Brasil
Vítima da guerrilha recebe um terço do que o governo paga ao terrorista que o mutilou
Depois do atentado, Diógenes ainda participou de cursos de treinamento em explosivos em Cuba, atacou quartéis do Exército e esteve envolvido na execução de um americano considerado suspeito. Preso, ele foi torturado pelos agentes do governo e, depois, libertado em troca do cônsul do Japão em São Paulo, que havia sido seqüestrado pela guerrilha. O terrorista fugiu para o México, viveu na Europa e passou três anos na África. De volta ao Brasil, foi filiado ao PT até sua voz aparecer em uma gravação na qual pedia ao chefe da polícia do Rio Grande do Sul que aliviasse a repressão aos bicheiros gaúchos. Desde 2002, existe uma lei que garante aos anistiados políticos uma reparação financeira por eventuais danos ou abusos cometidos pela ditadura militar. Por mais absurdo que isso possa parecer, portanto, a indenização paga pelo governo a Diógenes Oliveira, o terrorista que matou e mutilou um inocente, é perfeitamente legal, embora possa ser considerada injusta.
Lovecchio Filho, a
vítima que foi mutilada, teve de abandonar o curso de piloto, estudou
administração, montou uma empresa e faliu quando Fernando Collor confiscou a
poupança. Hoje, separado e pai de um filho, trabalha como corretor de
imóveis no litoral paulista. Ao saber do prêmio dado ao terrorista, ele
apenas lamentou e disse que já escreveu três cartas ao presidente Lula para
pedir que seja criada uma lei que garanta os mesmos benefícios às vítimas da
guerrilha. "Não quero vantagem nenhuma. Só igualdade e justiça", diz ele. As
cartas nunca foram respondidas.
Fonte: Rev. Veja, Alexandre Oltramari, ed. 2052, 19/3/2008.
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