Universidade não melhora conhecimento geral

 

Cursar a universidade e estar prestes a se formar melhora pouco ou quase nada o nível de conhecimento geral dos alunos brasileiros. É o que indicam os resultados do primeiro Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), teste do Ministério da Educação (MEC) que substituiu o extinto Provão no ano passado. Nos cursos de 13 áreas, a maioria de saúde e ciências agrárias, alunos do primeiro ano tiveram desempenho próximo ao de colegas do último ano na prova de formação geral.

Em 246 cursos, sendo 40 deles de medicina, os calouros alcançaram médias maiores do que os formandos. Até mesmo na parte específica do exame, em que as questões tratavam do conteúdo próprio de cada curso, 9,8% dos estudantes de primeiro ano foram melhores do que os concluintes.

Novo teste avalia quem cursou de 7% a 22% do currículo

Os resultados do Enade 2004 foram divulgados ontem pelo ministro da Educação, Tarso Genro. Pela primeira vez foi possível comparar o desempenho de quem está no início e no fim do curso. O Provão só avaliava os formandos, mas o novo teste é feito tanto por alunos que cursaram apenas entre 7% e 22% do currículo quanto pelos que já passaram por mais de 80% das disciplinas.

- É muito pequeno o acúmulo de conhecimento geral no nível superior - disse o ministro da Educação, Tarso Genro, aproveitando para defender sua proposta de reforma universitária que prevê a criação de um ciclo básico nos cursos de graduação em todo o país, com o intuito de sanar deficiências de formação básica dos calouros.

Aplicado em novembro, em 2.184 cursos públicos e privados em todo o país, o Enade teve 40 questões: dez de caráter geral e 30 específicas. A parte geral da prova foi igual para os alunos de todas as 13 áreas. As perguntas tratavam de temas contemporâneos, como globalização, ética e violência urbana. O ponto de partida podia ser uma charge de Millôr Fernandes ou uma notícia de jornal.

Alunos de medicina tiveram maiores médias nos 2 grupos

Na prova de formação geral, os alunos de medicina alcançaram as maiores médias entre os ingressantes (53,5, numa escala de zero a cem) e formandos (56,3). Os estudantes de serviço social ficaram com as médias mais baixas nos dois grupos: 24,7 para os ingressantes e 28,1 para os concluintes.

O desempenho médio dos formandos de serviço social foi pior do que os calouros de todas as demais 12 áreas, na prova de formação geral. Em medicina, os calouros de 40 dos 89 cursos avaliados também superaram os formandos.

Na prova de conhecimentos específicos, 22,6% dos calouros de educação física foram melhor do que os formandos. Esse percentual atingiu 28,7% em terapia ocupacional.

Participaram do Enade 2004 140.340 alunos (83.661 ingressantes e 56.679 concluintes) de agronomia, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia. O teste foi por amostra, de modo que os 140 mil estudantes representavam um universo de 250 mil universitários das 13 áreas no país.
 

Fonte: O Globo, 04/05/2005.


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