Alunos apóiam decisão dos docentes de cancelar vestibular 2012 na
UnB/Ceilândia
Os alunos da Faculdade de Ceilândia (FCE), da Universidade de Brasília
(UnB), continuam firmes no movimento por melhorias na FCE, desde a
ocupação da reitoria na última terça-feira (13). Na sala de atos,
muitos estudantes debatem sobre as últimas atitudes da reitoria.
Atualmente, duas discussões estão em pauta: o cancelamento do próximo
vestibular, deliberado na quinta-feira (15) pelo professores de
Ceilândia, por unanimidade, por achar que não há condição física da
Universidade receber novos alunos; e a tentativa de criminalização do
movimento dos alunos por parte da reitoria. Além disso, discuti-se
também a decisão do reitor de não convocar o Conselho Universitário
(Consuni) para debater sobre o cancelamento do vestibular, exigido
pelos professores da FCE e apoiado pelos alunos.
Já havia sido deliberado que o Consuni seria realizado na quinta, dia
15. Entretanto, o reitor José Geraldo de Sousa Júnior não fez a
convocação. Para o estudante de serviço social, Franklin Rabelo,a
atitude do reitor em não convocar o Consuni é errada. "Isso é um
grande prejuízo. Os professores da Ceilândia, ontem, deliberaram em
colegiado por unanimidade a suspensão do próximo vestibular. É muito
ruim que essa discussão seja feita apenas na FCE. É necessário
estender essa discussão em conjunto com a Universidade de Brasília. A
suspensão do vestibular é uma medida emergencial, grave. Logo, ela não
pode ser isolada. É necessário ter uma discussão com o conselho, para
que todos os conselheiros, representes da comunidade discente e
docente possa dar seu posicionamento e possa referendar essa medida
dos professores de Ceilândia, que achamos correta", observa o
estudante.
Além disso, Franklin comentou sobre a postura da professora e diretora
do Campus de Ceilândia, Diana Lúcia Moura Pinto, que não apoiou a
decisão dos docentes em cancelar o próximo vestibular. "O que não
agradou aos professores do FCE e a nós, foi o fato da professora Diana
ter se posicionado a favor da reitoria, achando que é possível colocar
mais estudantes em uma situação precária".
Segundo os estudantes que estão no local, o reitor não tem negociado
diretamente com o movimento. Boa parte da negociação é feita com o
decano Eduardo Raupp, que recentemente impressionou os manifestantes
com uma declaração. De acordo com Franklin, Raupp chegou a afirmar que
a manifestação "possui pontos inegociáveis e que se o movimento se
pautar por eles, o movimento pode ocupar esse salão para sempre".
A posição do decano gerou uma grande indignação entre os alunos. Para
o aluno Bruno Fideli, estudante de saúde coletiva, a postura do decano
é muito intransigente. "Muito me admira que no começo desse processo
de ocupação, a reitoria ter colocado como ponto fundamental o diálogo,
mas nesse momento, quando o diálogo é crucial para a gente, ela tenha
rompido o diálogo de forma tão abrupta", afirma Fideli.
Bruno fez, ainda, questão de apoiar a deliberação pelo cancelamento do
vestibular pelos professores da FCE. Segundo o aluno, "nós não
apoiamos o cancelamento do vestibular só por apoiar. Sabemos que isso
afeta muita gente. Mas não podemos aceitar que entrem mais pessoas um
uma faculdade que não consegue comportar os estudante que já tem. Não
há estrutura para mais alunos. Não há prédios, salas. Só há
promessas".
Por fim, a atitude da reitoria em criminalizar o movimento espantou
aos alunos. Para Franklin, já se sabia que seria difícil dialogar com
a reitoria, mas essa atitude foi repentina e não condiz com o passado
do reitor José Geraldo.
"Nem na ocupação de 2008, que houve excessos mais grave do que o
ocorrido no dia 13, a reitoria foi tão intransigente a ponto de
criminalizar um movimento social estudantil. Pra gente não faz o menor
sentido que o reitor José Geraldo, que construiu sua trajetória
política pautando a discussão com os movimentos sociais, o diálogo,
que criou teorias no campo do direito para defender a pauta dos
movimentos sociais, tenha uma decisão tão arbitrária a ponto de
criminalizar o movimento dos estudantes, afirmando que essa
mobilização é ilegítima", observa Franklin.
Com informações e foto da Adunb - Seção Sindical do ANDES-SN
Fonte: ANDES-SN