Protesto na reitoria da UFSM chega ao sexto dia
Ocupação repercute na mídia e ganha apoio ilustre
A ocupação dos estudantes da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM) ao prédio da reitoria, em protesto contra a falta de
professores, entre outras reivindicações que constam de um extenso
documento já publicado pela Seção Sindical dos Docentes da UFSM
(Sedufsm), completou o sexto dia nesta terça-feira, 6 de setembro. A
mobilização já repercute nacionalmente na imprensa e levou hoje (6/9),
ao meio-dia, que o reitor, professor Felipe Müller, fosse a um debate
com um representante dos estudantes na RBS TV (afiliada local da Rede
Globo).
Os estudantes argumentam que só vão deixar o prédio da Administração
Central depois que o reitor apresentar respostas por escrito à pauta
de reivindicações. Já o professor Felipe Müller se disse “surpreso”
com a atitude tomada segunfa-feira pelos ocupantes, que decidiram
trancar as portas do prédio da reitoria e somente permitir a entrada
de pessoas que precisam tratar de algum assunto urgente. Segundo o
reitor, essa iniciativa estaria dificultando o próprio processo de
negociação. Entretanto, está previsto para o final da tarde desta
terça, uma nova reunião entre reitoria e comissão de negociação dos
estudantes para tentar por fim ao impasse.
A rapaziada
Além do apoio e solidariedade manifestados desde o início pelo
sindicato docente (Sedufsm) e pelo sindicato dos servidores (Assufsm),
aos poucos, a mobilização discente ganha outros simpatizantes. Nesta
terça, o promotor de Defesa Comunitária de Santa Maria, João Marcos
Adede y Castro, através do twitter e de seu blog, expressou simpatia
ao protesto. Em um texto inspirado na música de Gonzaguinha – Eu
acredito é na rapaziada- Adede y Castro ressalta: “Sei que o bom senso
devia me convencer que eu devia ficar fora desta, porque parece que
não tenho nada a ver com o caso, mas como cidadão acho uma barbaridade
que, em vista da greve de servidores, os estudantes se vejam há mais
de dois meses sem RU e sem Biblioteca”.
O promotor, que estudou na UFSM e cita que morou na Casa do Estudante,
enfrentando muitas dificuldades para se formar acrescenta que: “A
questão não é saber quem é culpado pela greve dos servidores, mas é
certo que a responsabilidade todos sabem de quem é: da União
irresponsável. Tem dinheiro para tudo, menos para dar aos estudantes
bóia e biblioteca(...). Sem violência às pessoas e sem destruição do
patrimônio público (que disto já está se encarregando o Estado), toda
manifestação por direitos é justa, válida e legítima. Rapaziada, eu
acredito em vocês”.
História recente
Até o momento, o protesto dos estudantes tem transcorrido sem grandes
problemas. Entretanto, nem sempre foi assim. Em dezembro de 2007, às
vésperas da votação do polêmico Reuni (Programa de Apoio à Expansão e
Reestruturação das Instituições Federais de Ensino Superior), a
reitoria da UFSM, comandada à época pelo professor Clovis Lima, que
tinha como vice, Felipe Müller, conseguiu uma decisão judicial chamada
“interdito proibitório”. Por essa decisão, tanto estudantes como
professores, através de suas entidades de classe, estavam proibidos de
realizar qualquer manifestação junto à reitoria ou mesmo promover
trancamento na Avenida Roraima.
Essa atitude gerou muitos questionamentos e desgaste político ao grupo
dirigente da UFSM, especialmente porque a Sedufsm foi incluída na ação
judicial preventiva, sem qualquer elemento que a justificasse, tendo
em vista que a entidade nunca esteve à frente de qualquer movimento de
ocupação de prédio público. No dia da votação, as portas da reitoria
foram fechadas, mas não pelos estudantes, e sim por agentes da Polícia
Federal, chamados pela reitoria para proteger os “malfeitores” que
queriam protestar contra a votação do Reuni. Longe de qualquer
manifestação, os conselheiros aprovaram a implementação do programa
(32 votos a favor e 13 contra).
Passados quatro anos, os estudantes reivindicam que as promessas do
Reuni, de que seria promovida uma expansão com qualidade no ensino
superior, sejam cumpridas de forma efetiva.
Fonte:
Por Fritz R. Nunes (texto e fotos)/Sedufsm - Seção Sindical