Repreensão da PM leva estudantes da USP a ocuparem prédio no campus
Butantã
Estudantes da
Universidade de São Paulo (USP) voltaram a ocupar um prédio da
Faculdade de Filosófica, Letras e Ciências Humanas. O ato é um
protesto à atuação da Polícia Militar (PM-SP) em confronto ocorrido
quinta-feira (27), em que estudantes foram agredidos com cassetetes,
bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Os manifestantes
reivindicam o fim do convênio assinado pela reitoria da USP com a
Secretaria de Segurança Pública (SSP), a saída dos policiais militares
do campus e a revogação de processos administrativos contra estudantes
e funcionários.
Para a diretoria
da Associação dos Docentes da USP (Adusp), os fatos ocorridos no dia
27 foram “antecipadamente anunciados” a partir do momento em que o
reitor da instituição, João Grandino Rodas, fez o convênio com a SSP.
“O polêmico
convênio, firmado no calor do trágico episódio do assassinato de um
aluno da Faculdade de Economia e Administração, suscitou desde o
início uma série de preocupações quanto ao risco de graves conflitos
entre a PM-SP e estudantes”, diz a Adusp em nota enviada à imprensa.
Já para o 1º
vice-presidente da regional SP do ANDES-SN, professor Francisco
Miraglia, é inadmissível a atuação da PM dentro do campus para
resolver questões de relacionamento entre a comunidade acadêmica. “É
um absurdo descabido. A PM tem de ficar fora do campus. Além de ser um
ato de violência, é uma violação à autonomia universitária”, afirmou.
“A presença da polícia no campus seria justificada em caso de crime, o
que não é o caso”, completou.
Para Miraglia, o
convênio entre a reitoria a SSP reflete o traço autoritário do atual
reitor da USP.
Segurança
A Adusp defende
que a Universidade constitua e mantenha um contingente de
funcionários, devidamente preparados de acordo com os valores
humanitários, para realizar a segurança em seu território. “Para
tanto, é necessário que invista na formação de funcionários aptos a
atuar nesse espaço, mostrando que casa educativa não é lugar de
polícia” argumenta.
A reitoria, no
entanto, ao invés de assumir a responsabilidade pela condução de
políticas sérias de segurança e de convívio na universidade,
respaldadas pela comunidade, “opta por estimular o autoritarismo,
delegando à Polícia Militar esse papel, em flagrante violação do ethos
universitário”.
Histórico
De acordo com a
redação do jornal Brasil de Fato, os estudantes realizarão no final da
tarde desta segunda-feira (31) um ato em frente à Reitoria da
Universidade de São Paulo (USP) no campus Butantã. Na terça-feira (1),
no mesmo horário, realizarão uma assembleia geral no vão do prédio dos
cursos de História e Geografia.
A ocupação foi
decidida depois que policiais abordaram três estudantes que fumavam
maconha em um carro no estacionamento da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Os três foram interrogados em uma
sala de aula e depois foram levados para a delegacia.
De acordo com o
jornal, desde o início do convênio da reitoria com a SSP, tem
aumentado o desconforto na USP. A comunidade acadêmica argumenta que
os policiais não reduzem a criminalidade, já que no dia em que o
estudante foi assaltado e morto policiais militares estavam fazendo
ronda no local.
Além do fim do
convênio, os estudantes pedem que sejam revistos os processos
administrativos contra 26 estudantes e cinco diretores do Sintusp
(Sindicato dos Trabalhadores da USP), que estariam sendo processados
por motivações políticas. Os primeiros podem ser expulsos da
universidade, enquanto os segundos poderão ser demitidos.
Fonte: ANDES-SN