Estudantes,
técnicos e professores da UFRRJ, juntamente com a comunidade, param o
centro de Seropédica para protestar contra a instalação de um aterro
sanitário no município
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Após
concentrarem-se em frente ao Prédio Principal da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, no último dia 22/3, professores,
técnicos e estudantes marcharam do campus da instituição ao
centro de Seropédica para protestarem contra a instalação de um
aterro sanitário no município.
O ato
foi organizado pelo Fórum de Mobilização contra o aterro
sanitário, constituído por representantes do movimento
docente, discente e dos técnicos, bem como por membros da
sociedade civil de Seropédica.
A
Reitoria se fez presente pelos professores José Claudio de Souza
Alves, conhecido como “Chicão”, e Eduardo Mendes Callado,
respectivamente Decano de Extensão e Decano de Decano de Assuntos
Financeiros. A Diretoria da ADUR-RJ esteve representada pelos
Professores Ana Cristina S. dos Santos e Victor Cruz Rodrigues.
Alunos
do Colégio Técnico da Rural – CTUR e de outras escolas públicas da
cidade também participaram das atividades, cujo ápice foi a
paralisação da rodovia BR 465, atravancando o trânsito.
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Concentração na UFRRJ
Ainda na
UFRRJ, os manifestantes fizeram bastante barulho, apitando e batendo
em latões improvisados como tambores. Valendo-se do altofalante dos
carros de som, conclamaram os colegas e a comunidade à luta,
denunciando as arbitrariedades que envolveram a instalação do aterro
sanitário na cidade. Disseram que, se construído em Seropédica, o
empreendimento receberá, diariamente, toneladas de lixo de todo o
Estado do Rio de Janeiro. Afirmaram também que o aterro comprometerá o
crescimento e desenvolvimento de Seropédica, e que trará ainda mais
transtornos ao trânsito no município, que, já é bastante caótico.
Muitos também usavam camisas com a frase “Proteja o Aquifero”, pois, o
aterro sanitário ficará muito próximo a este reservatório natural de
água potável, que, corre riscos de contaminação pelo chorume e outros
resíduos do lixo.
Para os
estudantes, a construção do aterro é muito prejudicial ao município e
às regiões adjacentes, sobretudo porque Seropédica é um local
conhecido pelo seu potencial agrícola. “Não queremos o ‘lixão’ porque
vai contaminar tudo o que temos por aqui. Não podemos ficar calados
diante deste absurdo”, disse Marilúcia Aparecida Soares, que é
graduanda em licenciatura de educação no campo. Moradora de Macaé, ela
afirmou que a mobilização é fundamental para denunciar os riscos do
aterro para a comunidade seropedicense.
Para Ian
Gama da Silva, toda a UFRRJ deve se envolver na luta: “Somos seres
pensantes e temos consciência dos problemas ambientais e sociais que
envolvem a questão. Temos que demonstrar que de fato nos importamos
com a nossa comunidade. E a Rural, como a única Universidade do Rio de
Janeiro com cursos voltados exclusivamente para a área ambiental, tem
a obrigação de estar mobilizada contra o aterro sanitário”, disse.
“Esta passeata é uma forma de mostrar à sociedade o que está
acontecendo. As pessoas estão fechando os olhos para um problema que é
de todos, completou Vitor Werneck, que, assim como Ian, cursa o sétimo
período de Engenharia Florestal. “A Baixada já é esquecida pelos
governantes. Mandar o lixo para Seropédica é uma questão estratégica
para o governo, porque tem a ver com os eventos esportivos que a
cidade do Rio de Janeiro irá sediar nos próximos anos”, lembrou João
Francisco Alves Mendes, graduando em História.
O docente
Otair Fernandes de Oliveira, do Departamento de Educação e Sociedade
do Instituto Multidisciplinar – campus da UFRRJ em Nova Iguaçu, também
participou do ato. Ele criticou a construção do empreendimento,
dizendo que a questão diz respeito a todos e não apenas aos habitantes
de Seropédica. “Um aterro não pode estar perto de moradias e,
sobretudo em uma área ambiental. Qual foi a discussão feita pelo
governo para que o cidadão de Seropédica e a Universidade pudessem se
posicionar em relação ao aterro? O governo não teve respeito pela
população, pela comunidade universitária”, disse.
ADUR-RJ
novamente pressiona Reitor da UFRRJ
A ADUR-RJ
foi uma das organizadoras do ato. A presidente da seção sindical,
Profa. Ana Cristina S. dos Santos, foi entrevistada pelos repórteres
do programa televisivo “Fala Baixada” e, publicamente, mais uma vez
afirmou que a ADUR-RJ tem pressionado ao Reitor da UFRRJ, Prof.
Ricardo Motta Miranda, para que cumpra a deliberação do Conselho
Universitário (CONSU) da instituição e ingresse, pela Rural, com uma
ação na Justiça questionando a construção de um aterro sanitário em
Seropédica. As mesmas considerações também foram feitas pela
Presidente da ADUR-RJ durante a audiência pública realizada na Câmara
de Vereadores de Seropédica, no dia seguinte ao ato.
