Representantes sindicais protestam pela abertura do Hospital
Universitário da UFPI e contra MP-520
Em protesto pela abertura
imediata do Hospital Universitário da UFPI (Universidade Federal do
Piauí), representantes sindicais e estudantis realizaram na manhã
desta quinta-feira (07/04/11) uma manifestação a favor da contratação
de servidores através de concurso público. O ato, que ocorreu diante
do hospital, é contra a criação da Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares S.A. (EBSERH).
A Medida Provisória 520,
criada pelo então presidente Luís Inácio Lula Da Silva em seu último
dia de mandato, autoriza o Poder Executivo a criar uma empresa com a
função de administrar as unidades hospitalares do SUS (Sistema Único
de Saúde), gerindo também os hospitais universitários, federais e
outras instituições congêneres.
Mário Ângelo, presidente da
Adufpi, afirma que o HU possui aparelhos de última geração e que, em
22 anos, já foram investidos cerca de R$ 100 milhões. “A terceirização
significa a precarização do trabalho. Estamos preparando um documento
para entregar aos parlamentares para derrubar essa medida”, conta o
professor.
Coordenador do DCE (Diretório
Central dos Estudantes), Cássio Borges enfatizou a importância da luta
contra a medida. Para ele, o hospital, vinculado à UFPI, é importante
para a formação acadêmica dos alunos e para a sociedade. Diante do
número reduzido de estudantes no ato, José Felipe, membro do Centro
Acadêmico de Farmácia, acredita que, apesar de serem contra a medida e
terem sido mobilizados, “os universitários não têm interesse em lutar
pelo hospital”.
Fábio Furtado, Diretor de
Relações Intersindicais do Sindicato dos Médicos, revela decepção ao
falar do hospital. “Entrei para o curso de Medicina na UFPI no ano de
1991. Eu assisti a construção desse hospital e sonhei em trabalhar
nele. É uma vitória ver o HU pronto e uma tristeza ver a possibilidade
dele ser terceirizado”, conta o médico. Segundo Furtado, faltou uma
mobilização maior, também por parte da sociedade, já que é a grande
interessada na causa.
A Presidente do Simepi
(Sindicato dos Médicos do Piauí), Lúcia Santos, declara tratar-se de
uma questão de saúde e educação a abertura do HU. E questiona: “O
Brasil é o país onde mais se paga impostos. Com a privatização do HU,
a empresa responsável visaria apenas o lucro. Como uma empresa vai
priorizar ensino e pesquisa?”. “Além do mais”, continua a médica, “o
funcionamento público do hospital significa desafogar o restante dos
hospitais de Teresina”.
Hospital Universitário
O Hospital Universitário
possui uma estrutura composta de 24 clínicas, 52 especialidades
médicas com capacidade para fazer 23.440 consultas e 1.450 cirurgias
por mês onde foram investidos desde 2005 até hoje R$ 63 milhões pelo
Ministério da Saúde para construção das obras e compra de equipamentos
que estão sem utilidade.
Segundo o Simepi (Sindicato
dos Médicos do Piauí), a criação da EBSERH impedirá a contratação de
1.111 servidores através de concurso público. Além disso, processos
licitatórios serão dispensados no momento da compra de materiais e
equipamentos e não haverá mais a prestação direta de contas.
O Sindicato exemplifica o
resultado da terceirização na cidade de São Paulo, onde pacientes
aguardam até seis meses para realizar uma mamografia e dois anos para
fazerem uma ressonância magnética.
Fonte:
Portalaz