Relator do PNE altera conceito de investimento e favorece o ensino
privado
A Campanha
Nacional pelo Direito à Educação fez os cálculos e comprovou que o
relatório apresentado esta semana pelo deputado Ângelo Vanhoni (PT/PR)
ao Plano Nacional de Educação (PL 8035/10) prevê um investimento em
torno de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação pública e não
os 8%, como o afirmado no relatório.
“Além do volume
equivalente a 8% do PIB ser insuficiente, o Substitutivo usou o
conceito de ‘investimento público total’, que inclui as transferências
do poder público para o setor privado educacional, deixando de usar o
conceito de ‘investimento público direto’. Essa manobra contábil
significa, na prática, menos recursos para a educação pública”, afirma
o coordenador da Campanha, Daniel Cara.
“Nesse ponto, o
relatório do deputado Angelo Vanhoni é um retrocesso. Considerando o
Pronatec e a expansão do Fies e de outros programas, estima-se que,
atualmente, o investimento público total em educação esteja próximo de
6% do PIB, sendo 5% em investimento direto e 1% em transferências.
Assim, os 8% do PIB defendidos pelo deputado Vanhoni serão, na
prática, cerca de 7% do PIB de investimento de recursos públicos para
a educação pública”, denuncia.
Ele explica que a
proposta inicial do governo previa 7% do PIB em investimentos diretos
em educação.
Para Daniel Cara,
mais do que uma manobra contábil, a mudança na nomenclatura pode
significar, no futuro, menos recursos para a educação pública. “Com o
aumento das parcerias público privadas, a tendência é que aumentem as
transferências de recursos para o setor educacional privado. Ou seja,
no global o governo pode até investir mais, porém, o orçamento da
educação pública estará enfraquecido, inclusive do ensino superior”,
prevê.
Nesta
quarta-feira (7), várias entidades ligadas à educação reuniram-se com
o deputado Ângelo Vanhoni. Na conversa, ele aceitou incorporar novas
emendas ao relatório, mas afirmou que não conversaria com as entidades
sobre a meta do financiamento.
Para o ANDES-SN,
os dados e análises produzidos pela Campanha materializam as
avaliações do Sindicato de que o compromisso do atual governo com a
escola pública é uma falácia. “Esse descompromisso fica evidenciado na
partição do orçamento de 2010, quando gasta 44,5% com pagamento de
juros e amortizações da dívida e cerca de 5% com educação, ou quando
aponta para 2020 um índice de investimento que já tinha sido proposto
pelo movimento social para 2010, que foi vetado por FHC e não
derrubado por Lula”, avalia a 1ª vice-presidente da Regional Rio
Grande do Sul e integrante do GT de Políticas Educacionais do
ANDES-SN, Laura Fonseca.
“Agora, repetir o
índice de 7% até 2020 e ainda com a manobra de investimento publico
total, ou seja, destinando recursos também para o setor privado, é
profundamente desrespeitoso com os quase 25% da população de 15 anos
ou mais que se encontra em situação de analfabetismo ou de precária
escolaridade”, contesta Laura Fonseca.
Diante dessa
tentativa de manipulação dos conceitos, o ANDES-SN conclama os setores
da sociedade comprometidos com a qualidade da escola pública a
cerrarem fileiras na luta estratégica do plebiscito pelos 10% do PIB
para a educação pública, já!
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Fonte: ANDES-SN,
7/12/11.