
democratas cristãos da Europa e os partidos dominados pela Igreja
Católica em outros lugares do mundo. É muito importante pôr isso em
perspectiva. Os partidos apoiados por luteranos e católicos existem em
diferentes lugares do mundo ocidental e são aceitos, mas quando os
islamistas são eleitos, todo o mundo fica nervoso. Eu não concordo com
esses partidos, mas há que se aceitar seu direito a ganhar eleições e
que as pessoas aprendam através de suas próprias experiências.
No Egito, se são
feitas eleições livres, é provável que a Irmandade [Muçulmana] ganhe.
Calculo que tenham aproximadamente 40% do eleitorado, ou seja, podem
formar um governo se o exército e os EUA permitirem. Se houver
mudanças na Síria, algo similar acontecerá.
É importante
entender a razão disso. De 1976 a 1989/90, a esquerda e os
nacionalistas foram erradicados do mundo árabe pelos estadunidenses,
em aliança com os islamistas – estes sim, islamistas duros. Então,
existe um vazio e novos tipos de grupos islamistas estão surgindo. No
Egito e na Tunísia, a esquerda está tentando organizar novos
movimentos, partidos e esperemos que tenham êxito, mas até agora não
tem forças, são pequenos, assim como em todo o mundo árabe.
O que há de comum
entre esses levantamentos e as mobilizações recentes da Europa e EUA,
além de serem contemporâneos?
Há dois
movimentos diferentes. Um são os movimentos nos EUA e Reino Unido, que
são essencialmente movimentos de protesto simbólico, ocupando espaços
públicos e se mantêm só nisso. Mas são muito importantes porque, ao
menos, algo está acontecendo, são movimentos em uma etapa muito
embrionária, pequenos, principalmente de jovens, às vezes alguns
sindicalistas, e esse é seu alcance, simbólico. Não sabemos o que
acontecerá com eles. Os EUA são imensos como o Brasil, não é tão fácil
organizar- se, e, na minha opinião – e isso eu disse à ocupação em
Oakland –, é extremadamente importante convocar uma assembleia popular
de todos os movimentos para discutir como avançar. Do contrário, se
diluirão, esse é meu temor.
Outro tipo de
movimento está na Espanha e Grécia, que foram movimentos imensos, não
somente protestos simbólicos. Na Espanha houve imensas ocupações em
Madri, Barcelona e outras cidades, mas que não formularam uma carta ou
programa ainda que de limitadas exigências. É evidente que o pensam,
mas não o codificaram, não o puseram num plano que pudesse unir as
pessoas por um longo tempo. Por isso, apesar dos imensos movimentos,
tivemos na Espanha a vitória da direita nas eleições, os movimentos
não participaram da política porque dizem que “a política é suja,
asquerosa, manchada”. Isso é um problema porque ou se faz uma
revolução – que não é possível neste momento – ou se intervém no
sistema político, tal como está, como na América do Sul, e tenta-se
mudá-lo com novas constituições ou seja lá o que for. Não fizeram, e a
Espanha é um grande fracasso.
Na Grécia houve
seis greves gerais, movimentos massivos, mas nada de resultados, e o
país está entregue aos banqueiros, literalmente. Um banqueiro foi
nomeado para dirigir o país, de Papandreou a Papademos. Esse é um
acontecimento interessante na Europa: os partidos políticos
tradicionais já não podem dirigir o sistema. Então, agora são uma
colônia da União Europeia e os alemães e estadunidenses são quem
decide: “Tudo bem, tomem o governo porque não confiamos neles”. Isso é
o que chamo de ditadura do capital que, de distintas formas, é o
“extremo centro”, composto pela centro-esquerda e centro-direita, onde
não importa quem está no poder, fazem exatamente as mesmas coisas.
Contra eles é preciso uma resposta política, caso contrário, os
movimentos poderão ser esmagados. Na minha opinião, era possível que
os movimentos na Grécia tomassem uma cidade. Eu disse a eles: “Tomem
Tessalônica! Simplesmente tomem! Capturem! Se a presença das massas é
imensa, os militares não vão intervir. Convoquem uma assembleia
popular, tenham delegados de todas as áreas e elaborem um programa
para toda a Grécia e isso inspirará o mundo”.
Mas eles têm
suficiente organização para isso?
