Reunião de centralização final do plebiscito será neste sábado (17)
A reunião de
centralização dos votos do plebiscito 10% do PIB para a Educação
Pública já será neste sábado (17/12). Por isso é necessário que todos
os comitês regionais, entidades e quem recolheu votos computem os
resultados imediatamente.
O relator da
Comissão do PNE (Plano Nacional de Educação) deputado Ângelo Vanhoni
agendou para o próximo dia 20 a votação do relatório sobre o tema.
Após essa votação na comissão a votação será realizada direitamente no
Senado.
Precisamos ter o
resultado do plebiscito até lá, porque uma comissão de entidades
entregará o resultado da votação à Comissão do PNE.
A imprensa
noticiou que de acordo com a proposta do relator Vanhoni haverá um
aumento para 8% com os gastos em educação. Isto até 2020. Ainda assim,
a afirmação é mentirosa porque este percentual leva em consideração
gastos que não deveriam ser computados.
Leia abaixo o
artigo de Luiz Araújo sobre o tema:
A farsa
Ontem foi a
leitura do relatório do deputado Ângelo Vanhoni sobre o Plano Nacional
de Educação. O texto já estava disponível desde segunda-feira.
Tem muita coisa
pra discutir e vou fazê-lo nos próximos dias, mas adianto comentários
sobre o tema mais importante e mais polêmico, ou seja, sobre a redação
na META 20.
O Projeto enviado
pelo governo trouxe a seguinte redação:
Meta 20 - Ampliar
progressivamente o investimento público em educação até atingir, no
mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.
A sociedade civil
provou por a + b que é impossível executar um PNE que enfrente a falta
de acesso, melhore a qualidade e estabeleça um padrão mínimo de
qualidade com este percentual. Em 2009 o investimento público estava
em torno de 5%. Por isso, com apoio de inúmeros parlamentares foi
apresentada uma proposta de que em 2020 o Brasil aplicaria pelo menos
10% do PIB na educação pública.
Durante todo o
Mês de outubro e novembro o deputado Ângelo Vanhoni ensaiou apresentar
o seu relatório com um percentual intermediário. No início de novembro
chegou a vazar para a imprensa quer seu relatório viria com 8,29% e,
finalmente, depois de infindáveis negociações com a área econômica do
governo, o deputado apresentaria o percentual de 8%.
Na semana passada
presenciei vários parlamentares que apoiam 10% já se conformando com
este percentual menor, fazendo um discurso de que “foi o máximo que
conseguimos”, ou “melhor 8% do que um veto presidencial” e outras
pérolas do tipo.
O texto que
circulou de forma não oficial era o seguinte:
Meta 20: Ampliar
o investimento público direto em educação de forma a atingir, no
mínimo, o patamar de sete por cento do Produto Interno Bruto do País,
no quinto ano de vigência deste plano, e oito inteiros e três décimos
por cento, ao final do decênio.
Porém, para
surpresa e indignação geral dos que lutam por uma educação de
qualidade, este não foi o texto que aparece no relatório. Abaixo a
versão oficial protocolada:
Meta 20: Ampliar
o investimento público total em educação de forma a atingir, no
mínimo, o patamar de oito por cento do Produto Interno Bruto do País,
ao final do decênio.
Não é apenas uma
leve mudança de palavras. É uma tentativa de ludibriar deputados e a
sociedade civil. O “investimento público total em educação”, segundo o
site do INEP, “compreende como Investimento Público Total em Educação
os valores despendidos nas seguintes Naturezas de Despesas: Pessoal
Ativo e seus Encargos Sociais, Ajuda Financeira aos Estudantes (bolsas
de estudos e financiamento estudantil), Despesas com Pesquisa e
Desenvolvimento, Transferências ao Setor Privado, outras Despesas
Correntes e de Capital, ea estimativa para o complemento da
aposentadoria futura do pessoal que está na ativa (Essa estimativa foi
calculada em 20% dos gastos com o Pessoal Ativo)”.
Em 2009 o
“investimento público direto em educação” foi de 5%, sendo 0,98%
feitos pela União, 2,04% pelos estados e 1,94% pelos municípios. Este
tem sido o referencial de todo o debate de elevação do investimento no
PNE. É este dado que está inscrito na Nota Técnica do MEC, nos
discursos do Ministro Haddad e nas análises da sociedade civil.
Em 2009 o
“investimento público total em educação” foi de 5,7% do PIB, sendo
1,2% executados pela União, 2,4% pelos estados e 2,2% pelos
municípios.
O que o relator
negociou com o governo federal é um acordo indecoroso e mentiroso. Ele
não está propondo elevação do percentual de 7% para 8%. Pelo
contrário, ele está propondo, na melhor das hipóteses, manter a
proposta original do governo (7% ao final da década).
É revoltando
assistir esta tentativa de ludibriar a opinião pública.
Com a palavra os
senhores deputados e senhoras deputadas membros da Comissão Especial.
* Luiz Araujo –
Professor, mestre em políticas públicas em educação pela UnB e
doutorando na USP
Fonte:
CSP-Conlutas, 14/12/11.