Ataques aos
direitos dos trabalhadores também atingem aposentadorias
“Os ataques aos aposentados
obedecem à mesma lógica da precarização do trabalho, pois quem não tem
qualidade no trabalho, também não terá uma aposentadoria digna”. Essa
afirmação, da professora Sara Granemann, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), traduziu as discussões realizadas no XVI
Encontro Nacional sobre Assuntos de Aposentadoria, promovido pelo
ANDES-SN nos dias 19 e 20 de novembro, em Brasília, que teve como tema
“Em defesa dos direitos e da qualidade de vida na aposentadoria”.
Além de debater o projeto de lei
1992/07, que cria a aposentadoria complementar para os futuros
servidores, o XVI Encontro debateu temas como a intensificação do
trabalho, inclusive do docente, e as estratégias de luta em prol dos
direitos dos atuais e futuros servidores aposentados.
A primeira atividade do XVI
Encontro, na manhã do dia 19, foi uma palestra do ex-presidente do
ANDES-SN, professor de sociologia da Universidade de Brasília e
estudioso de questões relativas ao trabalho, Sadi Dal Rosso. Em sua
fala, ele mostrou que o horário formal da jornada tem se mantido,
porém, com intensificação do trabalho e a ampliação da exploração
sobre os trabalhadores.
“Havia a ideia de que com a
tecnologia teríamos trabalhos ‘superiores’. Não vejo essa mudança
qualitativa. Ao contrário, na sociedade do conhecimento houve uma
intensificação das formas de trabalho, que ficam mais abrangentes”,
afirmou. De acordo com Sadi, os trabalhadores foram perdendo o poder
de controlar o seu próprio tempo. “Agora, com a tecnologia, são
obrigados a ficar disponíveis para o patrão 24 horas por dia”,
constatou.
Os professores universitários
estão sentindo isso ao serem pressionados a assumir responsabilidades
didáticas frente a um número cada vez maior de alunos e a publicar
mais e mais artigos.
Depois da palestra de Sadi, o 1 º
vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch, falou sobre a
“Importância do servidor público para a sociedade e para o
funcionamento do Estado”. Schuch fez um histórico das lutas no período
constituinte e, depois, como as conquistas foram sendo retiradas por
sucessivos governos. “A realidade atual, em que parcelas das
universidades públicas brasileiras estão sendo empurradas para se
tornarem escolões para formar técnicos, nada mais é do que uma
adequação do governo brasileiro às exigências do mercado por uma mão
de obra barata com diploma”, contextualizou.
A terceira mesa do XVI Encontro
de Assuntos de Aposentadoria debateu “A questão previdenciária no
Brasil e no mundo. Os direitos previdenciários do servidor públcio no
Brasil? PL 1992/07, PEC 555/06 e PEC 270/08”. Os palestrantes foram o
professor da UFRJ José Miguel Bendrao Saldanha, a diretora da
Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do
Brasil) Clemilce Sanfin Carvalho, e a 3ª tesoureira do ANDES-SN, Maria
Suely Soares.
Os três palestrantes mostraram
como se deu o processo de retirada de direitos dos servidores e
apontaram perspectivas para a luta na manutenção das conquistas.
No segundo dia do evento, José
Miguel Brendao tirou dúvidas dos participantes sobre as modalidades de
fundo de pensão existentes e foram trocadas experiências sobre o que
está feito em relação à aproximação das seções sindicais com os
professores aposentados para melhor atender às suas reivindicações e
contribuir para a melhoria da qualidade de vida na aposentadoria.
Na discussão, ficou claro que
essas ações devem sempre apontar para a luta conjunta de toda a
categoria, levando em conta a solidariedade e o fato de que os estados
de ativo ou inativo são períodos na vida docente e faces de um só
vínculo de sua relação com o Estado . Nesta perspectiva, as principais
atividades no momento devem ser em termos de mobilização contra as
investidas do governo. Ao final do XVI Encontro, foi feita a plenária
de encerramento e aprovados os encaminhamentos.
“O debate foi muito bom. Acredito
que saímos mais fortes para enfrentar a base governista e barrar a
tramitação de projetos que ameaçam a aposentadoria dos servidores”,
afirmou Maria Suely.
Fonte:
ANDES-SN, 23/11/11.