Essa é uma luta
árdua. Já faz seis meses desde o início da insurreição popular contra
a ditadura de Muamar Kadafi. Mas, agora, os rebeldes ocupam as ruas da
capital Trípoli e, tudo indica, obrigaram a fuga do ditador, que está
procurado, para que não promova nenhum contra ataque.
Segundo a BBC
Brasil, testemunhas afirmam que centenas de rebeldes invadiram o
complexo de prédios em Bab al-Azizia, uma das poucas áreas que
aparentemente ainda estavam sob controle do regime, e considerado como
sua fortaleza.
Ainda segundo a
BBC, uma rádio ligada aos oposicionistas, informava que a bandeira
tricolor utilizada pelos rebeldes foi hasteada no complexo
governamental, no lugar do pavilhão verde utilizado pelo regime de
quatro décadas. A notícia, entretanto, ainda não é confirmada.
Ao que parece
houve pouca resistência às tropas anti-kadafi até mesmo quando os
combatentes tomaram o quartel da então temida brigada Khamis, formada
por soldados de elite, que fugiram. Foram meses de lutas, para um
desfecho iniciado no final de semana, que surpreendeu a muitos.
Para tal houve o
apoio aéreo da Otan, para conquistarem a cidade petrolífera de Brega,
cujo controle havia mudado de mãos sucessivas vezes durante a guerra.
Tomaram também a cidade estratégica de Zawiya, o que isolou a capital
e as forças pró-Kadafi, enquanto outras cidades mais próximas também
caíam e o cerco se acirrava.
Apoio popular e
esgotamento das forças militares de Kadafi podem ter sido decisivos
para a tomada da capital, minando por dentro a resistência do ditador.
O porta-voz dos rebeldes, Ahmed Omar Bani descreveu à imprensa, ainda
no dia 20, o ânimo da população das cidades vizinhas à Trípoli. “Os
moradores quebraram a barreira do medo e começam a nos ajudar, com
coquetéis Molotov, bombas caseiras e armas”, disse.
Em Benghazi,
centro da rebelião líbia, e na histórica Praça Verde, onde Kadafi
realizava seus comícios na capital, rebeldes e a população se
encontravam para comemorar a queda do ditador.
Há seis meses
quando a revolta do povo tomava as ruas da Líbia, a resposta de Kadafi
foi uma brutal repressão com milhares de mortos. A determinação e a
perseverança dos rebeldes provocam o primeiro desfecho dessa luta, que
vem no esteio das revoluções árabes como Tunísia, Egito e Síria.
Se no começo
desse processo os rebeldes rechaçavam qualquer tipo de intervenção
estrangeira, contaram com ajuda da OTAN. Mas é necessário que percebam
que não foi uma simples ajuda. A intervenção da Otan pretende
controlar a revolução líbia e cooptar o Conselho Nacional de
Transição, a direção política dos rebeldes. Por isso, é necessário não
aceitar essa intervenção e tomar essa luta com as próprias mãos, para
garantir a independência do imperialismo.
Mas qual será o
futuro da Líbia? Apesar da ação da Otan, concretamente estão sendo os
rebeldes que ocupam Trípoli. A direção do Conselho de Transição já
informou que não permitirá a permanência de bases da Otan no país
pós-Kadafi. Por outro lado, as multinacionais já se articulam. Em
negociação com o governo provisório, a italiana Eni já enviou técnicos
ao país para restabelecer plenamente a produção de petróleo.
Com Kadafi fora
de cena, abrem-se duas perspectivas ao país. Continuar com um governo
pró-imperialista, ou avançar a revolução, superando a atual direção do
conselho e expulsando a Otan do país para tornar a Líbia de fato
independente.
Fonte:
CSP-CONLUTAS