Vexame duplo
Deputados caem no
abismo do descrédito ao absolver colegas
O Professor Luizinho recebeu 20.000 reais do valerioduto, colocou a culpa em um assessor e escapou com os votos de 253 deputados, contra 183 que defenderam a cassação. Brant recebeu 102.000 reais de Marcos Valério para sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004. Confessou o recebimento, mas alegou que o dinheiro fora doado ilegalmente pela Usiminas – Valério fora apenas um canal. Conseguiu o apoio de 283 colegas, contra apenas 156 favoráveis à cassação. Com a dupla absolvição, a Câmara passa a mensagem de que utilizar caixa dois não é um problema desde que os valores provados sejam pequenos.
ideal seria que ela
fosse resolvida também no âmbito parlamentar. Mas dia após dia os
parlamentares dão a demonstração de que preferem passar uma borracha sobre
os crimes dos colegas e deixar tudo como está – e a opinião pública que se
lixe. Em uma crise de magnitude semelhante, a dos anões do Orçamento, no
início da década de 90, os deputados conseguiram estancar o sangramento
institucional, cassando seis parlamentares e provocando a renúncia de
quatro. Na crise atual, apenas dois deputados foram cassados – o petista
José Dirceu e o petebista Roberto Jefferson. Quatro já foram absolvidos,
quatro renunciaram e outros nove ainda serão julgados, e muito provavelmente
absolvidos. Em outra mostra de que os políticos querem abafar as
investigações, foi descartada na semana passada a prorrogação da CPI dos
Correios para investigar os novos suspeitos de terem se beneficiado do
mensalão II. Fonte: Rev. Veja, Ed. 1947, 15/3/06. |