Cabral diz que errou ao chamar bombeiros do Rio de “vândalos”
O governador do
Rio, Sergio Cabral (PMDB), classificou como “erro” ter chamado de
“vândalos” os bombeiros que invadiram o quartel central da corporação,
no último dia 3, em protesto por melhorias salariais. A declaração foi
dada nesta quarta-feira (29) em entrevista à rádio CBN. Nela, Cabral
também se disse favorável à anistia aos mais de 400 oficiais que foram
presos após a invasão.
“Os dois lados
erraram: por falta nossa de diálogo com o movimento, do movimento, que
errou ao radicalizar e entrar no quartel central, e eu também errei
quando os chamei de vândalos”, disse.
Para Cabral, a
anistia é uma espécie de “mea-culpa” dele em relação à corporação, a
qual chamou de “muito querida” da população. Após a prisão dos
bombeiros, milhares de pessoas foram às ruas do Rio em solidariedade
aos presos; muitos eram funcionários de outros setores do
funcionalismo público estadual.
“Alguns líderes
do movimento erraram e se comportaram mal; alguns líderes agiram mal
ao levar crianças e mulheres [à invasão do quartel]. Mas quando os
dois lados erram, têm que se avaliar”, disse, para quem a discussão
salarial será resolvida “na base do diálogo. E a anistia vai de
encontro a isso”.
Ontem, a
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou o projeto de lei
644/2011 pelo qual fica concedida a anistia administrativa aos mais de
400 bombeiros e também a dois policiais militares presos. Aprovada por
unanimidade pelos 60 parlamentares da sessão, a matéria agora segue
para sanção do governador.
Um grupo de
deputados federais conseguiu na madrugada de hoje um habeas corpus
para soltar os bombeiros, presos no Rio de Janeiro após a invasão do
quartel central da corporação, há uma semana. O desembargador Cláudio
Brandão de Oliveira, que estava no plantão judiciário no Tribunal de
Justiça, assinou a decisão. Segundo o TJ-RJ, os alvarás de soltura
serão expedidos pela Auditoria de Justiça Militar Mais Zulmair
Código de conduta
Nos 23 minutos de
entrevista, o peemedebista também quebrou o silêncio dos últimos dias
sobre a polêmica relação dele com empresários que mantêm negócios com
o Estado e falou sobre a criação de um “código de conduta público”.
O assunto veio à
tona quando o governador foi questionado sobre a viagem que fez a
Porto Seguro em um jato do empresário Eike Batista para a festa de
outro empresário, Fernando Cavendish, dono de empresa contratada pelo
governo do Rio.
A mulher e o
enteado de Cavendish, assim como a namorada do filho de Cabral,
morreram em acidente de helicóptero que resultou em outras quatro
mortes.
Cabral disse que
as amizades nunca influenciaram as decisões de governo e frisou que o
laço mantido com Cavendish é anterior a seu governo.
“Sempre procurei
separar minha vida privada da minha vida pública. De fato há uma
discussão sobre isso e eu quero também assumir este debate de um
código de conduta. Jornalistas também têm esses códigos. Quem sabe não
construímos juntos uma solução para isso? Posso garantir que jamais
tomei uma decisão pública, envolvendo dinheiro público, baseado em
amizades pessoais”, definiu.
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Fonte: CSP-Conlutas