Regional RS do ANDES debate Reforma do Estado
Às vésperas de mais um Conselho Nacional de Entidades (Conad),
a Regional RS do ANDES-SN se reuniu em Rio Grande na última sexta,
1/7, para debater a situação da educação no Brasil – em especial a
educação técnica e tecnológica. Mais de vinte docentes de todo o
estado estiveram presentes no debate de abertura, realizado na sede da
Associação dos Professores da Universidade Federal do Rio Grande
(Aprofurg Seção Sindical). O encontro preparatório ao 56º Conad
prosseguiu ao longo de todo o sábado, 2.
Carlos Pires, professor do departamento de Geociências da Ufsm e 2º
vice-presidente da Regional RS do ANDES, comandou a mesa de debates de
sexta à noite, que durou mais de duas horas. A primeira fala foi de
Francisco Freitas, professor do departamento de Metodologia do Ensino
da Ufsm, que também é atual conselheiro da Sedufsm. O eixo central
abordado por Freitas foi a mudança de rumos dentro da universidade: os
cursos são “vendidos” à sociedade como um meio de se conseguir chegar
ao mercado de trabalho, não mais para que os estudantes pensem no meio
em que vivem.
O professor se mostrou preocupado com a racionalidade do lucro, que
forma os estudantes apenas para o mercado de trabalho. Citou também o
Ensino a Distância (EaD), que considera um desserviço à educação
superior brasileira: “vamos passar a apenas adestrar os alunos, não
mais a educar”. Por fim, ressaltou que uma mudança para melhor não
virá por meio de pequenas reformas: “temos que pensar em uma mudança
radical do que estamos vendo. Temos que voltar às ruas, para defender
a universidade que queremos”.
Ifetização
Em seguida, o professor Alberto Franke, da Universidade Federal de
Santa Catarina (Ufsc) explicou o processo de “ifetização” ocorrido nas
escolas técnicas e tecnológicas durante os dois governos de Lula.
Franke lembrou que o presidente petista, ao contrário de FHC,
priorizou a criação de vagas no ensino técnico federal. Em 2008, o
então presidente iniciou a união entre pólos federais isolados – à
época vinculados às reitorias das Ifes. Nasceram as Ifets,
instituições que congregam diversos pólos de ensino técnico em apenas
uma reitoria, distante geograficamente de todos.
O professor catarinense continuou o discurso criticando o processo.
Franke lembrou que o governo federal se utiliza desse processo para
alegar crescimento, mas que, na verdade, foram criados verdadeiros
“escolões” para os pobres. “Quem tem dinheiro, vai para a universidade
e tem uma formação de qualidade. Quem não tem, vai para o ensino
técnico, que não tem qualidade”. Franke ainda ressaltou que o processo
de ifetização acabou com a autonomia dos colégios técnicos: “antes,
respondíamos à reitoria das universidades, ainda tínhamos certa
autonomia. Agora, respondemos à reitoria da Ifet. O problema é que o
processo é completamente verticalizado, e os funcionários não se
portam mais como funcionários da Ifet, e sim de uma repartição pública
do governo”.
CAp
Quem terminou a apresentação do debate foi a professora Cristina
Miranda, do Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (Ufrj). Ela relatou as péssimas condições vividas pelos
docentes do CAp. Por quase dez anos não realizou-se concursos públicos
para professores, o que deixou o colégio com mais de 60% do quadro
docente composto por substitutos. Só que, além disso, os professores
substitutos contratados no início de 2011 não têm contrato nem podem
receber seus salários.
Para contornar essa aberração legal, a Ufrj decidiu pagar os
substitutos como prestadores de serviço. Mas isso só pode acontecer
por três meses seguidos, se não pode ser configurado como vínculo
empregatício. Cristina concluiu pessimista com o futuro do CAp da
Ufrj: “se em agosto esses professores não tiverem sido contratados
legalmente, não teremos docentes suficientes para seguir o semestre. A
única saída parece ser mais uma greve”.
Fonte: Por Fritz
R. Nunes
/Sedufsm