BRASÍLIA –
Depois de ser ocupada por “margaridas” e por sem-terras, a Esplanada
dos Ministérios será, pela terceira semana seguida, palco de
manifestações de movimentos sociais. Desta vez, são os estudantes que
vão pressionar governo e Congresso, com uma marcha na próxima
quarta-feira (31). A União Nacional dos Estudantes (UNE) tem duas
bandeiras principais. Aumentar o investimento em educação para 10% do
produto interno bruto (PIB). E destinar ao setor metade das riquezas
do pré-sal.
Segundo a
entidade, 20 mil estudantes estarão em Brasília participando da
marcha. O ato encerrará um mês de mobilizações estudantis feitas em
todo o país, naquilo que a UNE batizou de “agosto verde e amarelo”.
“Foi neste mês de mais pressão dos movimentos sociais que a nossa
pauta entrou mais no Planalto”, disse à Carta Maior o
presidente da UNE, Daniel Iliescu.
As atividades
terão início às 9 horas, em frente ao Banco Central (BC), onde os
estudantes pretendem se unir a sindicalistas e camponeses, para
protestar contra a alta taxa de juros. No fim da quarta, o Comitê de
Política Monetária (Copom) do BC anuncia se mexe ou não nos juros.
Do Banco Central,
os estudantes seguirão para o Palácio do Planalto, para tentar
entregar a pauta de reivindicações nas mãos da presidenta Dilma
Roussef. Por ora, não há uma agenda marcada da presidenta com a UNE.
Mas, no início do dia, Dilma deve se reunir com o ministro da
Educação, Fernando Haddad, para discutir a situação do setor. “Falta
ousadia para o governo quando a discussão gira em torno dos 10% do PIB
para a educação. Existe, claro, uma melhora no setor, mas ainda é
tímida. Dessa forma, o Brasil desperdiça uma oportunidade única de
investir na juventude e dar um salto significativo na educação”,
afirma Iliescu.
PNE e Pré-sal
Durante a
jornada, a direção da UNE participará de uma audiência pública, no
Congresso, convocada para discutir o novo Plano Nacional de Educação
(PNE). O projeto, que tramita na Câmara dos Deputados, foi construído
a partir das propostas debatidas na Conferência Nacional de Educação,
muitas delas propostas pelo movimento estudantil.
O novo PNE propõe
que o setor público amplie os investimentos em educação dos atuais
4,8% do PIB para 7%, até 2020. Os estudantes, entretanto, reivindicam
que o percentual atinja 10% até 2014. O pleito é ousado. No ano
passado, o gasto federal com toda a área social foi de 15% do PIB,
segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Os 10% do PIB em educação também levam em conta dinheiro estadual e
municipal.
Os estudantes vão
cobrar ainda que a presidenta reveja o veto do ex-presidente Lula ao
trecho da Lei do Pré-sal que estipulava a aplicação de 50% do fundo
social na área da educação, conforme previa campanha lançada em 2009
pela UNE. A proposta foi aprovada pelo Congresso Nacional, mas vetada
pelo poder executivo no final de 2010.
Solidariedade internacional
Os manifestantes
participarão ainda de audiência pública convocada pela Comissão de
Direitos Humanos da Câmara em solidariedade aos estudantes chilenos,
vítimas da truculência do governo daquele país. No último protesto
promovido pelos chilenos em prol de melhorias na educação, na última
quinta-feira (25/8), um estudante foi assassinado e outros ficaram
feridos.
A líder estudantil Camila Vallejo, presidente da Federação de
Estudantes da Universidade do Chile (FECh), participará do ato, que
encerra a Jornada Nacional de Lutas, tradicionalmente promovida pelos
movimentos estudantis, sindicais e sociais, no mês de agosto. Camila
tem recebido ameaças de morte.
Fonte: Carta Maior/ Por Najla Passos.