A dura realidade da Educação
Alto índice de analfabetismo é a resposta ao baixo investimento no
ensino público num Brasil desigual
Foi pífia a queda
da taxa de analfabetismo no Brasil nos últimos dez anos: de 13,6%, em
2000, para 9,6%, em 2010. O país continua com um altíssimo número de
analfabetos. Eles são quase 14 milhões de brasileiros, em uma
população de 190.732.694. O Nordeste é a região com a maior taxa:
19,1%. Alagoas é o estado que concentra o maior percentual de pessoas
não alfabetizadas: 22,52%, seguido do Piauí, com 21,14% e da Paraíba,
com 20,2%.
Ainda com relação
à Educação, o Censo 2010 do IBGE aponta o percentual de 3,1% de
crianças e adolescentes de 7 a 14 anos fora da escola. Na faixa etária
dentre 15 e 17 anos, esse número chega a 16,7%.
O Brasil rural
também amarga elevadas taxas de analfabetismo. No campo, a média é de
23,2% de analfabetos com 15 anos ou mais. No nordeste rural, esse
percentual chega a inacreditáveis 32,9%.
Realidade seria
diferente?
Se fossem
aplicados os 10% do PIB para a Educação pública, conforme conforme
indica o movimento social, certamente teríamos escolas mais atrativas
e adequadas, com qualidade para receber e preparar crianças,
adolescentes e jovens para o futuro.
Uma das razões
para que as áreas rurais concentrem um número tão elevado de
analfabetos é a escassez de escolas. Em algumas regiões, crianças são
obrigadas a andar até quatro quilômetros todos os dias para irem e
virem da escola. Além disso, a estrutura precária desses colégios e os
baixíssimos salários dos professores também contribuem para esse
resultado.
Ter um projeto de
Educação que garanta o acesso e permanência de todos nas escolas e
universidades públicas é um objetivo perseguido pelos movimentos
sociais e deve fazer parte da luta diária dos brasileiros.
Qualidade passa pelo financiamento
Hoje, os 4,5% do
PIB destinados à educação são notoriamente insuficientes. A meta do
governo é que cheguem a 7% apenas até 2020! Até lá, gerações
continuarão sofrendo com a precariedade do ensino público. O alto
índice de analfabetismo entre os brasileiros é inversamente
proporcional ao investimento na educação.
Segundo
especialistas na área, como a economista Sandra Quintela, do –
Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul – o dinheiro
destinado a banqueiros é o grande entrave. “É o pagamento da dívida
brasileira que retira da Educação os investimentos necessários para a
melhoria de sua qualidade”.
Colônia tecnológica
Na ocasião de um
seminário de Ciência e Tecnologia em Maringá, em junho desse ano, o
diretor da Adufrj-SSind, Salatiel Menezes, chegou a afirmar que o
Brasil só tem condição de desenvolver-se se apostar na Educação: “Caso
contrário, continuaremos sendo uma colônia. Sempre fomos colônia, só
que hoje, tecnológica. Importamos conhecimento, importamos tecnologia.
Estamos importando até mesmo mão de obra de alta especialização”,
constatou.
De fato, o
desenvolvimento tecnológico também passa, necessariamente, por um
sistema educacional de qualidade e acessível a todos. A transformação
da sociedade e a conscientização das pessoas também passam por uma
educação diferenciada, que leve em conta o ser humano e a construção
do conhecimento. Para isto, também precisamos de professores bem
remunerados, valorizados e incentivados.
Ao fim e ao cabo,
tudo gira em torno do financiamento da área. Fundamentalmente no setor
público, já que o que se deseja é um ensino que seja gratuito e de
qualidade para todos, sem distinção de cor, gênero ou classe social.
A bandeira que
unifica amplos setores da sociedade está representada em torno da
campanha pelos 10% do PIB para a Educação. De acordo com Valério
Arcary, dirigente do PSTU, há 20 anos a esquerda brasileira não
realizava uma campanha com tanto consenso: “Até mesmo alguns setores
conservadores da sociedade tem defendido os 10% para a educação.
Portanto, nossa campanha é forte e tenho certeza que trará resultados
objetivos para a população”, afirmou durante o lançamento da campanha
no Rio de Janeiro, em 23 de setembro.
Fonte: adufrj.