Esse é o
problema, poderiam ter feito. Creio que se houvesse 500 ou 600 pessoas
pensando com clareza… Na Grécia há a combinação de mobilizações
massivas e grupos escleróticos, atrofiados na esquerda. O Partido
Comunista do Exterior, o Partido Comunista do Interior, cinco dezenas
de grupos trotskistas que sequer podem se unir entre si, muito menos
oferecer liderança às massas.
E o que há de
comum entre os movimentos dos EUA e da Europa e os da Primavera Árabe?
A crise de 2008,
do sistema Wall Street, ou seja, do neoliberalismo, contra o qual os
políticos não são capazes de lidar por causa do “extremo centro”.
Temos uma crise imensa e eles não fazem nada para desafiar a vigência
do neoliberalismo e capitalismo; seguem implementando as mesmas
políticas. Até economistas burgueses tradicionais os advertem que
assim não se resolverão os problemas, mas eles temem fazer mudanças e
abrir espaço para mais disputas.
Mas não é essa
nossa esperança?
Sim, e sou
otimista. Agora temos que dizer: só protestar simbolicamente não é
sufi ciente. Eles [neoliberais] estão plenamente confiantes de que não
existe uma alternativa a eles. Não importam os movimentos de massas.
Virão e passarão e, caso se tornem muito perigosos, podem ser
esmagados. A menos que haja uma crise terminal do capitalismo, os
neoliberais sempre se recuperarão. Por isso que muita gente no mundo
tem esperanças verdadeiras de que algo diferente possa sair da América
do Sul.
O rompimento com
o capitalismo não se dá porque não há vontade popular ou porque não
temos uma alternativa?
Acho que temos
uma alternativa, mas as pessoas ainda continuam um pouco traumatizadas
pela queda da União Soviética e pela vitória do capitalismo na China.
Isso fez com que muita, muita gente, tenha medo de propor
alternativas. Acho que isso acabará, mas necessitamos um ou dois
grandes êxitos em algum lugar para mostrar que é possível construir um
mundo e uma economia que se desfaça completamente do capitalismo. Isso
não aconteceu ainda. Independentemente da solidariedade com os
processos da Bolívia, Venezuela e Equador, o capital permanece. E esse
é o perigo para esses processos. A situação na América do Sul é de
transição, podendo ir além, num bom caminho, ou retroceder, temos que
estar conscientes disso.
Se olhamos
objetivamente, o mundo está pedindo a gritos um sistema diferente.
Essa é a imensa tragédia e a contradição em todos os níveis: na
economia, nas condições de vida durante os últimos 20 anos, o tamanho
da classe trabalhadora mundial, que dizem que desapareceu, na verdade
passou de 1,6 bilhão nos anos de 1980 para mais de 3 bilhões agora,
com a entrada do capitalismo na China, na Rússia, a expansão na Índia
e até no Brasil. A classe trabalhadora mundial é imensa, mas está
muito reprimida na China, na Rússia, mas está aí.
Em segundo lugar,
agora está claro que a maneira como funciona o capitalismo degrada a
ecologia do mundo e o clima. Qual é a solução? A economia planejada,
global ou regional, onde exista grande colaboração e planejamento para
salvar o planeta da devastação do capitalismo: temos que fazer isso,
isso e isso. Não produziremos mais automóveis, tentaremos tirá-los de
uso – não completamente: deixaremos que sejam usados para longas
viagens, não dentro das cidades (nelas, teremos um sistema de
transporte público). Mas os políticos não estão pensando assim, não
podem nem começar a fazê-lo. Então, a necessidade objetiva do
socialismo é muito forte, mas não acontece. Esses políticos e a elite
capitalista que se une contra a classe trabalhadora global e os
movimentos sociais não são capazes de salvar o planeta porque
necessitam maximizar os vultuosos lucros, usar o dinheiro para fazer
mais dinheiro. Isso é o que os determina e o que os explodirá em algum
momento.
Após mais de uma
década das mudanças na América Latina, quais são os resultados?
