Clima tenso marca primeira reunião para discutir carreira
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Após muita discussão, entidades e governo definem calendário para
desenvolvimento dos trabalhos
A primeira reunião entre o ANDES-SN, o governo e entidades
representativas, para discutir a reestruturação da carreira docente
deveria ser para definir calendário e metodologia de funcionamento do
grupo de trabalho. No entanto, o encontro, além de prolongado, foi
marcado pelo clima tenso já no início, quanto os dirigentes do
Sinasefe foram proibidos de participar do mesmo.
Apesar do texto do acordo especificar que comporiam o grupo de
trabalho, o ANDES-SN, o Proifes e demais entidades representativas, o
Secretário de Recursos Humanos do MP, Duvanier Paiva, se recusou a
autorizar a participação do Sinasefe, sob a argumentação de que não
negociaria com grevistas.
Revoltados, os dirigentes das entidades afirmaram que não fazia
sentido o Sinasefe não estar presente na reunião. Diante da confusão,
o representante do MP tentou suspender a reunião, mas as entidades se
manifestaram contrárias, uma vez que o acordo firmado previa que o
encontro deveria acontecer neste dia 14.
Após momentos de muita tensão, foi dado início à reunião. Paiva disse
que abordaria num primeiro momento a portaria que estabelece o grupo
de trabalho e depois o decreto que trata da progressão dos docentes do
Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Ebtt).
Antes de dar continuidade aos trabalhos, o ANDES-SN questionou o
governo acerca da tabela errada, anexada ao projeto de lei que foi
encaminhado ao Congresso, referente ao acordo emergencial firmado no
final de agosto, que não corresponde àquela presente na minuta do
acordo.
O secretário admitiu o erro por parte do MP e sustentou a validade da
tabela do acordo. Paiva se comprometeu a encaminhar documento às
entidades até segunda-feira (19) explicando o erro e qual será o
procedimento para retratação do mesmo.
A segunda questão levantada pelas entidades foi a novidade apresentada
pelo governo na seção 24 do projeto de lei encaminhado no dia 31 de
agosto ao Congresso. O documento estabelece uma nova legislação
referente à insalubridade, alterando o artigo 68 do Regime Jurídico
Único (RJU). Tal questão não foi tratada nem na mesa geral de
negociação dos servidores públicos federais, nem na específica com os
docentes. A nova lei determina valores nominais para a indenização de
insalubridade e desvincula o benefício do vencimento base (VB).
Questionado pelas entidades, Paiva informou que esse assunto foi
tratado no âmbito dos fóruns de saúde dos servidores. Segundo ele, a
questão se refere a gestão de pessoal e não está relacionada com o
acordo específico da categoria docente. O secretário foi enfático ao
afirmar que o governo não mudará sua proposição, a qual vale para o
conjunto dos servidores.
Após muito debate em torno da questão, o representante do governo se
manteve irredutível, afirmando que só se compromete a encaminhar o que
for acordado naquela mesa. De acordo com ele, em outros assuntos, o
governo fará valer sua política.
Frente à postura do secretário, o ANDES-SN ressaltou que o clima posto
na mesa é muito difícil, pois coloca em questão a própria validade do
processo do grupo de trabalho. Para o Sindicato Nacional, a posição do
governo leva a um grave retrocesso em um direito social.
Em seguida, o governo apresentou a regulamentação da carreira de Ebtt.
As entidades questionaram o conteúdo do decreto, que segundo avaliação
exorbita e distorce a legislação, ferindo direitos já garantidos por
lei aos professores.
Diante do exposto, o governo se comprometeu a reunir representantes da
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e da
Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC para avaliar as
proposições e análises críticas das entidades. O tema será retomado
numa reunião específica em 6 de outubro.
Em relação a metodologia para o debate de reestruturação da carreira
docente ficou determinado que o grupo de trabalho terá três
representantes titulares e dois suplentes por entidade. A participação
nas oficinas será aberta. Paiva condicionou a presença do Sinasefe no
grupo ao término da greve da entidade.
Foi acordado que tanto as entidades quanto governo darão ampla
divulgação aos seus relatórios das reuniões.
Confira o calendário do GT e das oficinas:
13/10 - oficina para apresentação das propostas;
27/10 - reunião do grupo de trabalho para problematizar, identificando
convergências e elaborar alternativas (se possíveis) para as
divergências das propostas;
24/11 - oficina para discutir os pontos divergentes;
01/12 - reunião do grupo de trabalho trabalhar a síntese das
divergências buscando afunilar proposições, se possível;
8/12 - reunião da mesa de negociação para avaliação do processo e
elaboração de relatório;
Fonte: Por Renata Maffezoli, ANDES-SN