Protestos e suspensão do vestibular na ESS revelam precariedade da
expansão desenfreada na UFF
A falta de
professores e de infra-estrutura têm provocado diversas manifestações,
até mesmo simultâneas, na Universidade Federal Fluminense (UFF). Os
docentes da Escola de Serviço Social (ESS/UFF) de Niterói suspenderam
o Vestibular 2012 e os do Pólo Universitário de Rio das Ostras (Puro)
ameaçam seguir o mesmo caminho, caso nenhuma providência seja tomada.
Hoje, a
comunidade acadêmica do campus de Niterói realizou um ato público em
frente ao Restaurante Universitário para denunciar as condições
críticas de funcionamento da instituição. Ao mesmo tempo, alunos da
Escola de Serviço Social (ESS/UFF) promoveram um piquete na portaria
da unidade, impedindo a entrada de professores e funcionários.
Na quarta-feira
(25/5), também em Niterói, a comunidade acadêmica realizou um grande
protesto no auditório em que iria ocorrer a reunião do Conselho
Universitário. A administração superior optou por esvaziar a reunião e
os manifestantes ocuparam o prédio da reitoria. Foram recebidos pelo
vice-reitor Sidney Luiz de Mato Mello, que não apresentou nenhuma
solução concreta para os problemas apresentados.
No Pólo
Universitário de Rio das Ostras (Puro), houve paralisação geral.
Durante a tarde a comunidade acadêmica realizou uma grande passeata
pelas ruas da cidade, que contou também com representantes de unidades
de outros municípios, já que os problemas causados pela expansão sem
qualidade são generalizados.
“Hoje, nós
protestamos em frente ao bandejão enquanto os estudantes faziam um
piquete na Escola de Serviço Social. Vivemos um caos generalizado
aqui. Não temos professores suficientes. Em Rio das Ostras, os
docentes chegam a dar aulas em contêineres”, critica o 1º
Vice-Presidente da Associação dos Docentes da UFF (Aduff Seção
Sindical), Juarez Torres Duayer.
Aulas em
contêineres
No Puro, a universidade funciona em
uma escola cedida pela prefeitura. São 19 salas para 1,3 mil alunos, o
que significa quase 69 alunos por sala. O espaço, obviamente, é
insuficiente. Para tentar aplacar o problema emergencialmente, foram
instalados dez contêineres que servem como salas. Não há espaço para
laboratórios que permitam o desenvolvimento de pesquisa e de
atividades práticas acadêmicas.
A comunidade de
Rio das Ostras reclama ainda que faltam pelo menos 87 professores para
atender aos seis cursos oferecidos pela unidade. “Se esses problemas
não forem resolvidos, eles terão que suspender o vestibular 2012, a
exemplo da ESS/UFF, pois não há como receber novos alunos”, acrescenta
Juarez.
Suspensão do
vestibular
O
vestibular 2012 para o período vespertino da Escola de Serviço Social
de Niterói, da UFF, foi suspenso por solicitação do corpo docente,
devido à precariedade das condições de trabalho na instituição.
A decisão,
aprovada pelas instâncias colegiadas, será apresentada à reitoria da
UFF através de documento elaborado pelo Departamento de Serviço Social
de Niterói (SSN), e pela Coordenação do Curso de Graduação de Serviço.
Atualmente, a ESS/UFF conta com vestibular para os períodos da tarde e
noite, com oferta total de 220 vagas/ano.
O curso é
terceiro que mais oferece vagas na UFF e tem visto uma crescente
demanda nos últimos cinco anos. Apesar da evolução, o departamento de
Serviço Social possui apenas 39 docentes, sendo 35 em regime de
dedicação exclusiva (DE). Isso representa um número alarmante de
34,37 alunos por professor.
Além da meta
Reuni
Com
base nas diretrizes do Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a meta estabelecida
para a expansão universitária até 2012, nos cursos presenciais de
graduação, é uma relação aluno/professor (RAP) de 18 discentes por
docente.
Para se adequar
às normas do Reuni, o número de docentes necessário para o
funcionamento adequado da ESS/UFF, em regime de DE, deveria ser de 67
professores – quase o dobro do atual. Uma das críticas do ANDES-SN ao
Reuni é que a relação professor-aluno já é considerada alta.
Sindicato
Nacional
O 1º
vice-presidente da Secretaria Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN,
Frederico José Falcão, e a 2ª vice-presidente, Sônia Lúcio,
representaram o Sindicato Nacional docente na atividade de mobilização
ocorrida nesta quinta-feira, na UFF.
Fonte: Najla
Passos e Renata Maffezoli/ ANDES-SN