Governo sofre derrota no Senado e MP 520 perde validade
Num dia muito
confuso, com muitos protestos dos senadores contra o atropelo no envio
de Medidas Provisórias (MP) ao Legislativo, o governo Dilma Roussef
acabou sofrendo uma dura derrota no Senado. Três medidas estavam na
pauta para votação: MP 517, 520 e 521. Entretanto, somente a 517 foi
votada e aprovada. Depois de muito debate, discussões, tumulto, a
presidente em exercício da Casa, Marta Suplicy (PT-SP) encerrou a
votação à meia-noite desta quinta-feira sem voltar a MP 520, que
perdeu validade.
A Medida
Provisória 520, assinada em 31 de dezembro de 2010 pelo presidente
Lula, com a anuência do ministro da Educação, Fernando Haddad, criava
a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), empresa
pública, mas de direito privado, cujo objetivo era de administrar os
Hospitais Universitários. Desde o início, as entidades sindicais,
desde o ANDES, passando pela Fasubra, e nas bases dessas entidades
(Sedufsm e Assufsm), denunciaram o processo de privatização dos HU e
se mobiliaram contrariamente.
A luta das
entidades não foi em vão. Durante o debate nesta noite de quarta, no
Senado, parlamentares se utilizaram de material enviado por
sindicatos. Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou um manifesto contra a MP
assinado por entidades como o ANDES-SN, CSP Conlutas, entre outros.
Num outro momento do debate, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
informou ter recebido um manifesto da Sedufsm apontando as
contrariedades à MP 520.
As críticas ao
conteúdo da MP, especialmente ao fato de ser inconstitucional, por
ferir a autonomia universitária, não foram levantadas apenas por
partidos de oposição como o PSDB, DEM e PSol. Senadores da base
governista também se manifestaram em relação ao mérito da MP.
Roberto Requião
(PMDB-PR) avaliou que a medida era um “equívoco” e que ele tinha
experiência semelhante em seu estado, quando foi governador, o que
desaconselhava a repetição de providência similar em âmbito federal.
Cristóvam Buarque (PDT-DF) lamentou o açodamento na votação de matéria
tão importante, que afetava profundamente o futuro das universidades
federais.
O debate que
precederia a votação da MP 520 iniciou por volta de 21h, com a leitura
do parecer pela relatora, senadora Gleisi Hoffman (PT-PR). Quando
faltavam menos de 30 minutos para encerrar o prazo de vigência da MP,
que era a meia-noite, a presidente em exercício do Senado, Marta
Suplicy (PT-SP), através de um requerimento de senador da base
governista, tentou encerrar a discussão para poder votar a medida
provisória. Houve protestos, tumulto, a sessão foi suspensa por 5
minutos para se tentar um acordo. Reiniciada a sessão, houve mais
algumas manifestações, o horário da meia-noite chegou e a sessão foi
encerrada.
Recado
O
senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a derrubada das MP é um recado
ao governo: na violência, na truculência e no desrespeito às regras
regimentais, todos perdem, e mesmo com a utilização do "rolo
compressor", nem sempre é possível o governo ganhar. Demóstenes Torres
(DEM-GO) disse que a oposição tem o direito de vencer
"regimentalmente" às vezes e criticou a tentativa dos governistas de
atropelar o Regimento Interno para aprovar as MP "à força".
(Com informações
da Agência Senado)
FONTE:
Por Fritz R.
Nunes
Sedufsm