Presidente
do ANDES-SN fala sobre carreira docente para Seções Sindicais do RS
Durante a
palestra “Carreira docente e a MP 520”, que abriu o 6º Encontro da
Secretaria Regional RS do ANDES-SN, na sexta-feira (8/4), a presidente
do Sindicato, professora Marina Barbosa Pinto, destacou as ações em
defesa de uma carreira dos professores que busca recuperar a isonomia,
a carreira única e o equilíbrio entre os indutores para essa carreira.
Os indutores seriam o tempo de serviço, a formação continuada e a
avaliação interna nas instituições (respeito à autonomia dos
departamentos para fazer a avaliação). Cerca de 35 pessoas
participaram do encontro em Porto Alegre, na Faculdade de Educação da
UFRGS, que prosseguiu ao longo de todo o sábado, com representante de
seções sindicais da UFRGS, UFSM, UFPel, FURG e Unipampa.
Depois que
o ANDES protocolou a proposta de Carreira aprovada no 30º Congresso,
em Uberlândia, em fevereiro deste ano, junto aos ministérios da
Educação e do Planejamento, também foram enviadas cópias da proposta,
transformada em esboço de projeto de lei, para deputados e senadores.
O Sindicato espera a confirmação de uma audiência com o MEC para o
início do mês de maio. Na avaliação de Marina Barbosa Pinto, o
principal mérito da proposta de carreira do sindicato é de que tem um
formato simples, mas permite a mobilidade e o crescimento, respeitando
a isonomia.
No que se refere à proposta de carreira apresentada pelo governo,
através do Ministério do Planejamento, ainda em 2010, a presidente do
Sindicato afirma que é uma “carreira nova”, em que a isonomia é
quebrada, assim como também a paridade entre ativos e inativos. Marina
lembra uma
frase marcante de Duvanier Ferreira, secretário de Recursos Humanos do
Ministério. Segundo ela, por diversas oportunidades, Duvanier usou a
seguinte expressão: “Aposentou, aposentou-se, professora”. Quanto a
essa questão, o professor Robert Ponge, da seção sindical da UFRGS,
fez uma rememoração importante. Segundo ele, na França, o docente
aposentado recebe 75% do valor percebido pelo ativo. Porém, esse
percentual se mantém sempre, em qualquer reajuste concedido aos
ativos.
Dicotomia
Participando da
discussão do tema também estava o professor Carlos Alberto Gonçalves,
presidente da seção sindical dos Docentes da UFRGS. Ele destacou que a
carreira dos professores das federais foi resultado da luta
empreendida pelo ANDES-SN nas décadas de 1980 e 1990. Já a proposta do
governo, segundo o professor, estabelece uma nova dicotomia na
carreira. Ao criar a classe de “Sênior” no topo da carreira, novamente
exclui os aposentados como já ocorrera na criação da classe do
“Associado”, em 2006.
Gonçalves analisa ainda que a concepção do governo sobre a progressão
se embasa muito em cima da atividade em sala de aula, com prejuízo
para a pós-graduação. Outro aspecto ressaltado por ele é que o salário
do docente se mantém sustentado pelas gratificações. Conforme o
ANDES-SN, o salário hoje representa apenas 25% da remuneração, cabendo
às gratificações o restante da composição.
É criada ainda uma retribuição por projeto que, conforme avalia o
Sindicato, valoriza o “empreendedorismo” dentro das universidades,
fazendo do professor um captador de recursos através de projetos. O
dirigente do Sindicato da UFRGS frisa que a proposta de carreira
formalizada no governo Lula nasceu no Ministério do Planejamento e,
segundo ele, não por acaso, possui muita similaridade com o esboço de
carreira feito pela entidade paralela ao
ANDES-SN, o Proifes.
Reforma do Estado
Para a presidente
do ANDES-SN, professora Marina Barbosa Pinto, “os tempos são
difíceis”. Segundo ela, o que se percebe é uma ofensiva do governo
para implementar uma “reforma estrutural do Estado brasileiro”. Nesse
contexto entra a Medida Provisória 520, a que cria a Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares, que é pública, mas de direito
privado, para gerenciar os Hospitais Universitários. Com essa MP, a
Autonomia Universitária sai totalmente arranhada, pois a gestão dos HU
passa a ser feita por um ente externo à instituição. “Estamos vivendo
o olho do furacão de uma mudança estrutural da universidade”, ressalta
ela em tom grave.
Marina
complementa dizendo que o governo petista aderiu à concepção de Estado
defendida pelo governo FHC, cujo principal mentor da reforma
administrativa foi o ministro Luís Carlos Bresser Pereira. “O capital
tem necessidade de uma outra configuração de Estado para atender aos
seus interesses”, frisou a presidente. Nesse turbilhão de coisas, ela
destaca a questão da carreira nas Instituições Federais de Ensino
Superior, que por essa lógica precisaria ser modificada, pois é
anterior ao processo de privatizações do governo FHC.
A mesa de abertura do 6º Encontro da Secretaria Regional RS do
ANDES-SN foi prestigiada pelo diretor da Faculdade de Educação da
UFRGS, professor Johannes Doll, pela 1ª vice-presidente da Regional RS
do ANDES-SN, Laura Fonseca, pelo dirigente da CSP Conlutas, professor
Regis Ethur, pela diretora do Sinasefe, Tânia Guerra, e pelo
presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRGS, Carlos Alberto
Gonçalves. Representando a Sedufsm na atividade esteve o
vice-presidente, professor Julio Quevedo.
Por Fritz R. Nunes
Sedufsm