Reitor
da UFRRJ pede apoio para fechamento de aterro sanitário sobre
aquífero
O reitor da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Ricardo Motta
Miranda, pediu apoio ao Congresso Nacional e às autoridades do governo
federal para a interrupção das atividades do aterro sanitário
instalado sobre o aquífero Piranema. O Centro de Tratamento de
Resíduos (CTR) Santa Rosa está localizado em Seropédica, região
metropolitana do Rio de Janeiro, onde existe uma reserva de água
subterrânea com capacidade para abastecer a capital do estado.
Miranda
informou que a universidade já ingressou com ação na Justiça pedindo a
interdição das atividades do aterro sanitário. O apelo foi feito
durante participação em sessão especial do Senado, nesta segunda-feira
(9), para comemorar o centenário da UFRRJ.
A UFRRJ é a
primeira instituição brasileira parceira em programa internacional de
práticas de desenvolvimento sustentável, segundo ressaltou o reitor.
Ele lamentou, no entanto, o fato de a instituição enfrentar
dificuldades para impedir a existência de um lixão sobre uma reserva
de água nos fundos de seu campus.
- Não somos
contra aterro sanitário. Sabemos que aterro sanitário é um passo
avante da irresponsabilidade que é os municípios terem lixões a céu
aberto sem nenhum tipo de cuidado. Mas é inadmissível que se coloque
em cima de um aquífero - argumentou o reitor.
A senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR) manifestou solidariedade à luta dedirigentes,
professores e alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) para fechar o aterro sanitário construído em Seropédica, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde funciona o maior campus
daquela instituição de ensino. A senadora falou em sessão especial de
homenagem à UFRRJ pelo centenário de sua criação, realizada em
Plenário nesta segunda-feira (9).
A
universidade ingressou com ação na Justiça para impedir o
funcionamento do aterro, com base em estudos no qual são apontados
riscos de contaminação do Rio Guandu e de águas subterrâneas
existentes na região. Conforme Gleisi Hoffmann, a questão deve ser
amplamente debatida e o próprio Senado pode ser palco dessa discussão.
Projetado
para receber todo o lixo da capital fluminense, o aterro foi também
criticado pelo presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da
UFRRJ, Cléber Vinícius. De acordo com o líder estudantil, laudos
produzidos pela universidade, apoiados pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Conselho Regional de Engenharia
e Arquitetura (CREA) demonstram que há claros riscos para a população.
- Se houver
vazamento de chorume para o Rio Guandu, poderíamos ter milhões de
pessoas condenadas à morte - afirmou.
Cléber
Vinicius disse que o aterro também representa risco para animais já
ameaçados de extinção que habitam a área de influência do aterro. Ele
citou o tamanduá-mirim, onças suçuaranas e uma espécie de peixe que
não existira em nenhum outro lugar (Leptolebias minimus).
De acordo
com Cléber Vinicius, as autoridades afirmam que o aterro possui uma
camada de proteção junto ao solo capaz de impedir vazamentos do lixo
em decomposição. No entanto, ele disse que índice pluviométrico na
área é elevado e que já houve rompimentos da bacia do aterro só com o
peso da chuva, mesmo antes da descarga de lixo na área.
Simbolismo
Outro ponto
sensível é a recusa da população da Baixada Fluminense em receber o
lixo produzido na capital, conforme o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ). Propositor da sessão comemorativa dos cem anos da criação da
UFRRJ e também presidente da mesa de trabalhos, Lindbergh disse que
esse aspecto "simbólico" também não pode ser desconhecido. No seu
entendimento, a solução é implantar o aterro em área que integre os
limites da própria capital.
Fonte: Da Redação / Agência Senado