Evento da Aduneb debate experiências de autonomia em Universidades
Brasileiras
A Mesa Redonda
“Autonomia Universitária” deu início às atividades do III Congresso da
Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia – Seção
Sindical do ANDES-SN (Aduneb), realizado entre os dias 27 e 29 de
outubro. A mesa contou com a presença dos palestrantes José Cristóvão
de Andrade (Aduepb); Denny Willian da Silva (Adunicentro); Antônio
Andrade (Adunesp); Sandra Simone Queroiz Morais Pacheco (UNEB – Campus
I DCV). Os professores historicizaram o debate da Autonomia
Universitária no Brasil e no Mundo, bem como relataram as respectivas
experiências do movimento docente na luta por uma Universidade
Autônoma.
Sandra Pacheco
destacou a experiência da UNEB no que diz respeito à Autonomia
Universitária. A professora que trabalha na instituição desde 1989
historicizou a ingerência dos governos desde o nascedouro da
Universidade do Estado da Bahia, resgatando que a sua própria fundação
foi um ato autoritário. “O surgimento da UNEB é um bom exemplo para
identificar a relação do Estado com a UNEB. A Universidade do Estado
da Bahia foi fundada por um decreto do Governo, sem qualquer discussão
com a sociedade baiana e a existência de um projeto Institucional”,
afirma Sandra.
Em sua fala, a
professora citou a expansão desordenada da UNEB como fruto da política
clientelista dos governos baianos e mais um elemento de total
ingerência do Executivo nos assuntos da Universidade. Os projetos de
Fundação de Apoio, os Conselhos Departamentais, a Lei 7176/97 e
ausência de um assento da Aduneb como conselheiro do CONSU foram
outros exemplos citados pela professora como aspectos da Gestão,
Financiamento e política didática – científica da Universidade que
interferem na Autonomia da UNEB.
Pacheco destacou
ainda que o Governo Wagner, apesar de anunciar como proposta
eleitoral, em 2005, a revogação da Lei autoritária 7176/97, também foi
uma decepção no que diz respeito à relação do Estado com a
Universidade. “Além de não cumprir sua promessa de revogar a Lei, o
Governo Wagner aumentou a ingerência nos assuntos da Universidade,
inclusive retirando direitos dos docentes garantidos pelo Estatuto do
Magistério Superior”, argumentou a professora.
O professor
Antonio Andrade, diretor da Adunesp, destacou o papel do movimento
sindical nos avanços que as Universidades paulistas obtiveram no que
diz respeito à autonomia. “No final dos anos 80, a unidade dos
professores e técnicos em torno da democracia interna foi fundamental
para a conquista da Estatuinte. Estatuinte esta que garantiu a
presença de professores, estudantes e técnicos, com paridade
proporcional, nos órgãos colegiados da Universidade”, exemplificou
Andrade.
Na sequência da
explanação, o professor José Cristóvão, da Aduepb, abordou o papel
histórico das Reitorias em contribuir com a ingerência dos Governos
nos assuntos da Universidade. “Transformar a Administração central da
Universidade em troca de favores entre Reitoria e Governo é um dos
elementos que explicam a relação de subserviência das Reitorias ao
governo. Os Reitores, na maioria das vezes, não batem pé firme nas
decisões tomadas pela Universidade”, explicou Cristovão.
Denny da Siva,
diretor da Adunicentro, argumentou que o autoritarismo na gestão e a
intervenção do Estado na Universidade estão relacionados à história da
democracia no nosso país. “O período democrático no nosso país é muito
curto e contraditório, e isso tem reflexo nas estruturas das nossas
Universidades. No Brasil, ainda temos que combater o absolutismo
Universitário”, afirma o professor.
Para a diretoria
da Aduneb, o debate foi muito rico e cumpriu o seu papel de ajudar as
discussões nos Grupos de Discussão.
Apresentação das
Teses e GDs aprofundaram os debates
Ainda no primeiro
dia, após a votação do Regimento do Congresso, iniciou-se a discussão
das Teses. Foram cinco contribuições apresentadas sobre os diversos
temas pautados no congresso: Conjuntura, Autonomia e Financiamento da
Educação; Autonomia e qualidade do trabalho docente e a relação entre
Autonomia e Gestão.
As teses e as
Resoluções propostas foram discutidas nos Grupos de Discussão (GDs)
que aconteceram no dia seguinte, 28 de outubro, pela manhã e pela
tarde. A programação de um dia inteiro para os GDs fez parte da
concepção do Congresso em priorizar as discussões e os debates entre
os delegados.
Plenária Final
delibera os rumos do movimento docente da Aduneb para o próximo
período
O último dia do
Congresso, 29 de outubro, foi o momento de deliberar sobre os rumos do
movimento docente, suas bandeiras de luta e as principais
reivindicações para os próximos 2 anos, prazo para a realização do
próximo Congresso.
Entre os eixos do
Plano de Lutas aprovado na Plenária Final do III congresso da Aduneb
destaca-se intensificar a luta contra o contingenciamento das
Universidades; lutar pela garantia de recursos do Estado, suficientes
para o pleno funcionamento das atividades fins das Universidades
Estaduais da Bahia (UEBA) garantindo a vinculação de, no mínimo, 7% da
RLI, com revisão a cada dois anos; e buscar sempre a unidade com os
demais setores da comunidade acadêmica das UEBA na luta em defesa das
Universidades Estaduais.
O congresso
deliberou, ainda, exigir da Administração central transparência na
distribuição e execução orçamentária destinada à UNEB e solicitar ao
CONSU que determine, via resolução, a publicação trimestral dos
relatórios analíticos financeiros dos recursos destinados aos órgãos e
departamentos da UNEB, bem como o acesso dos docentes ao Sistema
Integrado de Planejamento (SIP).
Todas as
resoluções aprovadas serão divulgadas em um prazo de 30 dias, conforme
Regimento do Congresso. Como não houve tempo hábil para votar todas as
resoluções, a plenária final deliberou que as TRs relacionadas à
Autonomia e Gestão da Universidade e ao Estatuto da Aduneb serão
votadas em uma assembleia geral docente agendada para o dia 16 de
novembro.
Para a diretoria
da Aduneb, o Congresso foi um espaço político importante para
categoria discutir sobre a Autonomia Universitária e avaliar as
experiências de outras universidades. Como instância máxima de
deliberação dos rumos do movimento docente no âmbito da UNEB, o
Congresso possibilita maior engajamento da categoria nos
direcionamentos das lutas travadas pelo Sindicato e nas ações
empreendidadas no próximo biênio.
Edição: ANDES-SN
Fonte: Aduneb -
Seção Sindical