Revoltas no mundo árabe e na Europa acirram as contradições sociais


As revoltas populares que sacudiram o mundo árabe e, agora, abalam a Europa trazem novos elementos como o protagonismo de jovens desempregados e desacreditados das instituições convencionais, as convocações via redes sociais, porém não têm origem e não se explicam apenas pelas manifestações espontâneas. De acordo com a análise de conjuntura que a diretoria do ANDES-SN irá apresentar no 56ºConad, esses episódios estão interligados com a onda de greves, paralisações, manifestações e ocupações de fábricas que ocorreram em todo o mundo desde o início desta última crise econômica mundial, em 2007, nos Estados Unidos, acirrando a luta de classes e recolocando a necessidade de uma estratégia mundial de luta pelo socialismo.

“Os acontecimentos mundiais, a persistência e o agravamento da crise  econômica internacional sugerem que estamos entrando em uma nova fase  histórica em todos os continentes, uma etapa que questiona problemas  políticos não resolvidos das etapas precedentes. A convulsão no mundo  contemporâneo, desde a Venezuela e América Latina à Palestina e Médio  Oriente, desde a França e Europa à Ásia Central, Rússia e china, marca  claramente a transição desde o período prévio, dominado pelos efeitos  diretos do colapso da União Soviética, a um novo ascenso internacional  de lutas nacionais e sociais nos últimos anos do século XX e nos primeiros anos do século XXI, a uma polarização das forças sociais que avança para grandes confrontações em todo o mundo”, sustenta o documento.

Início da resistência

O texto demonstra que, logo após o estupor inicial frente à crise que se espalhou pelo globo em 2008, os trabalhadores começaram a reagir aos efeitos catastróficos da crise sobre o mundo do trabalho. A revolta grega de dezembro de 2008, com grande papel do movimento estudantil, evidenciou o início de uma resistência. No ano seguinte, a luta se espalhou pela Europa, cabendo ao setor educacional um papel importante. Foram registradas greves estudantis na Espanha e na Inglaterra, e greve estudantil e docente na Itália.

Na Espanha, um pacote de austeridade imposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em 5% os salários do funcionalismo em 2010 e diminui os investimentos públicos em 600 milhões de euros. Os trabalhadores enfrentaram a crise com uma massiva paralisação nacional. As greves gerais na Grécia e na Turquia, as greves e manifestações na França e Espanha, as ocupações de fábricas na Itália, a onda de greves nos estaleiros de Dubai são outros exemplos do acirramento da luta mundial.

“Até os setores menos organizados e mais recentemente estruturados dos  trabalhadores começam a se mobilizar. O movimento de classe existe e se apresenta com uma dimensão qualitativamente diferente em seu alcance geográfico e político no âmbito internacional. A crise capitalista, por outro lado, se alimenta e acentua a destruição das forças produtivas e do meio ambiente”, acrescenta o texto de análise da conjuntura internacional elaborado pela diretoria do Sindicato docente.

Fonte: ANDES-SN

 


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