MP-520 está entre as quatro que trancam a pauta do Plenário
Quatro medidas
provisórias (MP), transformadas em Projetos de Lei de Conversão (PLV),
trancam a pauta do Plenário e devem ser votadas pelo Senado até
quarta-feira (1/6), para não perderem a validade. Dentre elas está a
MP-520, que cria uma empresa pública para gerir os hospitais
universitários, desrespeitando a autonomia universitária. As demais
são a MP 521, que aumenta o valor da bolsa paga ao médico residente, a
MP 517, que concede incentivos fiscais a vários setores da economia e
a MP 519, que prevê doação de alimento para ajuda humanitária.
Apesar das
mudanças introduzidas na MP 520 pelo relator da matéria na Câmara, o
deputado Danilo Forte (PMDB-CE), docentes e servidores públicos das
universidades avaliam que sua aprovação significará um retrocesso para
a sociedade brasileira, que tem hoje nos 45 hospitais universitários
federais uma grande referência para o atendimento público em Saúde.
Significará, ainda, um retrocesso para as universidades, que perderão
o controle sobre a gestão dessas unidades, responsáveis pela formação
dos estudantes e do desenvolvimento da pesquisa e da extensão na área
de Saúde.
Caráter privado
Entre
as mudanças introduzidas no texto original pelo deputado relator, a
Ebserh será vinculada ao Ministério da Educação e controlada
totalmente pela União. Seguirá as normas de direito privado, terá sede
em Brasília e poderá manter escritórios nos estados e subsidiárias
regionais.
Segundo ele, a
nova empresa assumirá a gestão dos hospitais apenas se as
universidades quiserem assinar com ela contratos nos quais devem
constar metas de desempenho, indicadores, sistema de acompanhamento e
avaliação. O capital social da empresa será representado por ações
ordinárias nominativas, de propriedade integral da União. Os recursos
virão de dotações orçamentárias, bem como da incorporação de qualquer
espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Regimes
diferenciados de trabalho
Os
53,5 mil servidores públicos que trabalham nos hospitais
universitários federais poderão ser cedidos à nova empresa,
assegurados os direitos e vantagens que recebem no órgão de origem. No
caso dos demais 26,5 mil, recrutados pelas fundações de apoio das
universidades, o relator da matéria na Câmara aumentou de dois para
cinco anos o tempo máximo de contratação temporária desses
funcionários sob o regime celetista.
Essas
contratações deverão ocorrer nos primeiros 180 dias da constituição da
empresa e serão feitas por meio de análise de currículo em processo
seletivo simplificado. Até o final desses cinco anos, todo o quadro de
pessoal deverá ser contratado por concurso público de provas e
títulos. Para valorizar o conhecimento acumulado do pessoal atualmente
empregado, a MP autoriza a contagem como título do tempo de exercício
em atividades correlatas ao respectivo emprego pretendido.
Dispensa de
licitação
Os
contratos serão assinados com dispensa de licitação e estabelecerão as
obrigações dos signatários, as metas de desempenho e a sistema de
acompanhamento e avaliação. Os serviços de assistência
médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à
comunidade continuarão gratuitos no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS).
Os deputados
aprovaram, entretanto, um dispositivo que prevê o ressarcimento das
despesas com o atendimento daqueles que têm planos de saúde privados.
Para as universidades, os hospitais continuarão a servir de apoio à
pesquisa, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da
saúde.
Cessão de bens
públicos
Durante a vigência do contrato entre a Ebserh e as universidades, elas
poderão ceder à empresa seus bens e direitos necessários à execução
dos serviços, que deverão ser devolvidos ao término do contrato.
A empresa será
administrada por um conselho de administração, com funções
deliberativas, e por uma diretoria-executiva. Haverá ainda um conselho
fiscal. O texto aprovado prevê que o conselho de administração terá
como membros natos representantes dos Ministérios da Saúde e da
Educação e da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes) e da Federação dos Sindicatos de
Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra).
Outra novidade
introduzida pelo relator na Câmara é o Conselho Consultivo, que terá
representantes do Conselho Nacional de Saúde, do Conselho Federal de
Medicina e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além da Andifes e
da Fasubra. No Senado, a matéria é relatada pela senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR).
(Com informações
da Agência Senado)
FONTE: ANDES-SN