Manifestantes continuam em Wall Street

A mobilização ganhou apoio de movimentos em diversas outras cidades dos EUA e até do Canadá

Centenas de manifestantes que protestam contra os bancos e a crise econômica continuam pela terceira semana em Wall Street, apesar dos episódios de repressão protagonizados da polícia de Nova York no final de semana. 

No domingo (02), mais de 700 pessoas que participavam de uma marcha foram presas. Os manifestantes cruzavam a Ponte do Brooklyn quando foram detidos pela polícia, que alegou que a manifestação não tinha autorização para ocorrer. 

Um porta-voz do movimento, no entanto, afirmou à imprensa que "desde que caminhemos pela calçada e de maneira ordeira, é completamente legal". Entretanto, a polícia informou que muitos não obedeceram às ordens de permanecer na calçada e foram presos.

John Hildebrand, um jovem de 24 anos de Norman, Oklahoma, disse que chegou a Nova York no sábado, vindo de avião, e afirmou que é professor desempregado. "Minha revolta é com a influência corporativa sobre a política", ele disse. 

"Eu gostaria de eliminar o financiamento corporativo das campanhas políticas". Ele disse voltará para Oklahoma, onde pretende começar um protesto parecido. Um manifestante, William Stack, disse que enviou um e-mail à Prefeitura de Nova York pedindo que todas as acusações contra os detidos sejam retiradas. 

"Não é um crime pedir que nosso dinheiro seja gasto para atender às necessidades do povo e não em empréstimos enormes para as grandes empresas", ele escreveu. "Os verdadeiros criminosos são os executivos de Wall Street, não as pessoas que marcham por empregos, saúde e uma suspensão na execução das hipotecas". 

Segundo a organização dos protestos, o movimento está "defendendo 99% da população americana contra o 1% mais rico". "Não é justo que nosso governo ajude as grandes corporações e não as pessoas", afirma Henry-James Ferry, um dos manifestantes. Ele contou que soube do protesto quando, um dia, deparou-se com uma manifestação do movimento. Indignado com a situação, resolveu "voltar para protestar todo dia". 

Movimento se espalha

A mobilização "Ocuppy Wall Street" (Ocupe Wall Street), iniciada em 17 de setembro, ganhou ao longo dessas semanas o apoio de movimentos em diversas outras cidades dos Estados Unidos e até do Canadá, como Toronto. 

Em Los Angeles, centenas de pessoas fazem marchas diárias e chegaram a montar um acampamento em frente à Prefeitura da cidade para mostrar seu apoio aos manifestantes de Nova York. Segundo Julie Leving, que está acampado, seu objetivo é protestar contra a corrupção e a concentração de renda existentes nos Estados Unidos.

"Nossa situação econômica é horrível. A única coisa que esse país está produzindo é mais guerra. Os trabalhos só estão no exército. É muito, muito ruim. Por isso estamos dizendo 'tirar o dinheiro da guerra, das corporações que se beneficiam da guerra e colocar o dinheiro em empregos aqui'", disse.

Os manifestantes de Wall Street também ganharam o apoio de figuras famosas, como do ator Alec Baldwin, que circula pelos protestos. Baldwin criticou a repressão da polícia nova-iorquina e postou vídeos na internet que mostram policiais jogando gás de pimenta num grupo de mulheres manifestantes. "Isso é inquietante. Eu acho que a Polícia de Nova York está com um problema de imagem", disse.

Em seu blog, o cineasta e ativista Michael Moore publicou uma nota chamando pessoas de todo o país para se reunirem aos manifestantes. Ele considera o fato histórico: “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street”. A manifestação segue sendo ignorada pela "grande imprensa".

Fonte: Brasil de Fato

 


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