Especialistas questionam ampliação de aterro e cobram política de
redução do lixo no Rio
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Após o anúncio da transferência de parte do lixo produzido na capital
fluminense para um aterro sanitário no município de Seropédica, na
Baixada Fluminense, previsto para entrar em funcionamento no fim do
mês, ambientalistas questionam a ampliação de outro aterro sanitário
na cidade do Rio, o de Gericinó, no bairro de Bangu, na zona oeste.
Com a capacidade acima do limite, Gericinó recebe 3 mil toneladas das
9 mil toneladas de lixo produzidas na cidade (o restante vai para o
aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias) e acumula uma pilha de
lixo de cerca de 50 metros de altura. Por conta da sobrecarga, a
unidade já teve problemas com o tratamento do chorume (líquido
resultante da decomposição de resíduo).
O professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Adacto
Ottoni acredita que a nova área em Gericinó dá mais flexibilidade para
o descarte de lixo. Porém, destaca que a política de gestão de
resíduos da prefeitura deveria se preocupar mais em reduzir a
quantidade de lixo e aumentar a coleta seletiva - que é de 1% do total
- do que buscar novas áreas para despejar resíduos.
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"O problema mais grave não é onde a cidade vai jogar o resíduo, mas o
que vai fazer com esse resíduo. É lamentável descarregar 9 mil
toneladas de lixo no meio ambiente", criticou.
"A meta de reciclar 20% de lixo até 2020 é muito baixa. Temos que
reduzir nosso lixo se quisermos aumentar a vida útil dos aterros",
completou, lembrando que a unidade de Seropédica, construída acima do
Aquífero Piranema, tem vida útil de 20 anos.
Contra a ampliação de Gericinó, o ambientalista Sérgio Ricardo também
cobra uma política de de reciclagem e de aproveitamento do material
orgânico, que diminuiria a quantidade de material a ser aterrado. Além
disso, defende a implantação de usinas de tratamento energético do
lixo em vez de aterros, que seriam a alternativa mais viável do ponto
de vista econômico e ambiental.
"Não é verdade que as usinas sejam mais caras. É um investimento que
se paga em até cinco anos e ainda pode gerar receita para o município
com a venda de créditos de carbono", afirmou. Os aterros sanitários,
explica, geram despesas com os custos de descarte (R$ 80 por
tonelada), com o transporte, além dos danos ambientais com a a emissão
de gases de efeito estufa.
Para cobrar mais esclarecimentos sobre a necessidade da obra em
Gericinó, a Secretaria Estadual do Ambiente cancelou uma audiência
pública prevista para a última quinta-feira (17). A reunião discutiria
com a sociedade a concessão da licença ambiental para ampliação do
aterro em Bangu.
Procurada para esclarecer sobre o projeto de Gericinó e comentar as
sugestões dos especialistas, a Secretaria Municipal do Ambiente não
respondeu à Agência Brasil.
FONTE: JB on line. Por Isabela Vieira.