Universitários mobilizam greve educacional na Espanha
Em Barcelona, milhares de pessoas saíram às ruas sob gritos de
“privatização não”
Assembleias
educativas de universidade públicas e centros de estudo em toda
Espanha convocaram para esta quinta-feira (17) uma greve educacional
sob o lema “a educação não se vende, se defende”. Estudantes e
profissionais do setor protestaram contra os recortes no ensino
universitário. Uma das principais críticas do Manifesto 17-N,
divulgado pelos manifestantes, é com relação à normativa Estratégia
Universidade 2015 (EU2015), elaborada em 2008, que tem como objetivo
“modernizar a instituição de ensino superior espanhola, aumentar a
qualidade do sistema universitário espanhol e conduzir à excelência
através da especialização, da diferenciação, do estabelecimento de
alianças, agregações e internacionalização”. Para os manifestantes, o
projeto EU 2015 nada mais é que um processo de elitização e
emagrecimento da universidade. “Trata-se (de uma medida) para subornar
o sistema educativo aos interesses econômicos e privados, mais uma
imposição da ditadura dos mercados”, diz texto da convocatória.
Em Barcelona,
segundo seus organizadores, cerca 20 mil de pessoas saíram às ruas sob
gritos de “privatização não”. Aulas foram suspensas nas universidades
Pompeu Fabra (UPF), Autônoma de Barcelona (UAB), Politécnica (UPC) e
Universidade de Barcelona (UB). Também houve paralisações nas cidades
de Madri, Lleida e Tarragona.
A estudante Laura
Pascual comentam a sua preocupação: “uma das propostas do governo que
deve ganhar as próximas eleições (Partido Popular ‘PP’) é que a
educação seja privatizada, então teríamos que pagar. Estamos apoiando
o protesto, porque nem todas as pessoas podem pagar os estudos, devido
ao alto índice de desemprego gerado pela crise na Espanha”. De acordo
com o professor de história Xavier Domènech da UAB, “os estudantes
hoje tem uma perspectiva de uma educação com cada vez menos valor, um
mercado de trabalho que não tem vagas – são 5 milhões de desempregados
em todo o país – e uma educação que não está a seu serviço, mas a
serviço de outro interesses”.
Segundo o
secretario de Universidades e Investigação da Generalidade, Antoni
Castellà, a greve das universidades tem uma “visão conservadora”. Em
declaração ele ressaltou ainda a “casualidade” da data tão próxima das
eleições presidenciais do domingo (20).
Fonte: Brasil de
Fato, Théa Rodrigues, Barcelona, Espanha, 17/10/2011.