Egípcio
defende que luta pela democratização do Oriente Médio seja agenda
constante para o ANDES-SN
A democratização
do Oriente Médio é um tema que precisa constar na agenda de todas as
organizações progressistas do mundo, defende o egípcio radicado no Brasil
Mohamed Habib, pró-reitor da Unicamp, que participou da abertura do
Congresso do ANDES-SN com o objetivo de conduzir uma reflexão sobre os
movimentos populares em curso naquela região do planeta.
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A
democratização do Oriente Médio é um tema que precisa constar na agenda
de todas as organizações progressistas do mundo, defende o egípcio
radicado no Brasil Mohamed Habib, pró-reitor da Unicamp, que participou
da abertura do Congresso do ANDES-SN com o objetivo de conduzir uma
reflexão sobre os movimentos populares em curso naquela região do
planeta. |
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"Os
países do Oriente Médio não são democráticos porque isso não interessa ao
imperialismo ocidental. Quanto mais democrática e livre é uma sociedade,
mais ela participa dos processos decisórios e busca decisões mais justas
para todos. Um país desenvolvido jamais vai exportar energia ou água. Irá
exportar material com valor agregado, o que não interessa para o
ocidente/capitalista".
Para o
egípcio, é de extrema importância que uma entidade com o ANDES-SN se debruce
sobre o assunto. "Nós professores, intelectuais, temos o desafio de não
apenas contar o que se passa hoje no Oriente Médio, mas de explicar porque
isso se passa", justificou.
Segundo
ele, desde o início da revolução industrial, o mundo se tornou bipolar. "Há
os povos que dominam e se apropriam do conhecimento, e os povos que fornecem
matéria prima e mão de obra baratas para os primeiros. Esses últimos são 80%
e incluem o Oriente Médio, tradicional fornecedor de petróleo, de energia,
cravado numa região estratégica e de grande importância geopolítica".
Mohamed
Habib lembra que há um outro fator que condiciona a importância da região
para o Ocidente, que é a presença do Estado de Israel. "Desde a 1 Guerra
Mundial, o Oriente Médio sofre influências negativas para atender as
demandas que lhe foram impostas pelo ocidente. O Egito, por exemplo, perdeu
sua autonomia, ficou sujeito a governantes autoritários que, independente
dos regimes, se sustentaram a partir de normas que mantinham a sociedade
desorganizada e utilizavam a corrupção e o nepotismo como instrumento de
controle e opressão".
Organização popular
De
acordo com Habib, as recentes revoltas registradas na Tunísia, no Egito,
Argélia e Iêmen, embora tenham tido um caráter inicial espontâneo,
demonstram que, apesar dos muitos anos de ditadura, os povos árabes ainda
estão articulados para lutar por seus direitos de forma pacífica e
civilizada.
"No
Egito, em especial, os jovens sempre foram a energia nos processos de luta
contra a opressão. As universidades e escolas secundaristas sempre foram
palcos desses movimentos", afirmou, acrescentando que, no caso da revolução
atual, eram justamente esses jovens os que mais tinham motivos para lutar
contra o regime.
"Há
cinco anos, nenhum universitário formado no Egito consegue emprego no país.
A economia está parada, abalada pela corrupção. Quase metade da população
(42%) vive abaixo da linha da pobreza. Enquanto isso, a família do ditador
Mubarak acumulou uma fortuna estimada em U$S 70 bilhões", denunciou.
Mohamed
Habib está esperançoso com a revolução que, primeiro, varreu a ditadura da
Tunísia, depois chegou ao seu país, e, agora, continua, em efeito dominó, a
inspirar mobilizações em outros países como Argélia e Iêmen. Conforme ele,
as forças armadas do Egito têm uma história diferente das da América Latina.
Elas integraram-se com os anseios populares e, por isso, têm legitimidade
para conduzir o país até as eleições democráticas previstas para outubro.
"As
novas tecnologias como a internet e o celular tiveram papel fundamental
nessa revolução, porque espalharam rapidamente para o mundo o que acontecia
no Egito. Precisamos, agora, que o mundo continue apoiando as revoltas do
mundo árabe, para que as populações do oriente médio possam viver com mais
democracia e liberdade".
Fonte: ANDES-SN,
16/2/11.
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