Em audiência na AL, movimentos estudantil e docente discutem carência
de professores nas estaduais do Ceará
Estudantes e professores das universidades estaduais do Ceará
participaram na quarta-feira, 6/7, de audiência pública na Assembleia
Legislativa (AL) do estado para discutir a carência de docentes nessas
instituições. Estiveram presentes na mesa de debate representantes da
UECE, URCA e UVA, além da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação
Superior do Estado (Secitece), do deputado Heitor Férrer, que fez o
intermédio na marcação da audiência, e da deputada Mirian Sobreira, da
Comissão de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que presidiu a
sessão.
O reitor da UECE, Assis Araripe, detalhou a demanda por professores na
instituição. Segundo ele, até 2012, o déficit chega a 312 docentes.
Atualmente, a universidade conta com 256 substitutos, dos quais apenas
92 estão em vagas de professores afastados temporariamente. O
secretário-adjunto da Secitece, Almir Bittencourt, fez uma explanação
que deixou a plenária e os integrantes da mesa insatisfeitos. Segundo
o secretário, um dos motivos da falta de professores é o afastamento
deles para pós-graduação. Ele declarou ainda que os números exatos da
falta de docentes não haviam chegado à Secretaria.
“Atravessamos mais de 600 quilômetros para debater esse assunto que é
tão importante. Já entregamos vários requerimentos ao Estado
solicitando audiência pública. Lamentamos que a Secitece ainda esteja
pedindo os números concretos. Hoje à noite, temos aula sem
professores”, enfatizou a professora da URCA e 1ª secretária do
ANDES-SN, Zuleide Queiroz. Ela lembrou que os dados apresentados pelos
representantes das universidades só suprem o ensino, e não contemplam
a pesquisa e a extensão.
A necessidade de concurso público para servidores
técnico-administrativos também foi pautada na ocasião. A servidora
Liana Rabelo falou sobre a falta de apoio para a categoria, que tem
dificuldades para conseguir afastamento para pós-graduação. “Nós
precisamos criar um quadro de servidores públicos na UECE e incentivar
o Planos de Cargos e Carreira para que o trabalhador possa crescer”,
afirmou Liana ao lembrar que a UECE nunca realizou concurso público
para a categoria.
O professor da UECE, Eudes Baima, chamou a atenção para o absurdo da
pauta da audiência. “Parece que é a primeira audiência que pedimos
para reivindicar isso. Nós precisamos nos reunir diretamente com o
governador e queremos a reposição dos professores para que as
universidades estaduais tenham condições mínimas de funcionar”, disse.
Para o presidente da Seção Sindical da UECE (Sinduece), professor
Epitácio Macário, a audiência pública é resultado das mobilizações
recentes dos movimentos estudantil e docente. Ele citou os atos que
aconteceram este ano, na Assembleia e no Palácio do Governo, além da
ocupação da reitoria do último dia 15, que obteve conquistas junto à
reitoria da UECE. “A mobilização fez com que os dados da carência de
professores viessem à tona e trouxe os professores para a luta. Nós
rompemos o silêncio”, ressaltou.
O professor Epitácio Macário destacou os núcleos de pesquisa que são
desenvolvidos na UECE. Ele afirmou que a universidade tem uma grande
importância social e já formou pesquisadores reconhecidos nacional e
internacionalmente. O presidente da Sinduece salientou também a
importância de fazer a “defesa política da universidade”. Thiago
Nascimento, do Diretório Central dos Estudantes da UECE, lamentou o
abandono dos campi do interior. “Em muitas dessas cidades, a população
não sabe que existe uma universidade lá”, disse Thiago ao relatar suas
viagens como representante do DCE ao interior do Estado.
Outra questão levantada pelo integrante do DCE foi o levantamento das
últimas ações organizadas nas universidades estaduais. “É a quarta vez
que fazemos uma atividade grande este ano. A nossa forma de fazer luta
é pela ação direta. A História mostra que é do nosso jeito que dá
certo”, enfatizou. Ele garantiu que a mobilização dos professores e
estudantes não vai cessar enquanto a pauta não for atendida pelo
governador Cid Gomes. “Se for preciso, nós ocuparemos a reitoria ou a
Assembleia Legislativa. Seremos um carrapato para o governador”,
emendou Thiago.
A audiência saiu com encaminhamentos das discussões. O levantamento da
carência de professores da UECE será referendado pelos deputados, que
devem formar uma comissão na Assembleia para acompanhar esses dados.
Também ficou decidido que os deputados estaduais devem visitar as
unidades do interior do Estado. O deputado Heitor Férrer se
comprometeu ainda a intermediar uma audiência com o governador do
Estado, Cid Gomes.
Fonte: Sinduece - Seção Sindical/ Por Lorena Alves