Varia de país a
país, mas há um padrão que provavelmente é o mesmo. Foi extremamente
importante esses movimentos tomarem o poder em eleições democráticas,
derrubando um dos pilares do Ocidente, que dizia que todos esses
grupos que querem mudanças são antidemocráticos. Isso foi um impacto
tremendo que não se deve subestimar. As vitórias eleitorais sucessivas
de Chávez na Venezuela são extremamente importantes. Primeiro, é um
líder muito valente, sem medo de dizer o que pensa diante dos EUA, o
que é raro. Segundo, o fato de o maior produtor de petróleo da América
se mover à esquerda é um grande atraso para os EUA e é um erro pensar
que eles se renderam. Andaram e ainda estão ocupados com o Oriente
Médio, mas começaram a atuar novamente aqui. Em Honduras, o Esquadrão
da Morte voltou ao poder; usaram colombianos com regularidade para
desestabilizar a Venezuela, puseram cada vez mais pressão sobre o
Brasil para que intervenha a favor de seus interesses no continente.
Hoje, pela
primeira vez na história da América, não há embaixadores dos EUA na
Venezuela, Bolívia e Equador. Isso reflete algo.
O PT chegou ao
poder depois de uma decisão muito consciente – não foi por acidente –
de não desafiar o sistema neoliberal. Não o fizeram e é por isso que
por muitos anos a imprensa financeira, como o Financial Times, The
Economist, dizia que existia na América do Sul o modelo bom, o Brasil,
e o mau, os bolivarianos. O Brasil é o ornitorrinco descrito por
Francisco de Oliveira: manteve, em nível econômico, o modelo
neoliberal – Palocci era um grande –, mas em assuntos externos mudou.
Disseram aos EUA: “já não faremos o que querem”, e as tentativas muito
fortes de dividir Lula e Chávez foram neutralizadas. Talvez seja
somente simbólico, mas foi muito importante.
Então, qual é o
balanço?
É misto. Isso é
um problema, mas é o mundo em que vivemos. Vemos reformas sociais,
tentativas de mobilizar desde baixo, envolver esses setores, fazê- los
participar no funcionamento do sistema e isso é muito positivo. Vimos
imensas quantidades de dinheiro postas a disposição. Mas o fato de que
o capitalismo exista com todas suas contradições também significa que
não se pode lidar com o país como um todo. Qual é a causa do nível de
inseguridade na Venezuela? Se houve uma verdadeira melhora das
condições de vida dos pobres, por que ela acontece? É puramente
interno ou parte é promovida pela intervenção colombiana para criar
instabilidade? Provavelmente um pouco dos dois. Na Bolívia também
houve avanços e problemas, que recentemente explodiram num confronto
entre o povo e o governo, resultado da intervenção econômica de uma
empresa brasileira. Portanto, são problemas que permanecem conosco e
acho que a única solução em médio prazo é os governos fortalecerem e
institucionalizarem estruturas desde baixo. Assim, ainda que
derrotados, a estrutura se mantém alternativa ao parlamento existente
e o progresso conquistado não poderá ser totalmente revertido, porque,
se tentar reverter as reformas, a direita sofrerá um tremendo levante.
Então, penso que
é uma situação mista. Para o resto do mundo, o que aconteceu na
América do Sul é o experimento mais radical até agora – dentro do
capitalismo, de acordo –, mas muito radical, porque o mundo nos disse
que o Estado não deve fazer nada, o que é muito irônico agora, quando
há uma tremenda crise e é preciso recorrer ao Estado.
O senhor acredita
que o Brasil está promovendo um novo tipo de imperialismo?
Nos anos de 1970,
tivemos este grande debate sobre se os poderes regionais poderiam
chegar a ser subimpérios. Ironicamente, Cardoso [FHC] escreveu sobre
isso, quando era de esquerda, na nossa revista New Left Review. Eu
acho um problema, essas são as contradições do Brasil. Se fosse um
governo de direita, não haveria contradições. O governo do PT permitiu
que a indústria privada se metesse em sua indústria petroleira,
fomentou investimentos de corporações ocidentais no Brasil e, logo,
essa é sua própria lógica para operar em outros países do continente,
sem ver que esses investimentos são vistos pelas pessoas desses outros
países como um tipo de exploração.
É muito
comparável com a Índia em partes da Ásia. Essa é a maneira como
funciona o capitalismo, a menos que tenha um Estado que o controle.
Todos esses projetos deveriam ser um corpo comum das repúblicas
sul-americanas. O governo brasileiro provavelmente dirá: “Não depende
de nós, é o capital”. Mas depende deles, sim. Eles podem controlar o
capital se quiserem.
O senhor acha
importante e possível um diálogo entre os processos sul-americanos e
árabes?
