Via Láctea é galáxia 'esquisita', diz estudo

 

Só 7% dos conjuntos estelares vizinhos são parecidos com o nosso, segundo franceses.
Calma relativa explicaria fenômeno e ajudaria a elucidar a presença de vida

Foto: Divulgação/Nasa
Via Láctea: sozinha num Universo lotado?
 

A Via Láctea é menos normal do que se pensava, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira por astrofísicos franceses, que a compararam com galáxias próximas.  

Só 7% das galáxias vizinhas têm propriedades similares às da galáxia que abriga Sistema Solar, segundo informe do Observatório de Paris, cujos equipamentos foram usados para esse estudo.  

Como a maioria das grandes galáxias, a Via Láctea tem formato em espiral com um grande disco em rotação ao redor de um núcleo.  

Mas seu raio e sua quantidade de estrelas são a metade do encontrado nas galáxias clássicas, como a de Andrômeda. Seu halo também é fora do comum porque as estrelas que o formam têm poucos elementos pesados.  

Para os cientistas franceses, essas singularidades se explicam pelo fato de que a Via Láctea sofreu poucas fusões com outros conjuntos de estrelas nos últimos 10 bilhões de anos.  

Segundo o observatório, essa "calma" poderia constituir uma condição especialmente favorável para o aparecimento da vida.

 

Fonte: G1 e France Presse, 13/6/07.

 


ESTRELAS 'MAIS EVOLUÍDAS' DA VIA LÁCTEA SÃO RICAS EM RUBÍDIO

Descoberta confirma que este tipo de estrela teria "contaminado" a nebulosa da qual
surgiu o nosso Sistema Solar

Um grupo de cientistas, na maioria espanhóis, descobriu que as estrelas "mais evoluídas" da Via Láctea são "altamente" ricas em rubídio, o que confirma uma teoria de 40 anos sobre a existência desses astros, que têm massa de quatro a oito vezes maior que o Sol. 

Os resultados do trabalho, que foram publicados nesta quinta-feira na revista "Science", confirmam que este tipo de estrela teria "contaminado" a nebulosa da qual surgiu o sistema solar, o que poderia ajudar a compreender a evolução química da galáxia. 

Participam da pesquisa cientistas da Agência Espacial Européia (ESA), em Madri, do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), em Tenerife, e do Instituto de Ciências do Espaço (ICE), em Barcelona. 

Um dos responsáveis pelo estudo, o cientista Pedro García-Lario membro da ESA em Madri , disse à Efe que os pesquisadores observaram cerca de 100 desses corpos celestes ricos em rubídio. 

García-Lario afirmou que estes astros estão na fase anterior à formação das nebulosas planetárias, ou seja, na primeira fase de sua morte como estrelas anãs brancas. O cientista disse que, embora sua existência tenha sido prevista há 40 anos pelas teorias de nucleossíntese estelar, a descoberta significa "a primeira evidência" com dados de que essas estrelas produzem grandes quantidades do variante radioativo 87 do rubídio, um metal alcalino de cor branco-prateada. 

Segundo o cientista, esses grandes corpos celestes experimentam uma "intensa perda de massa que é expelida para fora", contribuindo com isso para o "enriquecimento do meio interestelar". "Por isso, entender qual é a composição química do material expelido no final de seus dias é crucial para prever a evolução química de nossa galáxia", disse. 

García-Lario disse também que o trabalho poderia ter "grandes implicações" no estudo das origens do sistema solar, já que algumas "anomalias químicas" observadas em meteoritos primitivos seriam "resíduos" deste tipo de estrela maciça próxima ao Sol durante a formação do sistema solar. 

Colaboraram para a investigação instituições científicas como a Universidade de Montpellier, na França, e o Observatório Astronômico de Roma. Foram usados mais de cem espectros ópticos de alta resolução obtidos com telescópios do Observatório de Roque de los Muchachos, das ilhas Canárias, Espanha; e de La Silla, no Chile.  

Fonte: G1, 9/6/07.


UNIVERSO JOVEM JÁ TINHA GRANDES GALÁXIAS PARECIDAS COM VIA LÁCTEA

No Chile, grupo de astrônomos fez a observação mais detalhada até hoje da formação
de grande galáxia em espiral, como a Via Láctea

Em algum lugar das montanhas chilenas, um grupo de astrônomos deve estar comemorando. E não sem motivo. Com apenas um estudo, eles alcançaram três importantes vitórias para a astronomia: fizeram a observação mais detalhada até hoje da formação de uma galáxia parecida com a Via Láctea; descobriram que esse tipo de galáxia existia mesmo nos primeiros momentos após a formação do Universo; e demonstraram o poder dos telescópios de nova geração. 

No Observatório Austral Europeu – localizado no monte Paranal, no norte do Chile -, os astrônomos utilizaram um de seus quatro supertelescópios (que, não por caso, recebem o nome de VLT, sigla em inglês para “telescópio muito grande”) e uma tecnologia que corrige as distorções causadas pela atmosfera terrestre para observar uma longínqua galáxia, conhecida como BzK-15504. 

Observar algo tão distante da Terra significa poder observar como era o Universo apenas três bilhões de anos após o Big Bang e com menos de um quinto de sua idade atual. Isso porque, quanto mais longe estão as estrelas que formam uma galáxia, mais tempo demora para sua luz chegar até aqui. As emissões das estrelas da BzK-15504 captadas hoje pelos telescópios de Paranal foram feitas há mais de dez bilhões de anos.  

Os astrônomos acreditavam que galáxias como a Via Láctea (ou como a NGC 908, na foto) eram raras em um universo tão jovem. Grandes galáxias espirais com discos bem definidos, como ela, só se formariam muito mais tarde, segundo eles. Mas a BzK-15504, mesmo nascendo tão cedo – em termos astronômicos – se mostrou quase idêntica à Via Láctea tanto em termos de formato quanto de tamanho e massa. 

Apesar de tantas similaridades, é bom prestar atenção no “quase”. Em comparação com os padrões atuais, a formação de estrelas nessa galáxia ocorreu em uma velocidade cerca de 50 vezes maior que na Via Láctea. Mas, mesmo tão jovem e turbulenta, ela mostra que galáxias grandes e maciças galáxias são mais velhas do que os astrônomos pensavam.

 

Fonte: G1, 16/8/07.

 

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