Sesu/MEC diz que portaria para solucionar crise nos CAp sairá até
próxima semana
A portaria do governo que irá autorizar a contratação de professores
para solucionar a crise instaurada nos 17 Colégios de Aplicação (CAp)
do país deverá ser publicada até a próxima semana. Quem afirma é o
secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz
Cláudio Costa, que esteve reunido com representantes do ANDES-SN na
tarde desta quarta-feira (15/6), na primeira reunião temática agendada
entre as entidades, com o propósito de discutir o tema Carreira
Docente.
“Como a situação
dos CAp está nos preocupando muito, pois há professores sem receber
seus salários desde fevereiro, decidimos iniciar a reunião cobrando
uma solução para o impasse”, explica a presidente do ANDES-SN, Marina
Barbosa Pinto. De acordo com ela, o secretário confirmou que a
portaria não irá promover a desfederalização desses Colégios e que
eles serão mantidos como unidades autônomas das universidades
federais, vinculadas às faculdades de Educação, como reivindica o
Sindicato Nacional.
“Nossa proposta
inicial foi mal interpretada. Nunca pensamos em repassar os CAp para
estados e municípios. Acreditamos que a razão da existência deles é
integrar a formação de novos professores da graduação com o ensino de
qualidade do ensino infantil, fundamental e médio. Por isso, eles têm
que permanecer nas universidades”, justificou o secretário.
De acordo com
ele, a portaria irá resolver também a questão do banco de professores
equivalentes, já criado para as universidades e para as Escolas
Básicas Técnicas e Tecnológicas (EBTT). “Os CAp terão autorização para
contratar o número de professores necessário para seu funcionamento.
Este número está sendo acordado entre o MEC e o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), a partir da demanda apresentada
pelos reitores e pelos diretores dos CAp”, explicou.
Luiz Cláudio
disse ainda que a única meta que será cobrada dos CAp será a de manter
uma relação “razoável” entre o número de professores e alunos. “Na
universidade, trabalhamos com a meta da relação de um professor para
cada 18 alunos. Nas EBTT, são 20 alunos para cada professor. Nos CAp,
a comissão formada por reitores e diretores propõe um professor para
cada 18 alunos no ensino médio e um professor para cada 15 alunos na
educação infantil”, explica o secretário.
Carreira docente
A
presidente do ANDES-SN afirmou que, conforme combinado com o
secretário de Relações Sindicais do MP, Duvanier Paiva, a discussão
será retomada no próximo dia 22/6, às 15 horas, a partir do memorial
feito das reuniões já realizadas durante o governo Lula. “Não houve
negociação nem acordo entre as parte. O que nós, docentes, estamos
propondo é uma reestruturação da carreira e a minuta de projeto
apresentada pelo Planejamento aponta para a criação de uma nova
carreira”, retomou ela.
O secretário
admitiu que a proposta apresentada pelo governo Lula possui sérios
problemas. “Eu acho que precisamos discutir concepções filosóficas. Um
projeto de carreira não pode servir apenas para garantir ganhos
salariais. Concordo que o assunto precisa ser rediscutido, mesmo que
dentro de um prazo pré-determinado”, propôs.
Luiz Cláudio
afirmou também que já extraiu muitos pontos do projeto inicial de
carreira apresentado pelo governo, especialmente os que se relacionam
com gestão. “Essas questões serão contempladas no projeto de lei de
Cargos que enviaremos, em breve, ao Congresso Nacional. No projeto de
carreira, deveríamos discutir, por exemplo, o que é, de fato, um
professor titular e quais critérios ele deverá atender para ingressar
na classe”.
Ainda conforme o
secretário, 52% dos professores que ingressaram na universidade antes
do projeto de expansão do governo Lula, o Reuni, já poderão se
aposentar a partir de 2012. “Nós continuaremos a contratar doutores
que já entram no topo da carreira? O que irá motivá-los a continuar na
universidade?”, questiona.
Proposta do
ANDES-SN
A
presidente do ANDES-SN esclareceu que a proposta de reestruturação da
Carreira do Professor Federal, apresentada pelo Sindicato Nacional,
trabalha com a lógica de que o novo professor tenha estímulo para
produzir na universidade e se desenvolver na carreira, atingindo a
maturidade alguns anos antes de se aposentar. Ela disse também que a
carreira estimula a cooperação, e não o individualismo produtivista.
Conforme Marina,
a carreira se reestrutura em 13 níveis, cujo acesso se dá,
necessariamente, pelo primeiro nível, a partir da aprovação em
concurso público. A proposta de carreira é fundamentada na correlação
do tripé tempo de serviço, regime de trabalho e titulação. Prevê
avaliação feita pelos pares, de acordo com o plano de trabalho e sem
critérios produtivistas. A proposta também elimina as gratificações
produtivistas, prevendo o salário pago em uma só linha no
contracheque.
O secretário
disse que acha interessante a forma com que a proposta do ANDES-SN
reestrutura a carreira, prevendo o ingresso pelo primeiro nível e
prevendo a avaliação, entre outros pontos, mas pediu ao Movimento
Docente que discuta a possibilidade de aceitar algum mecanismo
meritocrático para ascensão nesta carreira. “Precisamos valorizar não
só a pesquisa, mas também a extensão e a boa prática didática”,
completou.
Setor das
Federais
De
acordo com a diretoria do ANDES-SN, a proposta será repassada ao
Setor das Federais, que se reunirá em Brasília nos dias 17 e 18/6,
para avaliar e rediscutir a Campanha 2011.
Fonte:
Por Najla Passos/ANDES-SN