WikiLeaks: Para EUA, polêmica fez Vaticano vetar ligação com memorial do Holocausto
Tensões envolvendo a atuação do Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial levaram o Vaticano a desistir de assinar um acordo para passar a integrar uma organização internacional em memória do Holocausto, sustentam diplomatas americanos segundo documento vazado pelo WikiLeaks. De acordo com reportagem do jornal britânico "Guardian", a número dois da embaixada dos EUA no Vaticano, Julieta Valls Noyes, afirmou que a Santa Sé voltou atrás em relação a um acordo prévio, por escrito, que o tornaria observador na organização. Em outubro de 2009, Julieta informou que os planos do Vaticano para assumir o status de observador na Força Tarefa para Cooperação Internacional na Educação, Lembrança e Pesquisa do Holocausto (ITF, na sigla usada no telegrama) "desmoronaram por completo (...) devido ao recuo" da Santa Sé. No mesmo documento, ela diz não saber se a decisão estava ligada ao novo ministro de Relações Exteriores do Estado, Ettore Balestrero, que classificou como "relativamente inexperiente". Santa Sé temeria pressão sobre arquivos A diplomata afirma que a desistência pode indicar que o Vaticano "talvez (...) esteja recuando devido a preocupações sobre pressão da ITF sobre registros confidenciais do pontificado do Papa Pio XII na Segunda Guerra". Há tempos uma polêmica envolve o pontífice por ele não ter denunciado o Holocausto publicamente entre 1941 e 1942, quando a Santa Sé se pronunciou pela primeira vez. Antes de se tornar Papa, ele serviu como embaixador do Vaticano em Berlim. Alguns grupos judeus acusam Pio XII de antisemitismo. Seus defensores, entre os quais há muitos judeus, afirmam que mais resistência ao nazismo teria sido pior, já que na Holanda, por exemplo, houve mais deportações após uma denúncia contra o nazismo feita pela Igreja.
Fonte: O Globo, 22/12/10.
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