Professora teme fechamento de Universidade Estadual do Piauí

Instituição estadual sofre com falta de recursos e estrutura precária 

Por  Fritz R. Nunes/SEDUFSM

A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) está ameaçada de fechamento. O temor é manifestado pela professora Maria das Graças Ciríaco, uma das veteranas na militância docente naquele estado, que também é presidente da seção sindical dos docentes da UESPI, a Adcesp. Ela também é uma das coordenadoras do movimento “SOS UESPI”, deflagrado no ano passado e que redundou em cerca de 60 dias de paralisação na instituição, que tem um campus na capital, Teresina, mais seis campi espalhados em diversos municípios e, em meio aos campi, um total de 45 núcleos da universidade.

A preocupação da professora e sindicalista não é sem motivo. Com apenas 21 anos de fundação, a UESPI possui 1.500 professores. Entretanto, desse total, cerca de 70% atuam através de contratos temporários e, boa parte, possui apenas graduação. Mas, a precarização da docência não é o único problema. Conforme a dirigente da Adcesp, a falta de estrutura salta aos olhos. Segundo Graça, no município de Parnaíba, o prédio está caindo aos pedaços; em Picos, sequer um prédio existe e, mesmo naquele que é considerado o melhor de todos, o campus Torquato Neto, em Teresina, está condenado pela Vigilância Sanitária, pois não possui água potável.

E se não bastasse isso, a universidade sofre com dificuldades financeiras. Apesar de existir uma previsão de repasse orçamentário pelo governo do estado, isso não é cumprido. A instituição, inclusive, arrecada recursos próprios, provenientes da cobrança de mensalidades em curso de pós-graduação. Esses recursos, no entanto, acabam indo parar no caixa único do tesouro estadual, e lá permanecem. Cobrado em relação a isso, o governador, Wilson Martins, justificou que a obrigação de manter o ensino superior é do governo federal.

Redes sociaisDiante de tantos descalabros contra a UESPI, no segundo semestre de 2010, depois de algumas mobilizações, foi lançada a campanha “SOS UESPI”, que representou uma espécie de pedido de socorro da comunidade universitária. Essa campanha acabou sensibilizando a sociedade piauiense. Entretanto, o governo estadual continuou intransigente, o que precipitou uma greve no final do primeiro semestre de 2011, que totalizou dois meses.

O movimento grevista na UESPI foi significativo não apenas porque sacudiu a população do Piauí. A campanha “SOS UESPI” acabou repercutindo de forma poucas vezes vista nas redes sociais, especialmente no twitter. Estudantes, professores, servidores e apoiadores, promoveram o “tuitaço” em defesa da UESPI, que chegou a ser o segundo assunto mais comentado no Brasil no dia em que ocorreu e, também, o décimo quinto assunto mais citado em termos mundiais, no twitter.

A campanha “SOS UESPI”, explica a presidente da Adcesp, inclui quatro eixos básicos: autonomia financeira e de gestão (governo não repassa o previsto na LDO, mas apenas o correspondente à folha de pagamento); concurso público para professor efetivo; assistência estudantil (a universidade não possui restaurante universitário e nem moradia estudantil); democratização interna (não há liberdade de expressar opiniões).

Maria das Graças Ciríaco, mesmo fazendo um balanço positivo de atuação do sindicato, pois, segundo ela, até 2003, a entidade tinha cunho social apenas e, de lá para cá, foi alcançado até um plano de carreira, vê com pessimismo a possibilidade de o governo vir a atender as reivindicações levantadas. Todavia, deixa claro que continua pronta para dar continuidade ao embate. A sindicalista ressalta que a greve não foi encerrada, mas apenas suspensa e a categoria continua em “estado de greve”. Caso o governo continue sem negociar, a tendência é que as aulas não sejam retomadas no segundo semestre letivo.

 

 


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