Seção Sindical da UFRJ aciona Ministério Público contra os
estacionamentos pagos na Universidade
Em meados de
2010, sem qualquer consulta à comunidade acadêmica, a UFRJ iniciou
processo com fins de licitar o espaço destinado ao estacionamento na
área do Centro de Tecnologia do Fundão.
Ao fazer a
licitação para cobrança por vagas no estacionamento do Centro de
Tecnologia, a administração da universidade reacendeu a polêmica da
cobrança feita a professores, estudantes, técnico-administrativos de
uma taxa para terem garantido o espaço para o estacionamento de seus
veículos.
Segundo a Assessoria Jurídica da Adufrj-SSind, ao licitar o espaço do
estacionamento do Centro de Tecnologia, a reitoria viola o princípio
da isonomia, já que, em alguns espaços, como o estacionamento do
prédio da reitoria, não há nenhuma cobrança aos usuários.
No último dia 13 de abril, a assessoria da seção sindical fez uma
denúncia ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, informando
deste tratamento desigual em relação aos espaços públicos nos diversos
campi, Unidades e Centros da universidade. A denúncia requer a
abertura de um Inquérito Civil Público sobre a licitação feita pela
universidade, da qual saiu vencedora a empresa AutoPark para a
cobrança de vagas no estacionamento do Centro de Tecnologia.
A diretoria da Adufrj-SSind, assim como muitos docentes e outros
integrantes da universidade, é contrária à cobrança de taxas para uso
do espaço público da instituição.
Além de cobrar
pelas vagas, reitoria aciona CET-Rio para multar veículos no campus
Há algumas semanas, a Companhia de Engenharia e Tráfico da prefeitura,
assim como já ocorreu em outras datas, desde o ano passado, vem
realizando uma espécie de “choque de ordem” na Cidade Universitária.
“Alguns dias eu deixei meu carro em cima do gramado, aqui na entrada
do CT. Quando cheguei um dia à noite, o carro estava com um adesivo da
CET-Rio”, disse o professor de Engenharia Naval José Henrique
Sanglard. O professor disse não ter procurado a prefeitura da Cidade
Universitária para relatar o ocorrido, mas informou no Instituto
Alberto Luiz Coimbra (Coppe) e na Escola Politécnica, onde exerce suas
atividades.
Desde a abertura do processo de licitação, a comunidade do Centro de
Tecnologia se revoltou contra a cobrança e muitos passaram a
estacionar seus carros fora da área do estacionamento. O “choque de
ordem” implementado nas últimas semanas parece caracterizar uma
pressão para que os usuários do campus paguem as taxas cobradas pela
empresa. “É claro que eu estava irregular, mas acredito que esta
medida é uma forma de eles forçarem as pessoas a pagar o
estacionamento”, argumentou o professor
O professor diz, ainda, que não houve nenhuma melhoria depois que a
AutoPark assumiu o controle do estacionamento do CT. “Eles somente
controlaram a entrada e saída, e a demarcação das vagas”. Para o
docente, a situação do estacionamento pago ainda traz diversas
contradições. “Tem alguns que pagam, outros que não. Disseram-me que
seriam diretores de unidades. Tem os mensalistas, que agora não estão
mais sendo aceitos devido a uma cota máxima de 600 vagas, atingida,
segundo a empresa”.
Para José Sanglard, a licitação para gerenciamento e cobrança de vagas
em estacionamentos na universidade caracteriza uma gestão empresarial
por parte da reitoria. “O estacionamento pago no campus só teria
sentido se tivesse um sistema de transporte muito eficaz, sem
dificuldade”, o que está longe de ser uma realidade, mesmo com a
implantação do terminal rodoviário e a circulação dos ônibus promovida
pela administração central.
Sanglard lembrou ainda que o próprio reitor eleito, Caros Levi, teria
dito durante sua campanha que os estacionamentos deveriam ser
gratuitos. “O próprio reitor eleito disse que o espaço deveria ser
gratuito e se deveria pensar uma maneira de mudar isso. Esta lógica
está errada, daqui a pouco eles vão nos cobrar o banheiro que usamos
aqui dentro. Ou então na próxima greve vamos ter que pedir o
vale-estacionamento”.
A redação do Jornal da Adufrj ouviu o prefeito da Cidade
Universitária, Hélio de Mattos. Em resposta às críticas feitas à
aplicação de multas no campus relatou que há cinco anos existe um
convênio da administração com a CET-Rio e que as multas não deveriam
ser surpreendentes para nenhum servidor. “Carros que ficam na rua,
sobem na calçada, ficam na ciclovia são multados, a Cidade
Universitária é uma cidade como qualquer outra. Se houve algum erro,
pode-se até recorrer”, disse.
Segundo o prefeito, o Conselho Superior de Coordenação Executiva
(CSCE) aprovou em 2006 o convênio entre a UFRJ e a Prefeitura do Rio
de Janeiro, assinado pelo reitor e pelo então prefeito do Rio de
Janeiro. “Desde então, órgãos como a Secretaria Municipal de
Transportes (SMTr) e a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de
Janeiro - CET-RIO têm executado ações na Cidade Universitária”.
Hélio anunciou, ainda, que a CET-Rio tem um escritório na Ilha do
Fundão desde a data do convênio, localizado na Praça Jorge Machado
Moreira, e que serviria de apoio para as ações na área da AP 3.2
(Região que engloba as ilhas do Fundão e do Governador).