O terror
contra o saber
Braço feminino do
MST
destrói laboratório com mais de
uma década de pesquisas
Vandalismo: 2 000 sem-terra do Movimento de Mulheres Camponesas
invadiram a Aracruz. |
As
queimas de livros durante a Inquisição e no regime nazista de Adolf
Hitler já mostraram ao mundo como o obscurantismo é incapaz de conviver
com o conhecimento. Na semana passada, uma horda de 2.000 militantes de
um chamado Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) reproduziu um pouco
dessa bestialidade ao invadir e destruir um centro de pesquisas da
companhia Aracruz no município de Barra do Ribeiro (RS), a pouco mais de
50 quilômetros de Porto Alegre. |
Foi a maneira que
esse braço até então desconhecido do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) armou para celebrar o Dia Internacional da Mulher – e
estrear na prática medieval das invasões bárbaras. Aproximadamente 1
milhão de mudas, já prontas para o plantio, foram perdidas, assim como
os computadores, os arquivos e as instalações dos laboratórios. Mais
difícil é calcular a perda do valioso resultado de anos de pesquisa. As
vândalas do MST aniquilaram material genético que vinha sendo
desenvolvido havia mais de uma década. Algo a lamentar num país que
investe tão pouco em tecnologia. A ação, que pegou as autoridades
gaúchas de surpresa, vinha sendo preparada havia dias, como ficou claro
pela notícias divulgadas no site da organização. Camponesas sem-terra do
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina reuniram-se, conforme o combinado,
em Tapes. No início da madrugada do dia 8, seguiram, em cerca de
quarenta ônibus alugados, para Barra do Ribeiro, onde fica o horto
florestal da Aracruz. Por volta das 5h, renderam dois vigias desarmados
e arrasaram a obra de toda uma vida de trabalho de pesquisadores. Depois
do ataque, o bando seguiu para a Conferência Internacional sobre Reforma
Agrária – evento promovido pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) e financiado pelo governo brasileiro.
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A Aracruz Celulose faz
parte do grupo de excelência no mundo empresarial brasileiro. É líder
mundial na produção de celulose de eucalipto, matéria-prima para a
fabricação de papel. Em 2005, exportou 830 milhões de dólares, trazendo
importantes divisas para a economia nacional. A empresa, controlada por
capital brasileiro, só chegou a essa posição de destaque no disputado
mercado internacional graças ao investimento de anos em tecnologia de ponta
e produtividade. Os sem-terra têm muito que aprender com a Aracruz. Afinal
de contas, é o avanço tecnológico que permite à empresa elevar a produção
sem agredir o meio ambiente. Mas não é esse o objetivo de gente como João
Pedro Stedile, que, orgulhoso, elogiou as "companheiras" criminosas. O ódio
do líder dos sem-terra ao laboratório da Aracruz é coerente com seu
conhecido desprezo à eficiência tecnológica dos agricultores assentados pelo
programa de reforma agrária – gente que ele diz defender. Para Stedile,
eficiência é apenas um capricho burguês. Que ele não tenha ainda sido
processado por incitação ao crime é uma afronta à democracia brasileira.
Irracionalidade histórica: Hitler ordenou a queima de
milhares de livros indesejados pelos nazistas. |
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Fonte: Rev. Veja, Ed. 1947, 15/03/2006. |