A
presidente da ADUR-RJ lembrou que o CONSU – instância máxima
deliberativa da instituição de ensino, pesquisa e extensão – decidiu
que a luta contra o aterro deveria se dar no âmbito do judiciário em
sua 256ª reunião ordinária, realizada no dia 21 de junho de 2010. Como
até o final do ano passado o Reitor nada havia feito quanto àquela
determinação, no dia 20 de dezembro, durante a 263ª reunião ordinária
do CONSU, a presidente da ADUR-RJ se posicionou quanto à urgência da
UFRRJ impetrar com a ação judicial contra o empreendimento. Mais uma
vez o Conselho Universitário deliberou sobre o tema, referendando a
decisão anterior: a instituição deveria protocolar ação na justiça
contra o aterro no município.
Conforme
noticiado no encarte que acompanhou a edição 138 do ADUR Informa,
a seção sindical entrou em um conjunto de ações judiciais já
existentes, cujos proponentes são movimentos da sociedade civil
organizada, que questionam a construção de um aterro em Seropédica. O
intuito desta iniciativa é levar a questão para o âmbito federal,
apoiando-se nas deliberações do CONSU.
Em resposta
ao que foi publicado no ADUR Informa, a seção sindical recebeu, no dia
14 de março corrente, uma cópia do ofício nº 204/11-GRU/UFRRJ. O
documento foi assinado pelo Reitor e remetido ao Procurador da UFRRJ,
determinando “que seja encaminhada, de acordo com os trâmites legais,
a urgente solicitação de uma Audiência de Conciliação, no menor prazo
possível, diante do anúncio de uma iminente inauguração da já
mencionada CTR prevista para o final do corrente mês”.
É
importante relatar que, em julho de 2010, na presença do Reitor,
durante conversa com a presidente da ADUR-RJ e o Prof. Edvá Brito --
uma das lideranças no movimento contra o aterro sanitário na
Universidade -- o Procurador da UFRRJ defendeu a abertura de uma
“Câmara de Conciliação” com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA)
para depois impetrar a ação judicial.
No entanto,
apenas no dia 14 de março corrente tal encaminhamento foi feito pelo
Reitor.
A seção
sindical lembra que o INEA já foi devidamente comunicado sobre a
gravidade do empreendimento para o local, a partir de laudos técnicos
especializados produzidos por professores da Universidade. Durante o
55º CONAD do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior - ANDES-SN foi aprovada moção de repúdio ao presidente
do INEA e ao governador do Estado do Rio de Janeiro, pela postura
omissa diante das muitas denúncias feitas sobre o assunto.
Na edição
06/11 do Rural Semanal (correspondente a semana de 21 a 27 de março),
a Reitoria reproduziu o texto anteriormente publicado no informativo
institucional do período de 12 a 18 de julho de 2010, pelo qual
menciona a Moção de Repúdio do Conselho Universitário ao aterro. Esta
moção data de 21 de junho do ano passado e foi importante para marcar
o posicionamento contrário da UFRRJ ao empreendimento. Contudo, diante
da gravidade do caso e ciente do peso que a instituição tem para a
mobilização, o próprio CONSU deliberou que a luta deve ocorrer também
no campo jurídico.
Parada
estratégica: Câmara de Vereadores e centro da cidade
Ao
marcharem da UFRRJ para o centro de Seropédica, os participantes
fizeram uma parada estratégica em frente a Câmara de Vereadores do
município. Despejaram lixo na entrada da casa legislativa da cidade,
para simbolicamente lembrarem que, durante a legislatura anterior, os
parlamentares alteraram a lei orgânica de Seropédica, durante um final
de semana, para aceitarem a construção do aterro sanitário na região.
Após, os
manifestantes pretendiam seguir para a Prefeitura do Município, mas,
diante da informação de que ela estava fechada, resolveram paralisar o
trânsito para chamar atenção dos populares à causa. Contrariando o
desejo da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal, os
participantes alternaram a interrupção do tráfego, a cada cinco
minutos, com a liberação da estrada BR 465 – importante via expressa,
com grande fluxo de caminhões, que interliga os estados do Rio de
Janeiro e São Paulo.
Durante o
ato, representantes da sociedade civil tiveram voz. Ao microfone, o
Professor Cícero Pimenteira, do Departamento de Ciências Econômicas e
Exatas do Instituto Três Rios da UFRRJ, disse mais uma vez que é um
sério equívoco a instalação de um aterro sanitário em Seropédica, que
há um erro de planejamento, e que o fato é de extrema gravidade não só
pelo risco de contaminação do aquífero, mas também pela proximidade da
construção com o rio Guandu – outra importante fonte de abastecimento
para a população da Baixada.
Pelo
Diretório Central dos Estudantes da UFRRJ, foi lida moção de repúdio
ao aterro. Pelo documento, os alunos relacionaram tal construção às
obras de embelezamento da cidade do Rio de Janeiro para prepará-la
para os eventos esportivos de 2014 e 2016. Por isso, responsabilizam o
governador do Estado, Sérgio Cabral, e também o prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes, pela vinda do aterro para Seropédica. O
documento diz ainda que “ratos, moscas e baratas farão parte da nossa
rotina, assim como o mau cheiro”.
Ainda
durante o ato, Dona Helena, uma antiga moradora de Seropédica, mostrou
que a disposição para luta independente da faixa etária. Ela criticou
a falta de mobilização da população e disse que todos devem estar
atentos ao problema. “O lixo será jogado em nossa porta. Temos que
fazer alguma coisa, ir às ruas, ir à luta!”, disse, sendo logo após
carinhosamente saudada pelos participantes da manifestação.
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AS FOTOS DO ATO EM NOSSO ALBUM NO PICASA. Clique
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