Deputado apresenta relatório do PNE e prevê só 8% do PIB para educação
até 2020
Depois de muitos
adiamentos, o deputado Ângelo Vanhoni (PT/PR) protocolou nesta
segunda-feira (5), na Comissão Especial do PNE, o seu relatório para o
Plano Nacional de Educação (PL 8035/10). O parlamentar sugeriu o
aumento, em dez anos, do investimento público em educação dos atuais
5% para 8% do Produto Interno Bruto (PIB). A sociedade civil
reivindicava a aplicação imediata de 10% do PIB, sendo que a proposta
inicial do governo era que fosse aplicado 7%.
Inicialmente, o
próprio relator tinha adiantado, pela imprensa, que incluiriam 8,29%
do PIB para a educação. Segundo os jornais, o Palácio do Planalto era
contra esse índice.
“Infelizmente, o
índice de 8% constitui-se em recuo em relação ao acúmulo de lutas da
sociedade civil, em especial ao consenso produzido no Forum Nacional
em Defesa da Escola Pública (FNDEP), durante a elaboração do
PNE-Proposta da Sociedade Brasileira (1997)”, salienta a 1ª
vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul e integrante do GT de
Políticas Educacionais do ANDES-SN, Laura Fonseca. Dados da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação mostram que é indispensável a
aplicação imediata de, no mínimo, 10% do PIB para que iniciemos uma
educação de qualidade.
O relatório do
deputado Vanhoni propõe a aplicação escalonada dos 8% até 2020, quando
terminará a vigência do PNE. “É bom lembrar que o PNE anterior
propunha chegar a 7% ao final de uma década e, na prática, chegamos ao
final da sua década de vigência praticamente com o mesmo percentual do
PIB que era aplicado no início, abaixo de 5%”, argumenta o 1º
vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch, que participou da
mobilização social realizada na década de 90 pela elaboração do
primeiro PNE.
Outro problema do
relatório do deputado Vanhoni, mas que já estava na proposta original,
é que os 8% não serão usados exclusivamente na educação pública,
podendo ser apropriados pelo setor privatista, como é o caso de
recursos repassados para o Sistema S, no âmbito da educação
profissional.
Para Laura
Fonseca, o fato de o deputado Ângelo Vanhoni não ter acatado a
reivindicação histórica da sociedade civil, fortalece a campanha e o
plebiscito realizado por várias entidades, entre as quais o ANDES-SN,
pela aplicação imediata dos 10% do PIB em educação pública.
“São necessárias
cinco sessões da Câmara dos Deputados para que o relatório seja votado
pela Comissão Especial. Até lá, a sociedade pode se mobilizar e
pressionar os parlamentares para que seja aprovado os 10%”, argumenta
a diretora do ANDES-SN.
Fonte: ANDES-SN,
6/12/11.