É muito
importante que ocorra. Mas os levantamentos árabes ainda não
estabeleceram vínculos entre eles mesmos. Os Estados estão colaborando
entre si, os movimentos estabelecem vínculos apenas episódicos, com
alguns indivíduos. É extremamente importante mostrar alo que se fez na
América do Sul. Quando estamos aqui, pensamos que não é suficiente,
mas comparado ao que aconteceu no mundo árabe, é enorme. Quando Chávez
visitou o mundo árabe há uns cinco ou seis anos e a Al-Jazeera o
entrevistou por uma hora, foi a entrevista mais popular que haviam
feito até então. Porque ele falou sobre o programa social da
Venezuela, como estavam utilizando os recursos do petróleo e os árabes
escutando- o se diziam: “Meu Deus, por que não aqui?”. O diretor da
Al-Jazeera me disse que receberam mais e-mails sobre essa entrevista
do que sobre qualquer outra coisa que já transmitiram. Dezenas de
milhares de e-mails que perguntavam, de diferentes maneiras: “quando o
mundo árabe vai produzir um Chávez?”.
E qual é a imagem
do Brasil no Oriente Médio?
Não creio que o
Brasil tenha uma imagem. As pessoas pensam, desafortunadamente, em
outros continentes neste momento. A Venezuela é uma exceção. Chávez,
basicamente, pôs a Venezuela no cenário mundial. É o único país
sulamericano que de verdade é bem conhecido, pelo programa
bolivariano. Não creio que o Brasil tenha uma imagem, boa ou má.
O Fórum Social
Mundial (FSM) estabeleceu um diálogo entre organizações políticas de
todo o mundo e o senhor participou bastante disso. O FSM poderia ser
um espaço de encontro desses levantamentos hoje?
Não estou tão
convencido disso porque, quando o FSM começou, era extremamente
importante, era a primeira vez, desde o grande triunfo do capitalismo,
que as pessoas de todo mundo que pensavam que era preciso outra coisa
começaram a se encontrar para dizer uns aos outros: “Oi! Você ainda
está aqui! Que bom!”. Nesses anos existiam movimentos sociais
grandíssimos, que podiam ser reconhecidos, que tinham representantes
identificáveis. Tínhamos movimentos e ONGs, com contradições entre
eles em alguns casos. As ONGs, por sua natureza, são obrigadas por
seus patrocinadores a não serem políticas e se concentrarem em um
tema, como una fábrica em particular em um país em particular. Como
resposta aos problemas do mundo isso não é sufi ciente. Muitas ONGs na
Ásia e no mundo árabe foram advertidas por seus patrocinadores para
não se oporem à guerra no Iraque. Então, agora, com os movimentos
sociais debilitados e com as ONGs dominado totalmente o FSM, acho que
ele não é tão relevante. Deixei de ir aos FSMs nos últimos anos. Os de
Porto Alegre foram muito importantes, mas os que se levaram a cabo
agora... converteram- se em uma espécie de simbolismo. Nada é feito.
Só te faz sentir bem por dois ou três dias. E agora tampouco te faz se
sentir tão bem. Muita gente pobre não pôde chegar aos fóruns
organizados na África porque eram muito caros. Seus organizadores têm
que se perguntar: “Para que estamos organizando isso? Qual é o
objetivo do FSM?” Porque o mundo mudou desde os primeiros fóruns, para
melhor em alguns casos, e creio que o mais importante agora é o
fortalecimento regional, unir as forças progressistas na América do
Sul, unir as forças progressistas no mundo árabe, unir as forças
progressistas na Europa contra os banqueiros e a burocracia que não
foi eleita. Nisso que acho que devemos nos concentrar. E com as novas
iniciativas estadunidenses, é muito importante criar um movimento de
oposição na região do Pacífico.
<QUEM É>
Escritor e cineasta, Tariq Ali, 68, é paquistanês radicado na
Inglaterra desde a juventude, onde cursou Ciências Políticas e
Filosofia na Universidade de Oxford. Escreveu mais de duas dezenas de
livros sobre história mundial e política e sete novelas. É editor da
revista New Left Review, assessor da Telesul e articulista frequente
em jornais como The Guardian e The Independent.
Fonte: Brasil de
Fato, Heloisa Gimenez, Marcio Rabat e Vinicius Mansur, 21/12/11.