Discurso de Miriam Rios reforça preconceito e opressão!
 

Por Ana Pagamunici

Utilizando o expediente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, no dia 24 de junho, a deputada estadual, Myriam Rios (PDT-RJ) vociferou contra os homossexuais e, ao estilo Flávio Bolsonaro (PP-RJ), reproduziu os mais retrógrados preconceitos.

 

Ao se posicionar contrária à PEC 23/2007, que prevê a inclusão do desrespeito à orientação como uma das formas de discriminação previstas na Constituição Federal, a deputada fundamentou seu voto contrário da seguinte maneira. “Digamos que eu tenha duas meninas em casa e contrate uma babá que mostra que sua orientação sexual é ser lésbica. Se a minha orientação sexual for contrária e eu quiser demiti-la, eu não posso. O direito que a babá tem de querer ser lésbica é o mesmo que eu tenho de não querer ela na minha casa. Vou ter que manter a babá em casa e sabe Deus, até, se ela não vai cometer pedofilia contra elas”. E, disse mais; “não é porque há violência contra os homossexuais que temos de aceitar uma lei como essa [que combate a discriminação], eu tenho meu direito de ser heterossexual”.

 

O discurso de Myriam Rios, em primeiro lugar, é a voz do atraso. Rasga a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que há cerca de 2 meses já decidiu pelo direito ao registro de união estável entre casais homoafetivos. Depois, é o discurso da intolerância, da violência silenciosa que normatiza a heterossexualidade e trata a homossexualidade como doença, associando-a a crimes como o de pedofilia. Mas é também o discurso do patrão, que se utiliza da opressão para ampliar a exploração e, nesse caso, justificar a demissão.

 

Não concordamos com nada do que falou a deputada. Repudiamos veementemente sua postura reacionária e preconceituosa. Afinal, são essas construções ideológicas ditas do mais alto posto do parlamento que sustentam práticas violentas, reforçam a intolerância e o desrespeito. Ajudam a dividir nossa classe e naturaliza o que as estatísticas demonstram, que a cada dois dias um homossexual é assassinado em nosso país.

 

Exigimos a aprovação do PLC 122 (que criminaliza a homofobia) na íntegra, sem qualquer concessão à bancada religiosa, que tenta legalizar atos de homofobia em ambientes de culto, com o apoio de setores do PT. Exigimos da presidenta Dilma que o projeto seja votado e repudiamos sua postura, de transformar em moeda de troca uma reivindicação dos setores LGBT, retirando o projeto de votação para poupar o Palocci de não dar explicações à sociedade sobre o seu enriquecimento pessoal minimamente duvidoso.

 

A CSP-Conlutas coloca na ordem do dia a luta contra a opressão e está organizando uma forte campanha pela aprovação do PLC 122, para que todos que promovam qualquer tipo de violência contra a orientação sexual sejam punidos, para que os patrões não tenham mais armas para explorar e demitir a classe trabalhadora.

 

* Ana Pagamunici – membro da Secretaria Executiva Nacional
 

Fonte: CSP-Conlutas

 


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